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A VIOLÊNCIA E O MEDO NAS ESCOLAS

Por:   •  25/4/2018  •  2.367 Palavras (10 Páginas)  •  277 Visualizações

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- Escolas registrando ocorrências e mais ocorrências em delegacias, isto é normal?

- Onde estão as famílias que deveriam educar melhor seus filhos e não deixá-los ir para as ruas e conseqüentemente se tornarem seres tão violentos?

- A escola seria mais uma zona de conflitos dentro da nossa sociedade?

- Escolta para professores saírem da escola, o que é isso?

- Aluno que ameaça outros alunos e professores, onde ele aprendeu a fazer isso? (Lage, 2002)

Um fato ocorrido em uma escola pública de uma cidade do interior do Estado de São Paulo nos chamou atenção quanto a extensão do problema. A direção da escola, diante de atos violentos praticados por 14 alunos de 5ª. a 8ª. séries, como a cobrança de pedágio de outros alunos e cujo pagamento seria em dinheiro, lanches, canetas, etc, destruição do patrimônio da escola com a quebra de torneiras, pias, vasos sanitário dos banheiros, carteiras, vidros da janelas, ameaças a diretora e professores, decidiu suspende-los das aulas. Embora os pais já houvessem sido chamados na escola e tomado conhecimento dos atos de indisciplina que os filhos vinham praticando, procuraram a justiça e obtiveram liminar para que os filhos retornassem às aluas porque não poderiam ser prejudicados. (Noticiado no Jornal Nacional da TV Globo em 06/05/2008)

Em Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba, impera o clima de medo na escola estadual Professor Alberto Krause. No período noturno, durante os intervalos, alunos e professores passam as aulas trancados dentro das salas e não podem ir ao pátio externo por causa da violência, informa o jornal Folha de S. Paulo.

A ordem é do diretor do colégio, Claudemir Figueiredo. Segundo ele, são cada vez mais freqüentes os casos de assaltos contra alunos e professores, depredações e consumo de drogas dentro da escola. Ele comparou a situação na escola a um estado de sítio, com suspensão temporária de direitos e das garantias individuais. “É esse estado de sítio que faz com que a escola possa funcionar, apesar do medo e da insegurança. Pedimos providências, mas ninguém faz nada", afirmou.

Para a diretoria, as invasões são feitas por alunos e ex-alunos, integrantes de duas gangues rivais da região do bairro Tanguá. O colégio é o único do bairro, onde vivem cerca de 15 mil pessoas - a maioria famílias de baixa renda.

A coordenadora da Patrulha Escolar Comunitária da Secretaria da Educação, Margarete Lemes, disse ao jornal ter "estranhado" as afirmações do diretor. "O colégio já foi alvo de diversas operações da patrulha escolar. Estranhamos as denúncias porque é um dos colégios prioritários. A situação lá está sob controle", garantiu. (Jornal Folha de São Paulo. Junho de 2008.

Fatos como: brigas de gangues, tráfico de drogas, presença de armas (não só de fogo, como também as chamadas armas brancas), agressões verbais, incivilidades, bulling, pequenos crimes e delitos, depredação da estrutura da escola, geram medo e uma sensação de impotência quando não são trabalhados de forma correta. “ As incivilidades não se pautam pelo uso da força física, mas podem ferir profundamente, minando a auto-estima das vítimas de fomentando um sentimento de insegurança” (Abramovay, 2006).

A violência ocorre de forma macro quando é levada de fora para dentro da escola (como nos casos de gangues, tiroteios e tráfico de drogas) e de forma micro quando se dá dentro da escola (na forma de depredação do patrimônio escolar, violência simbólica, etc.).

“O medo que temos do futuro torna a nossa tarefa de mãe ou pai cada vez mais difícil. Temos medo que os nossos filhos andem em más companhias. Tememos que eles não arranjem um emprego para que possam se sustentar. Preocupamo-nos deles ficarem doentes. Temos pavor que a vida deles fiquem em risco a ponto de ocorrer uma desgraça. Enfim, temos medo de que eles não sejam felizes.... Às vezes vivemos num ambiente violento e ficamos impotentes para resolver os problemas.” (Deslandes, 2005).

Neste fragmento é possível perceber que os pais têm medo do futuro que os filhos terão num ambiente violento, ao mesmo tempo o sentimento de incapacidade pois geralmente não tem tempo suficiente para acompanhar o desenvolvimento dos filhos por causa do trabalho.

Os alunos sentem-se desprotegidos quando notam a presença de armas e brigas dentro da escola ou quando são ameaçados por colegas, e ainda pela violência simbólica cometida pelos professores.

A direção e os funcionários sofrem com ameaças de alunos ou de gangues da comunidade, assim como os professores que padecem com ameaças de alunos com relação às notas e geralmente não conseguem realizar seu trabalho de forma correta. Esses temores podem ser observados nos depoimentos abaixo, realizados no seminário Violências nas Escolas: Reprimir, Prevenir ou Transformar? realizado no dia 5 de junho de 2002, na Câmara dos Deputados, Brasília – DF, e encontrados no resumo do mesmo.

“Não temos como fugir de situações de violência vindas de fora ou mesmo do interior das escolas. Na semana passada recebemos um documento do Batalhão Escolar em que pedia aos professores que denunciassem situações de risco ou alguma infração eventualmente cometida por alunos. (...) Essa é a angústia de todos os educadores, porque temos de adotar a postura de denunciar casos mais sérios. Mas a escola se sente sozinha , porque os professores não confiam nos órgãos de apoio...” (diretora de escola pública)

“Os professores se sentem aviltados pelos baixos salários e desrespeitados pela falta de reconhecimento da sua posição social por parte dos alunos. (...) È preciso levar essa reflexão ao corpo de professores, na medida em que também são produtores da violência entranhada no tecido social. Precisamos estudar alternativas para resolver o problema. Não é necessário um ato físico para que haja violência; milhões de mecanismos simbólicos reproduzem desigualdades, preconceitos, discriminações e exclusões sociais. Se não tivermos consciência de tal fato, não faz sentido dizer que somos formadores de pessoas ” (professora)

As conseqüências deste medo são notáveis como:

- A mudança no relacionamento entre alunos, professores e direção, criando um clima de confronto, desconfiança e aflição recíprocas;

- Há também uma queda notável no desempenho dos alunos devido à dificuldade de concentração nos

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