PICV - Interações transfronteiriças / Guaíra- Pr e Salto del Guairá Paraguay
Por: Juliana2017 • 12/9/2018 • 2.324 Palavras (10 Páginas) • 307 Visualizações
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OBJETIVOS(S)
Objetivo Geral:
Analisar interações transfornteiriças de trabalho formal e informal entre as cidades de Guaíra (Paraná - Brasil) e Salto Del Guairá (Canindeyú - Paraguai).
Objetivos específicos:
Compreender como se deu a formação territorial das cidades de Guaíra e Salto Del Guairá;
Analisar como se estabeleceram e ainda se estabelecem interações transfronteiriças de trabalho entre as cidades de Guaíra e Salto Del Guairá;
Investigar a natureza e avaliar o papel das interações transfronteiriças entre as cidades de Guaíra e Salto Del Guairá situadas num segmento da fronteira brasileiro-paraguaia;
Entender as motivações pelas quais as pessoas migram de Guaíra-Paraná em busca de emprego em Salto Del Guairá - Paraguai. Compreendendo o caráter da ilegalidade do trabalho em ambiente estrangeiro.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para compreender a formação das cidades de Guaíra (Paraná)/Salto Del Guairá (Canindeyú) e o tipo de interações transfronteiriças que se desenvolveram e ainda hoje se desenvolvem torna-se imprescindível compreender em que consiste a territorialidade, já que, todo espaço construído e habitado se dá por meio de relações de sociabilidade. Em outras palavras, a territorialidade se processa sobre um determinado espaço geográfico por meio de relações sociais, como a produção, a troca, o consumo, que são animadas pelas ações ou interações de diferentes atores em tempos distintos. Portanto, para apreender a constituição territorial de um determinado espaço geográfico é necessário também considerar seu processo histórico, no espaço-tempo, como sugere Raffestin: "[...] a análise da territorialidade só é possível pela apreensão das relações reais recolocadas no seu contexto sócio-histórico e espaço temporal [...] não é possível compreender [a] territorialidade se não se considerar aquilo que a construiu, os lugares em que ela se desenvolve e os ritmos que ela implica” (RAFFESTIN, 1993, p.162).
Desta forma, e considerando que as cidades fronteiriças são territorialidades de contato e de interações, é possível apreender a natureza as formas e a tipologia das interações transfronteiriças de um determinado espaço de fronteira. Por interações entendemos aqui a ação recíproca entre dois ou mais atores num determinado espaço relacional, ou seja, um sistema de relações que se transladam no tempo e no espaço, cujas interações podem ser de ordem econômica, sociais, culturais e migratórias dentre outras. As interações espaciais, de acordo com Roberto Lobato Corrêa (1997), estabelecem,
[...] um amplo e complexo conjunto de deslocamentos de pessoas, mercadorias, capital e informação sobre o espaço geográfico. Podem apresentar maior ou menor intensidade, variar segundo a frequência de ocorrência e conforme a distância e direção, caracterizando-se por diversos propósitos e realizando-se através de diversos meios e velocidades. (CORRÊA, 1997, p. 279 e 280).
Mais adiante esse autor esclarece que as interações espaciais devem ser entendidas como elementos complementares no processo de reprodução do capitalismo e não como puros e simples deslocamentos de pessoas, mercadorias, capital e informações no espaço. De acordo com ele, “as interações espaciais refletem as diferenças de lugares face às necessidades historicamente identificadas. No que concerne às transformações, as interações espaciais caracterizam-se, preponderantemente, por uma assimetria, isto é, por relações que tendem a favorecer um lugar em detrimento de outro [...]” (CORRÊA, 1997:279 e 280).
A análise das interações em cidades fronteiriças pode ser apreendida também a partir da noção de rede, já que as interações pressupõem entrelaçamento de lugares e pessoas gerando fluxos de diferentes naturezas e que podem estar articulados em diferentes escalas e não somente entre as cidades deste segmento de fronteira. Assim, associar a noção de rede à análise de fronteiras significa, também, aceitar a proposta sugerida por Machado (1998):
A palavra rede é empregada hoje em numerosos campos de investigação [...]. No entanto, seu sucesso não se limita à representação de objetos concretos em situações particulares; se deve igualmente a sua utilização como instrumento heurístico. [...] a utilização das redes como instrumento heurístico se deve à representação da ação a distancia, que se associa, assim, a extensão territorial. [...] as redes ajudam a compreender a relação entre territórios e a ação a distância [de interações espaciais]. (MACHADO, 1998, p. 45).
Podemos assim empregar a noção de rede na análise das interações transfronteiriças entre as cidades de Guaíra e Salto Del Guairá, pois “as redes tendem a ser um elemento-chave de estruturação dos espaços regidos por laços de proximidade geográfica” (DIAS, 1996:140). Nessa perspectiva, interessa-nos também analisar como as redes geográficas e de intercambio legal ou ilegal atuam em um determinado espaço de fronteira. Daí a relevância do estudo aqui proposto no sentido de compreender as a tipologia das interações transfronteiriças numa determinada área de fronteira de nosso país com o Paraguai, sobretudo em lugares ocupados por duplas ou tríades de cidades.
METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos para atingir nossos objetivos fundamenta-se na compreensão de que o entendimento de uma dada realidade pode e deve ser buscada na pluralidade teórica e metodológica. Portanto, nossos procedimentos serão os seguintes:
- Revisão bibliográfica sobre o tema da pesquisa aqui proposto;
- Coleta de dados através de entrevistas com a população, de modo geral, das cidades de Guaíra e Salto Del Guairá sobre o processo histórico de formação dessas cidades e das interações transfronteiriças de trabalho sendo essas legais e ilegais; Esses dados visam compreender, como se deu a constituição das cidades e de suas relações transfronteiriças;
- Busca de mapas que evidenciem os processos de ocupação do espaço fronteiriço;
- Consulta de dados, referente a recentes mudanças, na organização de determinados pontos dessa zona de fronteira, decorrentes do Mercosul, em órgãos municipais, estaduais e federais de ambos os lados do limite internacional.
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