CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA EJA
Por: Jose.Nascimento • 21/11/2018 • 2.854 Palavras (12 Páginas) • 264 Visualizações
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nacional, com isso surgiu movimentos e campanhas para alfabetizarem adultos e adolescentes, e neste período, a EJA está dentro do contexto educacional. Muitos organizados por voluntários, outros com vínculos governamentais, mas correspondia a uma ampliação de estudantes e por uma questão política partidária aumentando-se os números, de eleitores, pois até então analfabeto não tinha direito ao voto.
Nesse entendimento Sauner afirma que havia “dificuldade de aceitar o voto do analfabeto, só recentemente admitido na legislação” (SAUNER, 2010, p. 47).
Nos programas com vínculo governamentais a preocupação não era uma educação humanizadora, mas sim o implemento de programas de alfabetização funcional no sentido quantitativo e não visava qualidade do ensino mas a preocupação era somente o domínio dos códigos da língua escrita.
Estes projetos vêm sendo aplicado até hoje de forma e tempos diferentes, mas continua não atendendo a necessidade dos educandos visando somente o interesse político, onde acabam não correspondendo às necessidades dos estudantes da EJA. Nesse sentido Tiepolo afirma que o estudante adulto “possui uma rica experiência de vida não domina apenas uma parte dos códigos do mundo -a linguagem escrita- porém podemos dizer que ele é em certa medida, mais letrado do que algumas crianças e jovens que se apropriaram de uma escrita meramente escolar” (TIEPOLO et.al., 2009, p. 128).
Atualmente as campanhas são expressões pouco usadas, mas os programas continuam, e com objetivo de atender os estudantes adultos. Este não tem uma política pública que assegure o direito do adulto – idoso a prosseguir seus estudos dos demais.
Souza (2011, p. 159) explica que:
As ações de alfabetização da educação de jovens e adultos, posto não haver políticas públicas que assegurem articulação efetiva ente fase de mobilização – representada pela alfabetização – e a de continuidade, a qual deveria assegurar o acesso universal dos jovens e adultos ao ensino fundamental e médio na modalidade EJA.
Esta realidade fundamenta-se em Sauner (2010) nesta afirmação, que a escolarização de jovens e adultos no Brasil ainda “é uma história de contradições e desacertos que ocorrem desde a tarefa de a que se impuseram os nossos colonizadores diante do desfio de “civilizar” as populações nativas das terras “descobertas”“. (p. 50). Estes consideravam que eles não sabiam nada, tinham que ser “educados”.
A cultura, os costumes, a religiosidade, a forma de trabalhar, ou seja, a maneira como eles viviam, foi desvalorizada e impôs novos costumes europeizados sem se preocupar com as necessidades e interesses de quem era atendido nas escolas, mas para completar os desejos da Coroa Portuguesa e da igreja. Tal educação verifica-se nos estudos de Sauner (2010, p. 50) na afirma que:
Aparentemente, a obra jesuíta caracterizou-se por uma educação democrática, cristã, universalizadora e brasileira com o objetivo de moldar uma nova sociedade, mediante a ação educativa, mas, no entanto, percebe que a vocação dos jesuítas era outra certamente, não a educação popular primária ou profissional, mas a educação das classes dirigentes, aristocratas, com base das humanidades clássicas.
A intencionalidade da Educação de Jovens e Adultos daquela época era puramente o poder de dominação através de catequização obrigando os povos que já habitavam no Brasil a seguir as crenças e costumes trazidos pelos europeus; e assim podiam escravizá-los.
A falta de sintonia das ações educativas com a necessidade da população atendida não é exclusividade do período colonial. Não temos, na história da educação brasileira, uma política pública coerente e o que se percebe, principalmente na EJA, são iniciativas diversas, pontuais, desarticuladas e descontinuas, quase sempre com interesses esdrúxulos à educação.
Diante de tantas iniciativas de campanhas e movimentos Oliveira (2004, p. 15) explica que a campanha que teve um resultado positivo e abrangente foi a CEAA, mesmo que de forma “assistencialista e simplista, mas formaram muitas pessoas com cunho técnico, favorecendo as com baixo poder aquisitivo, mas teve duração somente até a metade da década de 1950, pois foi muito criticada “como fábrica de eleitores””.
A concepção de Educação adotada é sempre mascada por muitos impasses neste sentido Oliveira (2004, p.21) afirma:
Durante muito tempo a EJA teve de superar o atraso daqueles que não sabiam ler nem escrever, adotando uma concepção instrumental de educação, sem levar em conta experiências de vida dos trabalhadores. Havia o interesse de “erradicar” um dos males do subdesenvolvimento, mas o não de provocar rupturas para a superação dos reais problemas sociais e estruturais da sociedade brasileira, como concentração de renda e de terra.
E todas as outras campanhas foram advindas da CEEA, muitas vezes com pouco fôlego e muitos impasses na educação brasileira. Souza (2011) afirma que, no contexto do regime militar, foram extintas todas as ações de educação – as com vínculos governamentais e as populares, podemos notar que o direito do conhecimento foi negado mais uma vez aos excluídos, e estas rupturas vem acontecendo desde o império, e a EJA vem caminhando muito lentamente até os dias atuais. Sauner (2010, p. 54) afirma, “nessa trajetória oscilante, o Brasil continua prosseguindo em busca de um modelo Ideal que resolva os números desafios que a sociedade moderna coloca. E que implica uma educação mais efetiva dos jovens e adolescentes”.
Após a extinção dos programas de alfabetização devido à ditadura militar, retoma a iniciativa e no ano de 1967 foi criado o MOBRAL, este com cunho governamental, e iniciou em setembro de 1970. Foi criado com a intenção de acabar com o analfabetismo no Brasil, “Educação para todos”, mas não sucedeu dessa forma, pois atingiu um número muito pequeno de pessoas alfabetizadas (SAUNER, 2010).
Devido, a falta de capacitação de educadores, o MOBRAL, não teve lona duração. Sauner (2010, p. 59) explica o que motivou a extinção do Mobral:
Uma das causas do fracasso do MOBRAL no seu trabalho de alfabetização do jovem e do adulto brasileiros está relacionada aos recursos humanos: o despreparo dos monitores a quem era entregue a tarefa de alfabetizar. Tratava-se de pessoas não capacitadas para o trabalho em educação que recebia um “cursinho” de treinamento de como aplicar o material didático fornecido pelo MOBRAL e ensinava apenas a mecânica da escrita e da leitura, portanto não alfabetizaram.
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