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A FAMÍLIA NA ESCOLA: NECESSIDADE DE UMA GESTÃO PARTICIPATIVA

Por:   •  21/12/2018  •  5.054 Palavras (21 Páginas)  •  318 Visualizações

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e para o mundo do trabalho, “criando condições para a participação dos vários setores da comunidade, para que se forme no indivíduo a consciência de sua responsabilidade”. É consenso que uma dessas condições para que a escola cumpra seu papel social, é a socialização do saber sistematizado, historicamente acumulado, como patrimônio universal da humanidade, fazendo com que ele seja criticamente apropriado pelos alunos, que já trazem consigo o saber da comunidade em que vivem. Outra condição importante é que a escola esteja aberta e incentive a participação da comunidade escolar (alunos, professores, funcionários, pais, família em geral) nos processos de tomada de decisão pertinentes à vida escolar. Verifica-se, assim, a importância da participação que pode acontecer através de um processo de gestão democrática na escola.

Para melhor compreender a questão da gestão nas escolas, Ribeiro e Menin (2005) apresentam uma breve contextualização de como um conjunto de referências oriundas da administração empresarial foram e são adaptadas à administração educacional, principalmente aos sistemas de ensino, orientando suas atividades de modo a garantir controle, eficiência e competitividade. Segundo Ribeiro e Menin (2005), o termo gestão começou a ser utilizado com maior freqüência, no Brasil, a partir da década de 1990. Na produção acadêmica brasileira da década de 1990 existe segundo Ribeiro e Menin (2005), um intenso debate sobre o uso do termo gestão em contraste com administração. Segundo as autoras, os termos gestão da educação e administração da educação são utilizados ora como sinônimos, ora como termos distintos. Em algumas situações, gestão é apresentada como um processo dentro da ação administrativa, em outras, seu uso denota a intenção de politizar essa prática.

Para Ferreira (2006, p. 306), “gestão (do latim gestio-õnis) significa ato de gerir, gerência, administração afirmando que gestão é administração, é tomada de decisão, é organização, direção”. É uma atividade desenvolvida nas organizações para que esta atinja seus objetivos, cumprir sua função e assim desempenhar seu papel. Ainda de acordo com a autora, a gestão é um termo que vem se firmando na área educacional como sinônimo de administração e que “se “instala” no mundo pensante com um sentido mais dinâmico, traduzindo movimento, ação, mobilização, articulação” (FERREIRA, 2006, p. 307).

Em relação aos termos gestão da educação e administração da educação, Nascimento (2005, p.163) coloca que “a análise da produção teórica acerca da gestão educacional tem como ponto de partida a discussão conceitual sobre administração escolar”. A administração escolar foi o conceito largamente utilizado pela literatura pertinente para analisar os processos relacionados ao que hoje se denomina de gestão escolar. A administração, da forma como é entendida e realizada hoje, é produto de longa evolução histórica, marcada por contradições sociais e pelos interesses políticos em jogo na sociedade, determinada pelas relações econômicas, políticas e sociais estabelecidas no modo de produção capitalista (PARO, 2001).

Para Sander (1995), a aplicação de princípios e práticas das teorias administrativas de gestão empresarial na educação deveu-se à suposição de que esses princípios poderiam ser facilmente praticáveis em qualquer tipo de organização. Essa suposta facilidade de aplicação, decorrente da desconsideração dos objetivos, do contexto e da natureza das instituições de ensino, implicou e implica na adoção de tecnologias organizacionais e administrativas que priorizam a eficiência econômica e a eficácia organizacional em detrimento, muitas vezes, da verdadeira missão das escolas.

A escola vem passando por mudanças em seu modelo de gestão (democrático e participativo) e do papel do diretor da escola como um líder gestor. Ora, nesse novo paradigma de gestão deve-se atentar para a colocação de Ricci (2003, p.26) de que, muitas inovações na gestão escolar que se afirmam participativas “não chegaram a aprofundar o conceito e, por excesso de pragmatismo, foram introduzindo, sem critério, ações sem sentido ou muito contraditórias”. Ricci (2003) aponta assim, dois equívocos. O primeiro é em relação à confusão entre participação e consulta onde “a consulta é um mero mecanismo de comunicação e, muitas vezes, não chega nem a comunicar, mas a apenas informar” (p.26). Para Ricci (2003, p.26), “participação significa compartilhar uma ação”. È importante colocar que, em muitas escolas, os pais são convidados para participar de fóruns ou reuniões sobre os objetivos da escola sem, contudo, serem informados com antecedência da situação e do estágio da discussão interna.

O segundo equívoco apontado por Ricci (2003, p. 27) é a “ausência de definição de instâncias decisórias”. Essa situação acontece, muitas vezes, “ao não se definir em que instância decide-se o quê, estimula-se a criação de grupos de interesse que disputam entre si” (p.27). Ricci (2003) aponta assim que, para uma efetiva gestão participativa na escola, é necessário criar um ambiente que acolha esse modelo, onde a escola supere os ambientes desestruturados.

Segundo Ferreira (2006), para que esta construção da gestão da escola aconteça, a gestão deve ser entendida como ato de gerir, administração e gerência. Ou seja, gestão “relaciona-se com a atividade de impulsionar uma organização a atingir seus objetivos, cumprir sua função, desempenhar seu papel” (FERREIRA, 2006, p.306). E, essa perspectiva de gestão só se efetivará como democrática na medida em que for desenvolvida como construção coletiva da organização da educação, ou seja, quando houver a participação efetiva de todos os segmentos direta ou indiretamente ligados à escola.

No entendimento de Paro (2003), a democratização da escola pública não deve se deter apenas ao acesso da população a seus serviços, mas implica também a participação destes usuários da escola na tomada de decisões, no que se refere aos seus interesses, o que abarca a inclusão da comunidade escolar, a existência de mecanismos democráticos de participação nas decisões, como a eleição de diretores, colegiado escolar, grêmio estudantil, associação de pais, dentre outros. Ainda, este autor considera que, na gestão democrática da escola, está subentendida a participação da população usuária em tal processo, visto que os interesses da educação escolar devem estar voltados para o atendimento da comunidade e, neste sentido, esta deve integrar a gestão da escola. Nessa perspectiva, a democracia relaciona-se intrinsecamente com a participação, no sentido

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