RESUMO DO PÓS-MODËRNISMO NO BRASIL A CULTURA DO MILAGRE BRASILEIRO
Por: Kehpimenta • 14/6/2022 • Trabalho acadêmico • 1.851 Palavras (8 Páginas) • 1.073 Visualizações
O POS-MODËRNISMO NO BRASIL
- A CULTURA DO MILAGRE BRASILEIRO
À ocasião do aparecimento dos movimentos pós-modernistas nos Estados Unidos e Europa (meados dos anos 60), o Brasil vivia uma crise política intensa, com a tomada do poder pelos militares em 1 de abril de 1964, que teve profunda influência na sua produção cultural, tanto na música popular (MPB,* Jovem Guarda,* Tropicália*) como no teatro (Oficina,* Tuca* e outros’), no cinema (Cinema Novo*), nas artes plásticas, na literatura, a cultura brasileira dava provas de uma força que as gerações até então não conheciam.
A arquitetura vivia uma experiência muito própria, mais voltada para a assimilação tardia do Estilo Internacional e dos movimentos cismáticos sobretudo o Novo Brutalismo do que para a busca de um caminho novíssimo.
Dizia-se que este modelo visava, além da orientação tecnocrática, ao enfraquecimento da idéia de “turma” acadêmica, ferindo de morte o Movimento Estudantil grande opositor do regime militar.
O arquiteto deixava de ser um “artista” de ateliê, característico dos primeiros momentos do modernismo no Brasil, e passava a ser uni técnico de prancheta, e um membro de urna equipe multidisciplinar, geralmente dirigida por engenheiros, administradores ou empresários, encarregada de grandes obras (aeroportos, hidrelétricas etc.).
Chamamos “arquitetura pós-Brasília” a esse período da arquitetura brasileira, caracteristicamente racionalista e funcionalista, com algumas tintas de crítica social e abordagem fenomenológica, porém afinada com a expansão industrial do momento brasileiro.
De particular importância é a influência do BNII,* financiando edifícios residenciais para as classes médias urbanas dos grandes centros. Esta crise se configurava, no Primeiro Mundo, pela ruptura com as expressões artísticas da sociedade industrial em vias de mudança para urna sociedade pós-industrial.
Uma outra diferença marcante é aquela entre os grandes e médios centros metropolitanos e as regiões rurais, onde os padrões culturais divergem bastante.
É fato conhecido, entretanto, que o Brasil sempre recebeu influências culturais do exterior e soube desenvolvê-las com criatividade: assim aconteceu na arquitetura, sobretudo com o barroco, em período remoto, e mais recentemente com o Movimento Moderno.
Esta ideologia modernista “à brasileira” não contemplava o estudo teórico, a dúvida, o gosto pela experimentação a formação do arquiteto brasileiro, em geral, tem um caráter tecnicista e pragmático, reproduzindo idéia de ensino própria dos anos 1960, daquele desenvolvimento “milagroso”, pelo qual hoje pagamos caro, sem atentar para as profundas mudanças no nosso Contexto cultural e para as exigências do momento, de um profissional mais equipado criticamente e capaz de operar o universo simbólico e fenomenológico do meio ambiente.
- EDIFICIOS CANÔNICOS DO PÓS-MODERNISMO BRASILEIRO
Em primeiro lugar, cumpre falar de alguns edifícios que não reivindicam para si o título de pós-modernos, e mesmo eventualmente o recusam, porém afastam-se definitivamente dos preceitos modernistas. É o caso de muitos trabalhos de Lúcio Costa, em particular de três casas que projetou para o poeta Thiago de MelIo, em Rarreirinha, Amazonas.
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Porantim do Bom Socorro no Barreirinha Amazonas
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Casa da Frente do Paraná do Ramos
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Casa de Poesia - Zona Rural de Barreirinha.
Estas casas têm em comum o Liso de uma poética estrutural, mural e volumétrica da construção tradicional do Brasil colonial, associado a uma poética espacial moderna, seguindo os preceitos corbusianos, muito semelhante à versão final do trabalho do mestre, tal como desenvolvido a partir dos anos 50, sobretudo em residências na Índia.
A diferença é que, enquanto Lúcio trabalha estrutura com madeira, à moda do enxame colonial, Corbusier utiliza o seu material de sempre, o concreto É curioso notar como a organização espacial clássica de Andrea Pailadio, própria de nossa arquitetura colonial, convive perfeitamente, no caso, com o determinismo funcionalista moderno.
Em seguida. mencionemos o SESC Pompéia de Lina Bo Bardi
[pic 4]
SESC Pompéia de Lina Bo Bardi
É um trabalho de restauro e reciclagem de antigos pavilhões fabricas, funcionando agora como refeitório e centro de atividades culturais e também de criação de uma nova construção: o bloco de atividades esportivas.
Entretanto, o uso massivo e inusitado do concreto lhe confere um dado superlativo que aponta para um desequilíbrio, destoante das ambições platônicas do Modernismo, que é complementado pelas aberturas com formas de ameba e pelas passarelas de ligação.
Neste ponto, o conjunto afasta-se definitivamente do racionalismo modernista e ingressa em urna poética pós—racionalista, ostentando uma aura expressionista que coloca o conjunto a meio caminho entre o Modernismo e Pós-modernismo.
Assumidamente pós-modernista é o trabalho dos mineiros Eolo Maia, Maria Josefina de Vasconcelos e Sylvio Emrich de Podestá. Produzindo ora com conjunto, ora separadamente, os três apresentaram nos anos 80 uma obra conseqüente, homogênea e pioneira do Pós-modernismo no Brasil.
Sua poética é efusiva, utilizando certos lugares-comuns do Modernismo, corno as cortinas de vidro e formas geométricas puras, aos quais mistura materiais e formas tradicionais da cultura local, não esquecendo o humor lúdico e a fantasia abstrata.
Chamamos a atenção para três de suas obras que se tornar amcanônicas. A primeira é o Grupo Escolar Vale Verde, em Timóteo, Minas Gerais, dc Éolo Maia (1983-1985)
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Grupo Escolar Vale Verde
Nele o arquiteto se utiliza de uma técnica dc alvenaria de tijolos cerâmicos aparentes nas paredes, abóbadas e cúpulas, uma técnica não muito comum na arquitetura brasileira de uma maneira geral, porém utilizada no interior dc Minas Gerais na construção de fornos domésticos e mesmo dc pequenas indústrias da região.
As formas são abstratas e repetidas, e a relação com técnicas vernaculares nos leva aos trabalhos de Hassan Fathy,8 citado pelo arquiteto.
O Centro de Apoio Turístico Tancredo Neves, de Éolo Maia e Sylvio e de Podestá, em Belo Horizonte (1984-1992), é uma outra obra das mais significativas dos arquitetos.
[pic 6]
Centro de Apoio Turístico Tancredo Neves (Rainha da Sucata), Eólo Maia e Sylvio de Podestá, Belo Horizonte
O programa livre, de certa maneira sugerido pelos arquitetos, permite que as formas sejam trabalhadas escultural mente segundo certos Ícones do Pós-modernismo, como a grande coluna e os pavimentos escalonados.
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