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RESUMO A PESQUISA EDUCACIONAL NO BRASIL: TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS

Por:   •  24/8/2018  •  1.227 Palavras (5 Páginas)  •  573 Visualizações

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A propagação da metodologia de pesquisa–ação e da teoria do conflito no início dos anos 1980, ao lado de certo descrédito de que as soluções técnicas iriam resolver os problemas da educação brasileira, fazem mudar o perfil da pesquisa educacional, abrindo espaço a abordagens críticas, em uma perspectiva multi/inter/transdisciplinar e de tratamentos multidimensionais. Ganham força os estudos chamados de "qualitativos", que englobam um conjunto heterogêneo de perspectivas, de métodos, de técnicas e de análises, compreendendo desde estudos do tipo etnográfico, pesquisa participante, estudos de caso, pesquisa-ação até análises de discurso e de narrativas, estudos de memória, histórias de vida e história oral.

Nas décadas de 1980 a 1990 o exame de situações "reais" do cotidiano da escola e da sala de aula é que constituiu uma das principais preocupações dos pesquisadores, a partir da inversão também do lugar de onde olha o fenômeno, antes fora e agora dentro do próprio fenômeno.

Uma das maiores dificuldades para os pesquisadores é o escrever. A escrita, nos meios acadêmicos, foi sendo tão encastelada que, aos poucos, pareceu tornar-se ação apenas de alguns, aqueles agraciados pela capacidade de produzir textos singulares, iluminados. Escrever é tão-somente produzir, sistematizar, criar. O próprio ato de redimensionar a primeira escrita, tornando-a uma segunda, mais elaborada, já é uma ação de pesquisa.

Importante destacar o referencial teórico dos pesquisadores. É através do referencial teórico que a pesquisadora, o pesquisador enxerga o mundo, atribui sentidos, escolhe. Portanto, é fundamental conhecer-se ao ponto de saber quais são as tendências, as crenças, as possibilidades de uma abordagem científica em acordo com suas escolhas teóricas, evitando, assim, a superficialidade. Um último aspecto considerado como dificuldade diz respeito ao financiamento da pesquisa. No Brasil, o Estado investe cada vez menos na educação e as políticas públicas denotam uma preocupação com o Ensino Fundamental como etapa de escolarização que formará mão-de-obra barata. O ensino superior é tratado com descaso ou mediante propostas polêmicas, como cotas para afrodescendentes e indígenas, privatização e avaliação.

A associação do ensino com a pesquisa levou à necessidade de fazer currículo. Dessa forma, é comum encontrar trabalhos de professores universitários técnica e metodologicamente muito bem elaborados, mas que pouco acrescentam à produção do conhecimento. Publicados, portanto, unicamente para servir na obtenção de títulos. Ainda outra questão se agrega: a associação entre pesquisa e extensão, como meio de ampliar os ganhos da universidade. Quando se observa os prêmios científicos do CNPq, percebe-se que os ganhadores são majoritariamente das áreas científicas ligadas à Física, à Matemática, à Nanotecnologia, às tecnologias em todas as suas variantes, parecendo confirmar que ciência para o governo brasileiro é sempre ciência aplicável na geração de tecnologia que, nas perspectivas neoliberais, está associada ao desenvolvimento social.

A pesquisa educacional avançou muito nos últimos anos. Entretanto, há muito a avançar, sobretudo no que se refere ao financiamento, à qualidade da produção e à divulgação. São necessários alguns aspectos bem pontuais, como, uma concepção de ciência que alie os fenômenos educacionais e a pesquisa, sustentada teoricamente e divulgada nos meios educacionais, uma opção teórico-metodológica efetivamente embasada nos referenciais teóricos dos professores-pesquisadores, sustentável e evidenciada a partir dos caminhos da pesquisa, uma avaliação e divulgação de resultados das pesquisas, com permissão de acesso à comunidade acadêmica à base de dados atualizados e a periódicos que efetivamente sejam publicados em tempos regulares.

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