A CAÇA E EXPLORAÇÃO DAS BALEIAS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA PARA ENTENDER O DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO QUE CONTRIBUIU PARA A FORMAÇÃO DE UMA REGIÃO
Por: Ednelso245 • 11/12/2018 • 5.726 Palavras (23 Páginas) • 445 Visualizações
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A matança das baleias, com objetivo comercial, começou ainda no século XII, no Atlântico Norte, Golfo de Biscaia, próximo à costa da Espanha e da França. Esse comércio ganhou vigor com o passar do tempo e no final do século XIX frotas de navios dos Estados Unidos, Noruega, Japão, Rússia e Inglaterra devastavam a população de baleias dos oceanos no hemisfério sul. Por ter altíssimo valor comercial, a baleia era caçada mundialmente, sendo utilizada para muitos fins, como por exemplo, para produção de óleo de baleia, que era utilizado em construções, e em combustão para iluminação. Qual a relação da caça e exploração as baleias com nosso estado de Santa Catarina?
Santa Catarina tem um grande potencial turístico por parte de seu belo litoral. O fluxo turístico anual para Santa Catarina chega até 21 milhões de visitantes, sendo 95% de origem nacional e 5% de origem internacional. Santa Catarina destaca-se pela qualidade e pela diversidade no turismo, atividade que representa 12,5% do PIB catarinense (PLANO CATARINA, 2014, p. 08). É possível encontrar cidades que além de sua beleza e potencial turístico, apresentam histórias que contribuem para a formação cultural da região.
De modo particular, em algumas das viagens por esta região encontra-se duas cidades que trazem monumentos históricos relacionados com a presença de baleias: Barra Velha e Imbituba. Diante de tais informações é evidente que decorram muitas perguntas, por exemplo: Por que duas cidades, com cerca de 200 km de distância uma da outra trazem estas semelhanças no que diz respeito às baleias? O que trazem estas construções e quais as similaridades entre estas cidades? Será que isso pode ajudar a explicar a formação destes municípios a partir das memórias e destes monumentos?
Assim, diante de tais problemas propomos um estudo a partir da disciplina de história e de um projeto de iniciação cientifica para entender a formação e o passado destas cidades em torno das baleias, que de um modo geral estão presentes como símbolos de cidades do litoral de Santa Catarina, tanto no norte quanto no sul.
Justifica-se tal estudo porque os monumentos históricos são responsáveis também pela memória individual e coletiva de uma região e que por vezes é esquecida ou silenciada. Outro ponto importante para a pesquisa é a necessidade de ensinar patrimônio, memória e a formação histórica em torno da realidade dos alunos e dos monumentos, neste caso as baleias e seus símbolos. Isso porque “A memória devolve o que o passado vislumbrou e o presente esqueceu. A memória vigia os vencidos” (BOSI, 2015, p.8); Já patrimônio cultural é o conjunto de bens, de natureza material e/ou imaterial, que guarda em si referências à identidade, a ação e a memória dos diferentes grupos sociais. Complementa Bosi (2015).
Utilizamos como fontes: artigos científicos, revistas, jornais, livros, testemunhos através da oralidade e a busca por informações nos lugares de memória, bem como pesquisas em torno destes patrimônios. Nossa pesquisa tem como objetivo geral: entender a relação e formação de duas cidades, mediante a presença monumentos históricos relacionados á baleia. Nossa hipótese é de que são poucas as pessoas que conhecem as histórias de suas cidades e sabem a importância de entender seus patrimônios históricos e suas próprias histórias.
4 A HISTÓRIA DA CAÇA E EXPLORAÇÃO DAS BALEIAS: NO MUNDO, NO BRASIL E EM SANTA CATARINA.
Como referencial teórico para discutir a caça e exploração da baleia no mundo temos como norte o trabalho: “Histórias conectadas por mares revoltos: uma história da caça de baleias dos Estados Unidos e no Brasil (1750-1850) de Wellington Castelluci Junior. A pesquisa enfoca, de maneira comparativa, a caça de baleia na costa atlântica dos Estados Unidos e do Brasil, entre os séculos XVIII e XIX, segundo o autor:
No limiar do século XVIII, a atividade baleeira no Brasil colonial e na pequena Ilha da Nova Inglaterra, de nome Nantucket, alcançaria o seu apogeu. Já na colônia lusitana ela foi introduzida primeiramente em Itaparica, maior Ilha da baía de Todos os Santos, nos primeiros anos do século XVII, quando a Coroa Ibérica (época da união entre Portugal e Espanha), por meio do Rei Felipe III, autorizou, em 9 de agosto de 1602, os biscainhos Pêro de Urecha e o seu sócio Julião Miguel a caçar baleias em costas brasileiras pelo prazo de dez anos, a partir do dia de São João daquele ano até 1612.(CASTELLUCI JUNIOR, p. 5, 2015)
O autor menciona em sua pesquisa que a Coroa buscava aproveitar a longa tradição e a experiência dos baleeiros biscainhos para implantar uma atividade econômica lucrativa, na colônia americana. Atividades que têm semelhanças e singularidades, em Nantucket, (ilha situada à frente da cidade litorânea de New Bedford) localizada na colônia de Massachusetts.
A história da baleação surgiu décadas mais tarde, idealizadas pelos colonos nativos, por volta de 1690 e após tentativas frustradas, que pequenos baleeiros finalmente introduziram a arte de arpoar baleias. Isso ocorreu por meio de um contrato feito com um especialista procedente de Yarmouth (Nova Escócia), que estava em Cape Cod, Massachusetts. Três décadas mais tarde, aproximadamente 30 barcos dos ilhéus já estavam envolvidos na caça costeira de baleias, como faziam os britânicos estabelecidos em Cape Cod e no extremo leste de Long Island desde a década de 1650, quando comerciavam óleo e ossos de baleia para Boston e Nova York. Dessa época em diante, tanto em Itaparica quando em Nantucket, baleeiras caçaram espécies de cetáceos nas respectivas costas atlânticas durante um longo tempo. As suas histórias apontam mudanças, permanências e singularidades no método de capturar, processar e comercializar os seus derivados. O que era similar e o que era diferente nas duas promissoras ilhas atlânticas na atividade da baleação ao longo dos séculos XVIII e XIX, quando a economia capitalista se internacionalizava e quando o tráfico de escravos caminhava para o fim nos EUA (ela foi abolida legalmente em 1807), embora persistisse no Brasil por mais algum tempo.
4.1 CAÇA AS BALEIAS NO BRASIL
No Brasil, em 1912, surgiu a primeira empresa nipo-brasileira de caça/pesca, a COPESBRA (Companhia de Pesca do Norte Brasileiro), influenciada pela Nippon Reizo Kabashiki Kaisha, do Japão.
Localizada no nordeste brasileiro, mais precisamente em Costinha - Paraíba, a COPESBRA iniciou suas atividades, abolindo minimamente
o mercado de trabalho, com 134 Vagas de emprego para brasileiros.
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