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O Conceito de Educador Nietzsche: Uma Abordagem SÓCIO-FILOSÓFICA DO ENSINO

Por:   •  26/3/2018  •  3.047 Palavras (13 Páginas)  •  319 Visualizações

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estudos da língua materna, o hebraico, o grego e o latim. Nos primeiros meses de internato,

realizou seus estudos com dedicação, no entanto, já sentia falta de aplicar seus conhecimentos à

vida , compreendendo o peso e a responsabilidade da própria educação, frente à perda prematura

de seu pai. De fato, este seria o início de uma autodisciplina invejável.

Os anos se passaram e Nietzsche ingressa a Universidade de Bonn, frequentando dois cursos ao

mesmo tempo: teologia e filologia. Porém, desiste da primeira opção e acaba se dedicando

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exclusivamente ao curso que mais lhe agradava naquele momento. Aos 24 anos, mesmo sem os

últimos graus universitários, redige um ensaio que expressa uma nova vontade:

“Em Leipzing, limitei-me a observar como se ensina, como se transmite aos jovens o método de

uma ciência. Também me esforcei em aprender como deve ser um mestre, e não estudar apenas o

que se estuda na universidade. Meu objetivo é tornar-me um mestre verdadeiramente prático e,

antes de tudo, despertar nos jovens a reflexão e a capacidade crítica pessoal indispensável para que

eles não percam de vista o porquê, o quê e o como de uma ciência” (DIAS, 1993: 26 )1.

Estas anotações repercutiram, e em 1869 o jovem será convidado a ministrar a cátedra de filologia

clássica na Universidade da Basiléia e na escola Pädagogium. Em correspondência ao amigo

Gersdorff, Nietzsche confessa que irá assumir uma postura diferenciada, pois jura lutar contra a

erudição para encarar suas novas tarefas com a face mais serena do que a maioria dos filólogos,

pois a serenidade filosófica se enraizava de uma forma extraordinariamente profunda. Tudo isto

graças ao encontro com o filósofo Schopenhauer

Em 1869, Nietzsche aceita a docência, porém, com alguns receios, como exemplo, de se tornar

mais um filisteu da cultura, outro homem de rebanho, entendendo que o exercício diário do mestre

poderia atacar a livre sensibilidade do seu espírito. Em uma correspondência datada de 13 de abril

de 1869, encontramos alguns relatos sobre estes temores:

“(...) ingressarei numa profissão nova para mim, numa pesada e opressiva atmosfera de obrigações

e deveres (...) reina agora a rigorosa deusa, a obrigação diária (...) Sim, sim! Agora é a minha vez

de ser um filisteu! Mais dia menos dia, aqui ou ali, o dito sempre se comprova. As funções e as

dignidades são coisas que nunca se aceitam impunemente. Toda a questão está em saber se os

grilhões que se arrastam são de ferro ou de linha. E ainda disponho de coragem bastante para

romper no momento oportuno algum elo, e arriscar de uma outra maneira ou em outro lugar,

alguma tentativa de vida perigosa. Da gibosidade obrigatória do professor, ainda não vejo nenhum

vestígio em mim. Tornar-se filisteu, homem de rebanho – que Zeus e as Musas me poupem isso!

Aliás, não vejo como me poderia tornar o que não sou”( WEBER, 2011: p. 125).

De modo progressivo, Nietzsche abandona esta hesitação, mantendo uma compreensão particular

da cultura, do valor da arte e do ensino, afinal, tal diálogo tomava conta do seu espírito. Na

Basiléia, acaba oferecendo o “curso sobre a história de língua grega (...)” , no Pädagogium, “lê o

Fédon de Platão” (DIAS, 1993: p. 30). Rapidamente, descobre que, tanto o vigor, quanto o rigor

seriam suas tarefas fundamentais.

Neste meio tempo, nosso filósofo conhece Richard Wagner, sendo de fato arrebatado pela arte

deste gênio musical. Em cartas endereçadas ao amigo Rohde, Nietzsche descreve - e com certa

excitação - a impressão do primeiro encontro com o compositor:

“ “É um homem fabulosamente vivo e petulante, que fala muito rápido, com muito espírito, e

capaz de, sozinho, alegrar uma reunião íntima como era a nossa. Nesse meio-tempo, tive com ele

uma longa conversa sobre Schopenhauer” (...) Em seguida ele quis saber qual é a atitude atual dos

filósofo em relação a Schopenhauer; riu ruidosamente do congresso dos filósofo em praga e falou

da domesticidade filosófica (...). Tive com ele uma longa conversa sobre Schopenhauer. Ah, bem

pode me compreender como me foi grato ouvi-lo falar com um indescritível calor, declarar sua

dívida para com Schopenhauer (...)”(HALEVY, 1989: 50).

Assim, em 1868 surge uma admiração mútua entre estes pensadores, dado os interesses em

comum, como exemplo, o gosto musical, a preferência pelos mitos, tal como a descoberta da obra

filosófica: Mundo como vontade e representação (1819). Assim, encontravam a Vontade enquanto

princípio

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