A IMPORTÂNCIA DA ADAPTAÇÃO DE ATIVIDADES PARA ALUNOS SURDOS
Por: Hugo.bassi • 8/11/2018 • 2.310 Palavras (10 Páginas) • 379 Visualizações
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Nesta perspectiva compreende-se então que a estimulação precoce da criança, que nasce ou se torna surda no período de zero a três anos de idade, é fator essencial para a aquisição da linguagem. Esse período é tido por especialistas como período crítico favorável, devido à plasticidade neural. Entretanto é sabido que a grande maioria dos surdos, porém, não é beneficiada por esse atendimento que se encontra implantada apenas nas grandes cidades brasileiras.
Para que adquiram o desenvolvimento da linguagem em uma turma inclusiva, é necessário que alunos surdos usem a Língua de Sinais como primeira língua. Com seu uso, o surdo tem a possibilidade de receber, diretamente em libras, as informações transmitidas no decorrer das aulas. Só assim, se valendo de uma língua de sinais, as crianças surdas terão oportunidade de, segundo Quadros e Schmiedt (2006, p.27):
[...] explorar toda a capacidade criativa que pode ser expressa por meio da sua língua e tornar possível o amadurecimento da capacidade lógica cognitiva para aprender uma segunda língua. Através da língua, as crianças discutem e pensam sobre o mundo. Elas estabelecem relações e organizam o pensamento. As estórias e a literatura são meios de explorar tais aspectos e tornar acessível à criança todos os recursos possíveis de serem explorados.
Portanto, nos anos iniciais da criança surda a língua de sinais pode ser utilizada de forma lúdica para estimular o desenvolvimento e a aquisição da Libras através de brincadeiras, atividades adaptadas, contações de história, teatros e o que mais a criatividade permitir. Nesse período é sem duvida a fase mais importante para a aquisição da linguagem em seu contexto bilíngüe que veremos mais a frente seu significado e sua contextualização.
Dominar sua língua materna é de suma importância para o aluno surdo, pois é com base nela que o aluno poderá desenvolver sua capacidade cognitiva, reter os conteúdos das disciplinas básicas e, posteriormente, aprender o português escrito como uma segunda língua. É importante ressaltar que o domínio precoce da língua de sinais é imprescindível para que os alunos surdos consigam se desenvolver plenamente suas habilidades intelectuais dentro de uma proposta bilíngüe. A linguagem permite ao homem estruturar seu pensamento, traduzir o que sente registrar o que conhece e comunicar-se com outros homens. Ela marca o ingresso do homem na cultura, construindo-o como sujeito capaz de produzir transformações nunca antes imaginadas. (Surdez-MEC200...).
Compreende-se por tanto que “desenvolver-se cognitivamente não depende exclusivamente do domínio de uma língua,mas dominar uma língua garante os melhores recursos para as cadeias neuronais envolvidas no desenvolvimento dos processos cognitivos.” (Fernandes, 2000, p.49).
Nesse sentido, a aquisição da língua de sinais vai permitir à criança surda, mediante suas relações sociais, o acesso aos conceitos de sua comunidade, que passará a utilizar como seus, formando assim uma maneira de pensar, agir e ver o mundo característico da cultura de sua comunidade. A língua é um fator fundamental na formação do individuo.
Vamos agora compreendermos aqui as definições de surdez. Segundo (MEC. Pg 20,21)
- Parcialmente surdo (com deficiência auditiva – DA)
a) Pessoa com surdez leve – indivíduo que apresenta perda auditiva de até quarenta decibéis. Essa perda impede que o indivíduo perceba igualmente todos os fonemas das palavras. Além disso, a voz fraca ou distante não é ouvida. Em geral, esse indivíduo é considerado desatento, solicitando, freqüentemente, a repetição daquilo que lhe falam. Essa perda auditiva não impede a aquisição normal da língua oral, mas poderá ser a causa de algum problema articulatório na leitura e/ou na escrita.
b) Pessoa com surdez moderada – indivíduo que apresenta perda auditiva entre quarenta e setenta decibéis. Esses limites se encontram no nível da percepção da palavra, sendo necessária uma voz de certa intensidade para que seja convenientemente percebida. É freqüente o atraso de linguagem e as alterações articulatórias, havendo, em alguns casos, maiores problemas lingüísticos. Esse indivíduo tem maior dificuldade de discriminação auditiva em ambientes ruidosos.Em geral, ele identifica as palavras mais significativas, tendo dificuldade em compreender certos termos de relação e/ou formas gramaticais complexas. Sua compreensão verbal está intimamente ligada a sua aptidão para a percepção visual.
- Surdo
a) Pessoa com surdez severa – indivíduo que apresenta perda auditiva entre setenta e noventa decibéis. Este tipo de perda vai permitir que ele identifique alguns ruídos familiares e poderá perceber apenas a voz forte, podendo chegar até aos quatro ou cinco anos sem aprender a falar. Se a família estiver bem orientada pela área da saúde e da educação, a criança poderá chegar a adquirir linguagem oral.A compreensão verbal vai depender, em grande parte, de sua aptidão para utilizar a percepção visual e para observar o contexto das situações.
b) Pessoa com surdez profunda – indivíduo que apresenta perda auditiva superior a noventa decibéis. A gravidade dessa perda é tal que o priva das informações auditivas necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir a língua oral. As perturbações da função auditiva estão ligadas tanto à estrutura acústica quanto à identificação simbólica da linguagem. Um bebê que nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões começam a desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação auditiva externa, fator de máxima importância para a aquisição da linguagem oral. Assim, tampouco adquire a fala como instrumento de comunicação, uma vez que, não a percebendo, não se interessa por ela e, não tendo retorno auditivo, não possui modelo para dirigir suas emissões. Esse indivíduo geralmente utiliza uma linguagem gestual, e poderá ter pleno desenvolvimento lingüístico por meio da língua de sinais. Atualmente, muitos surdos e pesquisadores consideram que o termo “surdo” refere-se ao indivíduo que percebe o mundo por meio de experiências visuais e opta por utilizar a língua de sinais, valorizando a cultura e a comunidade surda.
Vimos até aqui as definições dos graus de surdez e como o individuo percebe o mundo a sua vol. Vamos agora falar um pouco do contexto bilinguista. O que significa educação bilíngüe para o surdo?
Nesta proposta entende-se a Língua sinalizada como materna
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