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ANÁLISE ENTRE DESIGUALDADE E RACISMO NO BRASIL E SUA PROVÁVEL INFLUÊNCIA NO APRENDIZADO

Por:   •  16/11/2018  •  1.698 Palavras (7 Páginas)  •  296 Visualizações

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Desenvolvimento

Questões de desigualdade e racismo no Brasil e sua influência no aprendizado.

Segundo a autora Terciana Vidal Moura, a sociedade brasileira tem vivido um momento de intensas discussões acerca da temática do racismo, preconceito e discriminação racial, buscando superar um quadro de desigualdade racial que se construiu ao longo da história de nosso país.

Durante o final da década de 90 e início do século XXI houve um crescimento da consciência pública sobre a situação social de negros bem como a respeito das desigualdades raciais no Brasil. De acordo com o CENSO de 2010 do IBGE, o número de pessoas que se autodeclaram negras ou pardas vem aumentando nos últimos 10 anos, onde temos 42,1% de indivíduos pardos e 5,9% de negros, o que nos revela que cerca de metade da população de nosso país é negra ou parda, mas apesar de comporem de forma significativa nossa nação, continuam sendo minoria quanto a participação efetiva dentro de nossa sociedade, sendo muitas vezes excluídos do exercício pleno da cidadania. (SILVA, 2013; MOURA; ZAMORA, 2012)

Ainda em consonância com o texto de Moura, nossas relações raciais supostamente deveriam se fundamentar em princípios democráticos, de respeito e tolerância (democracia racial), porém na dinâmica social, percebemos que tal democracia racial acaba sendo uma ilusão que ainda está longe de se concretizar nas relações sociais, sendo que essa deve extrapolar o conceito de democracia racial e abranger também a constatação e reconhecimento das desigualdades o que tange acesso a bens econômicos e culturais independentemente do grupo social ao qual o indivíduo está ligado.

Na área da educação há grandes diferenças no acesso à escola entre brancos e negros, assim como demonstram os índices de evasão e rendimento escolar, onde negros estão menos presentes nas escolas, apresentam médias de anos de estudo inferiores e taxas de analfabetismo bastante superiores, sendo que tais desigualdades se ampliam quando nos referimos a maiores níveis de ensino.(ZAMORA, 2012)

Segundo Menezes, 2002, a escola é responsável pelo processo de socialização infantil, onde se constroem inter-relações com sujeitos de diferentes núcleos familiares e esse contato com tamanha diversidade poderá fazer da instituição escolar o primeiro espaço de vivências de conflitos raciais. A forma como se dão as relações dentro da escola podem levar uma criança a sentir-se excluída, fazendo com que a mesma adote uma postura introvertida, por receio de ser rejeitada ou ridicularizada pelo seu grupo social; e o discurso do opressor, mesmo que de forma velada, pode ser interiorizado pelo outro de forma que o indivíduo passa a acreditar que realmente tal discurso o define, sendo assim uma via de disseminação do preconceito por meio da linguagem, na qual estão contidos termos pejorativos que em geral desvalorizam a imagem do negro, do sujeito pertencente à classe mais pobre, etc.. As condições e oportunidades educacionais, muitas vezes são limitadas por práticas e atitudes internas das escolas. Dentre as variáveis elencadas para compreender os fatores propulsores das diferenças educacionais entre negros e brancos, o problema do preconceito e da discriminação racial sempre aparece.

Nos argumentos de Pierre Bourdieu, de acordo com o texto disponibilizado na plataforma, de Nogueira e Nogueira, 2002 e na videoaula do Professor Antonio Marcelo Jackson, a escola é uma instituição que acaba por promover as desigualdades sociais, ou seja, há uma hierarquia organizada segundo divisão de poderes, onde as classes sociais dominantes possuem certo privilégio, principalmente o que tange a questão do capital cultural.

Ainda conforme Nogueira e Nogueira, 2002 esse capital cultural é oriundo tanto da educação familiar (informal) quanto da educação escolar (formal), e como a escola, segundo Pierre Bourdieu acaba acatando como ideal a cultura da classe dominante e insere de forma dissimulada valores, interesses e também preconceitos inerentes a essa classe na instituição escolar, acaba criando relações que fortalecem processos muitas vezes “mascarados” em nossa sociedade, como o preconceito de forma geral, e o racismo, passando a ser então uma coisa natural.

Os valores, hábitos e ambições de uma família estão diretamente relacionados com sua bagagem cultural, e nesse aspecto, um indivíduo que sofre racismo, sendo considerado inferior e incapaz, ao longo do tempo pode acreditar que devido a sua condição não conseguirá êxito escolar. Assim, a escola que deveria ser um espaço de fortalecimento de dignidade e desenvolvimento da cidadania plena, acaba por ser uma ferramenta de reprodução da condição social de cada um, na medida em que esses indivíduos não recebem um tratamento adequado ao seu desenvolvimento intelectual e emocional. (MENEZES, 2002; MOURA; NOGUEIRA &NOGUEIRA, 2002)

Conclusão

No contexto em que estamos tratando o tema, podemos dizer que os alunos dentro de uma mesma escola possuem diferentes oportunidades, diferentes estímulos intelectuais e diferentes tipos de atenção, visto que por muitas vezes, os próprios educadores julgam que o aluno “não irá muito longe” devido a preconceitos incutidos de forma cultural nesses docentes.

Hoje em dia, o racismo ainda se faz muito presente dentro das escolas, e cabe a nós como educadores trabalhar para que dentro da escola todos, sem distinção, tenham as mesmas oportunidades, de forma a qualificarmos e capacitarmos os alunos para serem capazes de assumir as mesmas posições na sociedade e no mercado de trabalho.

O trabalho com a questão do racismo dentro da escola deve transcender as figuras e cultura estereotipada, é algo que deve ser abordado de forma crônica tanto com alunos como com professores.

Ao analisarmos a desigualdade e o racismo a partir dos argumentos utilizados nesta pesquisa, podemos dizer que os mesmos podem interferir sim na questão do aprendizado, visto que a escola tanto pode ser um espaço de disseminação quanto um meio eficaz de prevenção e diminuição do preconceito.

Referências bibliográficas

MENEZES, W. O preconceito racial e suas repercussões na instituição escola. Cadernos de estudos sociais. v.19 n.1, agosto/2002.

Disponível em:

http://periodicos.fundaj.gov.br/CAD/article/view/1311>

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