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Fórum Romano

Por:   •  25/9/2018  •  4.135 Palavras (17 Páginas)  •  251 Visualizações

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- Fórum Romano durante a República e o Império

Durante o período da Antiguidade Clássica (séc. VIII a.C. – séc. V d.C.), as cidades eram vistas como locais que fomentavam a civilização. Influenciados pelo carácter helenístico inerente à civilização grega, os romanos começaram a planear as suas cidades e a desenvolver um estilo de vida urbano muito próprio. Mais tarde, no período imperial, chegaram a modificar a arquitetura das cidades, como Atenas, que os havia influenciado outrora; desta vez, porém, através dos cânones imperiais.

O povo romano foi pioneiro em matérias de engenharia, tecnologia e arquitetura. A criação de sofisticadas infraestruturas como o aqueduto, responsável pela distribuição de água potável até à cidade e explorações agrícolas, passando pelas termas, canalizações, esgotos, até ao conceito de centros urbanos repletos de templos, arcos do triunfo, basílicas, panteões, fóruns, anfiteatros, expandiram-se por toda a Europa através de uma extensa rede de estradas e pontes.

A evolução da arquitetura romana assenta em dois tópicos distintos: obras públicas e obras privadas. Roma organizava-se em quatro grupos sociais distintos: os patrícios, os clientes, os plebeus e os escravos, sendo os patrícios a classe com mais regalias sociais e os escravos com menos. As obras particulares contrastavam (e muito!) com as obras do domínio público. Apenas uma exígua minoria tinha direito a viver nas zonas mais privilegiadas da cidade, como era o monte Palatino. A classe patrícia de Roma habitava em grandes palácios, as domus ou em villae de veraneio, organizadas em torno de um átrio e luxuosamente decoradas. O restante da população era forçado a viver nas chamadas insulae, apartamentos em prédios sobrelotados de múltiplos andares. A falta de comodidade das residências da maior parte dos romanos era evitada ao passarem o menor tempo possível em casa. É neste âmbito que a importância dos espaços públicos se torna relevante.

Dada topografia de Roma, em particular do local onde se viria a situar o Fórum, o vale entre os montes Palatino e Capitolino estava constantemente sujeito a inundações e chuvas sazonais. Na verdade, o vale estava conectado ao rio Tibre através de uma massa de terra conhecida então como Velabrum. A Europa, sensivelmente até ao Feudalismo na Idade Média, apresentava muitas áreas pantanosas. Os romanos, devido às necessidades urbanas emergentes de uma nova cidade em expansão, deram início a projetos de aterros e esgotos muito antes, logo no início do século VI a.C.

Segundo a lenda, teria sido o quinto rex (rei) de Roma, Tarquínio Prisco, durante o domínio etrusco, que mandara construir a Cloaca Maxima, um dos mais antigos sistemas de esgotos responsável pela drenagem das águas pantanosas no vale para a zona ribeirinha.[4] Mandou também depositar terra no vale para aumentar o nível do mesmo relativamente ao rio, permitindo que o futuro fórum permanecesse seco todo o ano. Para além de tudo isto, foi também responsável por construções tais como o Circo Máximo (arena) e o Templo de Júpiter no monte Capitolino.[pic 1][pic 2]

Este investimento evidencia a importância socioeconómica que a Roma Antiga tinha já nos seus primórdios. Da secagem do vale resultou a criação do foco cívico da cidade, o Forum Magnum ou simplesmente Forum[5], cortado pelas Via Sacra[6] e Via Sagrada.

O que era o fórum, afinal? Funcionava como espaço-chave da metrópole romana e era ao seu redor que a cidade se organizava. Neste desenrolava-se uma panóplia de atividades centradas na sua maioria em aspetos comerciais, políticos, administrativos e sagrados. Como já referido, o fórum foi mais um espaço de influência grega, visto ser uma adaptação da ágora e da acrópole. Era, portanto, um espaço aberto em torno do qual se encontravam as mais importantes edificações públicas adornadas com os mais excêntricos pórticos, arcos, colunas e estátuas.

As cidades romanas seguiam um modelo retilíneo organizado em torno os seus principais eixos; são eles o Cardo, o eixo norte-sul, e o Decúmano, eixo este-oeste. As duas ruas principais da cidade cruzavam-se perpendicularmente e era perto desse cruzamento que se podia encontrar o fórum.

Numa fase inicial começou por funcionar como mercado, mas não demorou até que locais de culto começassem a ser construídos. Um dos templos mais antigos é o Templo de Saturno, dedicado ao deus do mesmo nome em 498 a.C. Pensa-se que a sua construção se tenha iniciado nos anos finais do período régio e que tenha sido o primeiro templo a ser construído. Era nele que se guardavam as reservas de ouro e prata, o tesouro romano, e ainda os arquivos estatais e o padrão oficial de pesos e medidas. Foi reconstruído em 42 a.C. por Munácio Planco e outra vez em 238 d.C. Antes de tudo isto, foi construído no século VI a.C. um altar dedicado a Saturno que se encontrava junto ao templo.

O Templo de Castor e Pólux foi construído como agradecimento pela ajuda que os irmãos gémeos filhos de Júpiter haviam dado aos romanos na vitória da Batalha do Lago Regilo, em 496 a.C. A construção do mesmo terminou em 484 a.C. Durante o período republicano serviu como ponto de encontro para o Senado e, a partir do século II a.C., a frente do pódio serviu de plataforma oratória até ao período imperial, momento que passou a desempenhar as mesmas funções do Templo de Saturno. Ao lado do Templo de Castor encontrava-se a fonte de Juturna que, segundo a lenda, seria o local onde os gémeos teriam dado de beber aos seus cavalos quando passavam pela cidade e onde anunciaram a vitória da batalha já mencionada.

A Régia terá surgido ainda no período monárquico e servido de aposentos do segundo rei de Roma, Numa Pompílio.[7] Mais tarde, passou a sede de rituais religiosos conduzidos pelo Pontifex Maximus. Ao lado encontrava-se o Templo de Vesta cuja função era o culto da deusa Vesta por parte das sacerdotisas Vestais; estavam incumbidas de manter o fogo sagrado que ardia de forma ininterrupta no centro do templo de formato circular (algo pouco tradicional entre os templos romanos), de preparar alimentos para rituais e ainda de guardar documentos como testamentos dos imperadores. Estas viviam na Casa das Vestais, um palácio de três andares junto ao Templo construído em redor de um átrio retangular com espelhos de água e estátuas das virgo vestalis maxima, as vestais que presidiam o grupo das seis sacerdotisas. Os critérios de seleção das vestais eram complexos. Algumas das exigências passavam por não ter nenhum problema físico ou mental, ter uma idade compreendida entre os seis e os dez anos de idade e, inicialmente

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