Bulliyng na Educação Infantil
Por: Kleber.Oliveira • 24/11/2017 • 3.128 Palavras (13 Páginas) • 287 Visualizações
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Os dias foram se passando, cada vez mais Maria demonstrava adaptação a escola e ao novo circulo social a qual estava inserida. Mas, conforme os meses foram avançando, Maria começou a dar sinais de tristeza, começou a se tornar uma criança mais retraída, demonstrava irritabilidade e medo. Logo começou a não querer mais ir para a escola, os pais de Maria procuraram a direção da escola pra saber se algo estava acontecendo, se ela estava tendo alguma dificuldade em acompanhar a turma. A direção da escola chamou a professora, que relatou que Maria estava tendo algumas dificuldades de relacionamento com alguns coleguinhas da turma. A direção da escola indicou um psicólogo e Maria passou por uma anamnese, onde foi constatado que Maré estava sofrendo de baixa estima. Os pais de Maria ficaram surpresos com este diagnóstico, pois nunca imaginaram que uma criança de seis anos pudesse vir a sofrer de uma patologia psíquica mais comum entre adolescentes e adultos.
A professora, tendo conhecimento do diagnóstico do psicólogo, passou a observar mais atentamente Maria e as demais crianças e foi notado que ela vinha sofrendo discriminação por conta do cabelo crespo e cacheado, característica marcante de pessoas afro descendentes. O que mais surpreendeu a professora, no entanto, foi que o bullying estava sendo praticado, em sua maioria, por alunos que também eram afro descendentes.
Os pais desses alunos foram chamados e foi relatado o ocorrido a eles, em sua maioria, esses pais acharam normal a atitude dos filhos, e alegaram que também já haviam passado por isso na infância e que com o tempo Maria acabaria se acostumando com o fato e que eles nada poderiam fazer pra ajudar.
A solução encontrada pela direção e pela professora foi a desconstrução dos padrões de beleza estabelecidos pela sociedade, passaram a trabalhar mais a diversidade cultural e étnica que é tão presente em nosso país, e esta medida serviu para diminuir os traumas de Maria e a amenizar o bullying entre os alunos que passaram a se ver como iguais em direitos e deveres e diferentes em suas subjetividades.
Mas afinal, o que é Bullying?
Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.
"É uma das formas de violência que mais cresce no mundo", afirma Cléo Fante, educadora e autora do livro Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz (224 págs., Ed). Segundo a especialista, o bullying pode ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa.
Além de um possível isolamento ou queda do rendimento escolar, crianças e adolescentes que passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem apresentar doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. Em alguns casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.
O bullying é considerado um fenômeno tão antigo quanto à própria instituição Escola. Entretanto, essa prática só veio a ser alvo de estudo científico a partir da década de 1970. A palavra bullying, que é utilizada para caracterizar comportamentos violentos no âmbito escolar, não é conhecida de forma abrangente para o grande público brasileiro, visto que, é de origem inglesa e não possui tradução ainda no Brasil. Entretanto, é possível encontrar traduções na literatura para a palavra “bully”: que implica dizer, indivíduo brigão, valentão ou tirano. A Suécia foi o primeiro país a demonstrar interesse pela violência entre os estudantes e suas conseqüências no âmbito escolar.
Há muitos anos, de modo especial a partir dos anos 90, o trabalho sobre bullying despertou intensa motivação e desenvolvimento, tanto em instituições públicas quanto privadas. No Brasil, as pesquisas e a atenção voltadas ao tema ainda se dão de forma incipiente. A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à infância e à Adolescência (Abrapia) se dedica a estudar o fenômeno bullying desde 2001.
A prática do bullying é classificada como direto quando vítimas são atacadas diretamente, ou seja, quando são atacadas fisicamente, ou indireto, quando estão ausentes, que é o praticado pelas costas, espalhando boatos negativos em frente à mesma. Além desses dois, estão entre os tipos de bullying: verbal, escrito, emocional, sexual e cibyerbullying.
Características dos agressores.
Pesquisas indicam que adolescentes agressores têm personalidades autoritárias, combinadas com uma forte necessidade de controlar ou dominar. Também tem sido sugerido que uma deficiência em habilidades sociais e um ponto de vista preconceituoso sobre subordinados podem ser particulares fatores de risco. Estudos adicionais têm mostrado que enquanto inveja e ressentimento podem ser motivos para a prática do assédio escolar, ao contrário da crença popular, há pouca evidência que sugira que os bullies (ou bulidores) sofram de qualquer deficit de autoestima. Outros pesquisadores também identificaram a rapidez em se enraivecer e usar a força, em acréscimo a comportamentos agressivos, o ato de encarar as ações de outros como hostis, a preocupação com a autoimagem e o empenho em ações obsessivas ou rígidas. É frequentemente sugerido que os comportamentos agressivos têm sua origem na infância:
"Se o comportamento agressivo não é desafiado na infância, há o risco de que ele se torne habitual. Realmente, há evidência documental que indica que a prática do assédio escolar durante a infância põe a criança em risco de comportamento criminoso e violência doméstica na idade adulta".
O assédio escolar não envolve necessariamente criminalidade ou violência. Por exemplo, o assédio escolar frequentemente funciona por meio de abuso psicológico ou verbal.
Os bullies sempre existiram mas eram - e ainda são - chamados em português de rufias, esfola-caras, brigões, acossadores, cabriões, avassaladores, valentões e verdugos.
Os "valentões" costumam ser hostis, intolerantes e usar a força
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