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História do Povo Kaigang em Suas Expressões Culturais

Por:   •  14/3/2018  •  1.629 Palavras (7 Páginas)  •  266 Visualizações

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A memória coletiva é um dos elementos mais importantes das sociedades desenvolvidas e das sociedades em vias de desenvolvimento, das classes dominantes e das classes dominadas, lutando todas pelo poder ou pela vida, por sobreviver e por progredir. A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar de “identidade”, individual ou coletiva, cuja busca é uma das actividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje. A memória coletiva não é apenas uma conquista: é também um instrumento e um objetivo de poder. (LE GOFF, 1982,pp57-58.)

A cultura indígena se refere à maneira de ver e de se situar no mundo; com a forma de organizar a vida social, política, econômica e espiritual de cada povo. Neste sentido, cada povo tem uma cultura distinta da outra, porque se situa no mundo e se relaciona com ele de maneira própria.

A preservação da tradição esta muito relacionada aos rituais, às crenças religiosas. Entre os Kaingáng, por exemplo, os rituais relacionados à morte têm grande importância e ainda permanecem muito presentes no cotidiano das pessoas e da comunidade. Destaca-se assim, o ritual do Kiki, forma de celebrar os mortos, mantido nas comunidades Kaingáng, ele só é realizado quando é possível se assegurar que será realizado segundo os preceitos rituais, religiosos da tradição de seus antepassados, caso contrário, o povo sofre as consequências dos erros para com os espíritos. O ritual consiste no desenvolvimento de dois grupos formados por indivíduos pertencentes a cada uma das metades clânicas, Kamé e Kairu. Durante o Kiki, as metades atuam separadamente. Como nos mitos, o relacionamento entre os grupos que atuam no ritual é marcado pela complementaridade e assimetria entre as metades

Kamé e Kairu. (VEIGA, 2000. p. 79). Todos os Kaingáng consideram o ritual do Kiki um elemento da tradição e dos mais antigos da comunidade. Atualmente são raros os rituais de Kiki nas comunidades Kaingáng, pois para realizá-los é necessária uma série de condições, especialmente os Kuiã (rezadores tradicionais) e mortos das duas metades clânicas. No entanto, na escola os professores e alunos estudam e aprendem sobre o ritual.

Os Kaingáng constituem um dos três maiores grupos indígenas do Brasil; ocupam Terras Indígenas nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, somando aproximadamente 33 mil indivíduos.

A cultura pode ser aproximadamente resumida como o complexo de valores, costumes, crenças e práticas que constituem o modo de vida de um grupo específico. Ela é “aquele todo complexo” conforme Tylor, “que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo ser humano como membro da sociedade” (KUPER, 2002, p. 310).

Devido ao intenso contato com o não indígena e as políticas indigenistas brasileiras, alterou-se o modo de vida tradicional Kaingáng, passando de um regime de subsistência baseado na caça, coleta e agricultura, para um sistema de exploração econômica da mão de obra indígena na agricultura. Os indígenas trabalham nas lavouras no interior da Terra Indígena, nas propriedades do entorno e nas agroindústrias regionais. O artesanato, que possuía um caráter utilitário e ritualístico tornou-se também uma fonte de renda.

Segundo Veiga (2000), os Kaigangs, no passado possuíam quatro fontes importantes de alimentos:

- a coleta de pinhões, o palmito, várias frutas do mato, verduras do mato como o fuá, o broto de mandioca-brava, o broto da abobora. Também mel de várias espécies de abelhas nativas, além de erva-mate.

- a caça: por armadilhas ou arco e flecha. Principalmente antas, porcos do mato, queixadas, veados, capivaras, pacas, cutias, tatus e pássaros.

- a pesca: através de armadilhas de taquaras usados nas corredeiras;

- a agricultura: principalmente milho, feijão e morangas.

Hoje a coleta é pouco usada na maioria das aldeias.

O artesanato Kaigang como colares feitos de sementes, brincos de penas, cestos de taquaras e cipós, peneiras e porta-roupas para banheiros, também são confeccionados animais em madeira, anéis, pulseiras, arco e flecha, chapéus ornamentos em flores para mesas entre outros.

É importante enfatizar que a coleta para a confecção dos artesanatos é realizada de forma a não inviabilizar a retirada futura, respeitando as áreas de coletas e realizando cortes conscientes, principalmente de cipós, de modo que possibilite a regeneração das cepas e seu constante rebrote.

Conclusão

Ao abordar os significados culturais presentes no artesanato, nas crenças, comidas e ritos indígenas dos Kaingang.

Buscamos ampliar o conhecimento desse povo e a sua contribuição para a história do Rio Grande do Sul. Com essa pesquisa buscamos aprimorar o material didático pedagógico para que ele alcançasse o objetivo de ser a introdução ao ensino de História. Este material tem a finalidade de fornecer significados a conceitos da História tradicionalmente oferecidos nos livros com outros tipos de textos. Introduzimos o significado de História, como uma cultura local, no caso os Kaingang, que constituem a maior etnia indígena do sul do país.

Concluímos que a cultura as artes nas sociedades indígenas nos diz sobre seu modo de vida e permite conhecermos suas singularidades e aquilo que compartilham umas com as outras e que as diferenciam da sociedade não-indígena. A riqueza desse sistema de objetos não estava na beleza estética do artefato em si, mas do que esse sistema representa e que marcas ele deixa na cultura daqueles que o confeccionam. A importância do estudo da cultura para essa

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