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A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por:   •  13/9/2018  •  4.682 Palavras (19 Páginas)  •  327 Visualizações

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Inúmeros estudiosos concordam que há nos jogos infantis duas funções: uma de caráter lúdico e outra de caráter educativo. Através da função lúdica, o jogo propicia diversão. Já na função educativa, o jogo trabalha o saber e a apreensão de mundo do indivíduo.

Esse também é o entendimento de BLANCO (2007, p.139), pois, considerando a ludicidade como atividade social, crê ser fundamental para a promoção do desenvolvimento, conhecimentos artísticos e científicos, e interações saudáveis, o que insere a criança na cultura humana.

Conforme LA TAILLE (1992, p. 49), fazendo menção a Piaget, os jogos coletivos, notadamente os de regras, são paradigmáticos para a moralidade humana. Isso porque, de acordo com o seu entendimento, esses jogos representam uma atividade regulada por determinadas normas, que podem até ser alteradas, desde que acordadas pelos próprios jogadores. E por ser devido respeito a essas normas, a atividade envolve questões de moralidade, justiça e honestidade.

Para ELKONIN (1998, p. 19), os jogos representam uma atividade em que são reconstruídas as relações sociais. Aludindo Vsevolodski-Guerngross, o autor remete a importância dos jogos à função de treinamento do indivíduo em suas fases iniciais de desenvolvimento, ressaltando o seu papel coletivizador.

Ainda, ao citar W. Stern, o autor descreve: “que o jogo é para a vida o que as manobras são para a guerra. Deduz a necessidade do jogo, como exercício prévio, do surgimento prematuro das predisposições internas” (ibid., p. 90).

O autor ainda faz menção a Bühler (ibid., p. 95), valendo-se de sua definição de jogo que abrange a dotação de prazer funcional, que é mantida pelo jogo ou em prol do jogo. Seguindo esse raciocínio, o autor tem o prazer funcional como o objetivo em que se baseiam a repetição de determinados movimentos e a sua motivação.

Dessa forma, nota-se que os jogos, em geral, são poderosos instrumentos de compreensão de atitudes permeadas por valores, valendo-se de ludicidade para facilitar a aprendizagem de quem adquire tal conhecimento. Ao mesmo tempo em que a criança adquire mais entendimentos e percepções sobre o mundo, também se diverte, e daí tem uma maior motivação para tanto. Em outros dizeres, a criança aprende enquanto brinca.

Assim, é indubitável a importância que os jogos têm para as crianças e para o seu desenvolvimento, o que merece ser amplamente explorado desde a Educação Infantil. Deve-se analisar, todavia, os jogos que contêm um melhor aproveitamento para os seus jogadores, visando extrair deles o maior número de valores humanos envolvidos.

2.1 Jogos Cooperativos

Os jogos cooperativos são exercícios determinados pelo compartilhamento e união dos jogadores envolvidos, os quais buscam prioritariamente a diversão, tendo pouca ou nenhuma preocupação com o fracasso e o sucesso em si mesmos. Não existe perdedor neste tipo de jogo. Em um jogo cooperativo, alguém somente vence quando todos vencem.

Ao citar autores como Brotto e Teixeira, BLANCO (2007, p. 61) traz a ideia de que os jogos cooperativos surgiram da preocupação com a excessiva valorização dada ao individualismo e à competição presentes de forma exacerbada na sociedade moderna.

No Brasil, os jogos cooperativos foram inicialmente integrados na década de 1980, tendo como seu principal representante Fábio Otuzi Brotto, que compreende a utilização desse tipo de jogos como uma abordagem filosófico-pedagógica a promover a cooperação e a ética, além da melhor qualidade de vida para todos os participantes. Brotto (2001) declara que nos jogos cooperativos, joga-se para superar desafios e não para derrotar os outros; joga-se pelo simples prazer de jogar. Nesses jogos não há espaço para fins mutuamente exclusivos. Em outras palavras, não cabem características como o egoísmo e o individualismo.

Assim, aprende-se a considerar o outro jogador como um parceiro, ao invés de tê-lo como adversário, e a colocarem-se uns nos lugares dos outros, fazendo uso de verdadeira empatia, sendo mecanismos importantes para a operação de interesses mútuos, priorizando a integridade de todos os jogadores. Estes jogos são estruturados para promover a interação e a participação de todos e deixar aflorar a espontaneidade e a alegria de jogar.

Segundo PALMIERI (2015, p. 246), há uma categorização dos jogos cooperativos proposta por Orlik, que visa orientar o professor a readaptar jogos em uma concepção cooperativa, assim sendo:

1 - jogos cooperativos sem perdedores, que são jogos estritamente cooperativos, onde todos jogam juntos e não há perdedores;

2 - jogos cooperativos de resultado coletivo, onde existe divisão em duas ou mais equipes, mas o objetivo do jogo só é alcançado com todos jogando juntos;

3 - jogos cooperativos de inversão, que envolvem equipes, mas que todos os jogadores trocam de equipe a todo momento, dificultando reconhecer vencedores e perdedores; e

4 - jogos semi-cooperativos, que envolvem duas ou mais equipes e o objetivo do jogo só é alcançado quando há cooperação entre os participantes do grupo (intra-grupos) e competição entre as equipes (inter-grupos).

Há de se observar que, independentemente de qual categoria de jogo cooperativo é adotada, o objetivo alcançado é sempre o mesmo: a vitória da equipe. Isto é, todos os jogadores participam e ninguém é rejeitado, desenvolvendo assim a autoconfiança e criando uma aceitação mútua, através da qual todos se divertem e compartilham o sucesso.

E vitória, em relação aos jogos cooperativos, significa a superação de si mesmo por parte de absolutamente todos os participantes, sem haver exclusão de uns em detrimento de outros.

O autor Orlick, já mencionado anteriormente por ser um dos grandes pesquisadores no campo da educação para a cooperação, foi citado também em uma página da internet sobre jogos cooperativos¹, por valorizar quatro características essenciais do jogo cooperativo: a cooperação, a aceitação, a participação e a diversão. Além disso, vincula esse tipo de jogo à liberdade em cinco esferas importantes:

Liberdade da competição: Uma das principais características que distinguem as atividades de cooperação das outras atividades é a sua estrutura interna. O objetivo é comum para todos os envolvidos. Desta forma a atividade está centrada em superar o desafio proposto e não superar os integrantes do grupo;

Liberdade para criar: Uma importante característica do jogo cooperativo é que

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