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REFLEXÕES SOBRE A ABORDAGEM DEDUTIVA DO ENSINO DE GRAMÁTICA EM LÍNGUA INGLESA

Por:   •  28/5/2018  •  5.375 Palavras (22 Páginas)  •  393 Visualizações

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Finalmente, Larsen-Freeman (2003), em um conceito mais atual, postula que gramática é um dos processos linguísticos dinâmicos de formulação de padrões na língua, os quais podem ser utilizados pelos seres humanos para construir significação de maneira apropriada a cada contexto (tradução da autora).

As definições abordadas pelos autores acima corroboram a vital importância do ensino da gramática, visto seu papel na formulação de padrões e expressão de significado que favorecem a um aprendizado eficaz.

- O enfoque da Gramática nos métodos de Ensino de Línguas

Segundo Richards e Rodgers (2001) “uma abordagem ou método refere-se a um conjunto teoricamente consistente de procedimentos de que definem a melhor prática no ensino de línguas” (tradução da autora). Sabe-se que por décadas o desenvolvimento de novos Métodos de Ensino de Língua buscava encontrar este que seria o melhor método. Porém, atualmente reconhece-se através de um breve estudo histórico sobre o ensino de línguas estrangeiras que a busca por um método perfeito foi durante muito tempo uma obsessão (BROWN, 2001). Por fim, Brown afirma que o processo de busca pelo “método perfeito” que se iniciou no século XIX, teve seu auge na segunda metade do século XX, bem como no evoluir deste período diversos métodos foram desenvolvidos ou até mesmo modificados ou aperfeiçoados a partir dos anteriores.

Portanto, este capítulo busca analisar o enfoque dado ao ensino da gramática nos métodos mais populares que englobam desde o início do desenvolver dos métodos até a era do Pós Método, a fim de compreender de maneira mais abrangente o atual cenário de ensino de gramática.

Em uma breve história do Ensino de Línguas, Richards e Rodgers (2001) definem que a partir do século XIX, a abordagem baseada no estudo do Latim para o ensino de línguas modernas tornou-se uma forma padrão do estudo de línguas estrangeiras nas escolas. Este estudo era baseado na leitura e tradução de textos, logo esta abordagem ao ensino de línguas estrangeiras tornou-se conhecido como o Método da Gramática-Tradução.

Os autores supracitados estabelecem em sua obra que o Método da Gramática-Tradução “é uma forma de estudar a linguagem que aborda a língua primeiramente através da análise detalhada de suas regras gramaticais, seguidas pela aplicação deste conhecimento à tarefa de traduzir sentenças e textos dentro e fora da língua-alvo.” Além disso, elucidam como fato de interesse a este presente estudo, que a gramática deve ser ensinada de forma dedutiva, ou seja, através da apresentação e estudo de regras gramaticais. Mas, como principal desvantagem, o aprendizado da língua nessa perspectiva limitava-se a memorização de regras e fatores linguísticos.

Este método dominou a Europa e o ensino de língua estrangeira de 1840 a 1940, porém o surgimento de um interesse voltado à habilidade oral contribui para o questionamento e rejeição do Método da Gramática-Tradução. Nesse pressuposto surgiu o Método Direto, que diminui totalmente o valor do uso da primeira língua e enfatizou o uso da língua alvo em sala de aula. Nesta abordagem as estruturas gramaticais deixaram de ser trabalhadas de forma explícita. Ou seja, através de uma conscientização indireta, o professor deveria induzir o aluno a um processo de descoberta das regras gramaticais a partir de generalizações feita por eles durante e após a prática. (LONG, M.; J. RICHARDS, 2001).

Por conseguinte, o Método Direto pode ser considerado como uma forma de ensino que pela primeira vez atraiu a atenção de professores e especialistas em ensino de línguas, uma vez que o aluno possuía um papel mais ativo na própria aprendizagem. Por fim, este método proveio uma metodologia que pareceu mover o ensino de línguas a uma nova era, o que marcou o início da “era dos métodos” na segunda metade do século XX. Através do desenvolver desta era, nas décadas de 50 e 60 surgiu o Método Audio-lingual, que assim como o Método Direto, interessava-se pelo desenvolvimento das habilidades orais da língua. Portanto, o ensino da gramática estaria relacionado ao desenvolvimento da fluência oral. (RICHARDS E RODGERS, 2001)

Nessa fase do audiolingualismo, o sistema gramatical era explorado por meio da repetição e memorização de sentenças e/ou diálogos, o que resultava em uma intensa prática de exercícios orais. No entanto, as inúmeras repetições não exigiam que o aluno aprendesse as regras gramaticais, mas sim que o aprendiz repetisse corretamente e realizasse adaptações necessárias nas sentenças. Logo, o aprendizado de gramática estaria concatenado ao condicionamento de estímulo-resposta.

Diante destas práticas, notava-se que o aluno frequentemente era incapaz de transferir as habilidades adquiridas através do audiolingualismo para uma efetiva comunicação fora da sala de aula. Esta crítica enfatizava uma visão de aprendizado que deve levar em conta uma abordagem consciente da gramática e que reconheça o papel do processo mental abstrato no aprendizado ao invés de simplesmente definir o aprendizado em termos de formação de hábito (repetição e memorização). (RICHARDS E RODGERS, 2001)

Segundo Brown (2001), o Método Audiolingual começou de fato a declinar quando Chomsky revolucionou a linguística através do conceito de estrutura profunda em que a forma abstracta implícita determina o significado da frase. Como consequência desta revolução linguística, um crescente interesse na Gramática Gerativo-transformacional e atenção focada na natureza governada por regras da linguagem e na aquisição da linguagem conduziram alguns programas de ensino de línguas a promover uma abordagem dedutiva ao invés da indutiva utilizada no audiolingualismo. Vale ressaltar que os conceitos de abordagem dedutiva e indutiva da gramática serão explicitados no próximo capítulo e serão de suma importância uma vez que neste presente trabalho pretende-se analisar como o ensino explícito, aqui chamado de dedutivo, das estruturas gramaticais se manifesta no aprendiz da língua-alvo.

Este foco na abordagem dedutiva do ensino da gramática durou um curto tempo, consequência natural no processo evolutivo dos Métodos de Ensino, uma vez que geralmente novos métodos surgiam em crítica aos anteriores e pretendiam corrigir seus erros.

Richards e Rodgers (2001) definem que o período a partir dos anos 70 e através dos anos 80 testemunhou um aumento do número de teorias de ensino-aprendizagem e desenvolvimento de estudos linguísticos. A busca por alternativas em oposição a abordagens baseadas na gramática fez surgir um grande

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