Repertório: Uma proposta pedagógica no ensino superior de jornalismo
Por: Juliana2017 • 18/5/2018 • 1.583 Palavras (7 Páginas) • 363 Visualizações
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Após a adesão da nova atividade, os alunos foram divididos em 3 grupos de 10, 10, e 12 pessoas, respectivamente. E a cada semana, os membros de um grupo apresentavam, individualmente o seu repertório.
Com os recursos data show, quadro e giz, caixas de som, cada aluno apresentava, a todos, algo que considerava interessante de ser mostrado, do ponto de vista cultural: trailers de filmes e seriados, músicas, sites, trechos de espetáculos, livros, personagens reais, fotos, ilustrações, entre outros.
No último dia da atividade, três repertórios foram escolhidos por aqueles alunos que optaram produzir o artigo científico, através dos critérios “ineditismo e “interessante”. Os ganhadores receberam um kit “Agrados”, composto de pequenos e lúdicos objetos, tais como iô-iô, CD de nova banda mineira, trena, chocolate, caneta, marca-textos, bombom, bloquinhos, etc.
Ao final, todos foram convidados a preencher um questionário anônimo de pesquisa, inclusive os que produziram o artigo científico, a fim de que a proposta pedagógica Repertório fosse avaliada.
DESCRIÇÃO DO PROCESSO/EXPERIÊNCIA
A cada semana, antes da explanação do conteúdo da disciplina, cerca de 40 minutos eram reservados ao grupo de alunos daquele dia que, individualmente, apresentavam, em 3 minutos, as atrações do seu repertório. A atividade acontecia na aula de quarta-feira às oito horas da manhã. Apesar de interrupções de alunos que chegavam atrasados e de imprevistos técnicos, tais como mau contato de fios, falta de som e, ou de imagem, todos conseguiam se apresentar. O clima era de descontração e competitividade. Alguns alunos se exaltavam, batiam palmas e até gritavam.
Cada aluno apresentou três atrações do seu repertório. Dentre as 95 apresentações (uma aluna faltou um dia), no semestre letivo, 24,2% apresentaram filmes e documentários, 23,15% falaram sobre livros, 18,9% abordaram música e 10, 5% trouxeram blogs e sites. Apenas 4,2% citaram matérias jornalísticas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A “censura livre” que permitiu a todos apresentarem o que tinham vontade, sem limite ou crítica de conteúdo e a quantidade de 95 apresentações (sendo 3 para cada aluno) pode ter banalizado a atividade. Acostumados aos conceitos de grade curricular, normas, regras e disciplina, uma minoria dos alunos não se esmerou em apresentar repertórios inéditos e surpreendentes, já que a livre e simples apresentação contava pontos e não eram julgados pela qualidade do que apresentavam. A maioria dos alunos, mesmo respondendo à pesquisa que a atividade contribuiu ao seu enriquecimento cultural, se comportou como se a atividade tivesse um caráter somente lúdico. O riso, algumas vezes descontrolado e o excesso de jocosidade foram percebidos como um estranhamento à liberdade incomum dada em sala de aula. Desse comportamento, algumas questões surgem: por que numa proposta de abertura da grade curricular, o aluno solto tende a bagunçar, avacalhar, alguns até a menosprezar a atividade proposta? Por que os alunos, mesmo os que pedem e reclamam mudanças, sentem-se mais à vontade e consideram mais séria a proposta didática que impõe regras e juízos de valor?
Por outro lado, a alegria e a descontração demonstradas pelos alunos foram consideradas como um indicativo de que a mudança para uma educação participativa torna-se mais possível, num ambiente em que alunos e professores dialogam, discutem juntos os conteúdos programáticos e a escola finalmente se transforme em Círculos de Cultura (FREIRE, 1999).
A eleição do site www.releituras.com, um resgate da memória literária mundial, como o mais enriquecedor, e não de uma apresentação divulgada pela grande mídia (e portanto, mais conhecida) demonstrou que os alunos (quem elegeu) reconhecem a importância da atividade. Apesar da falta de comprometimento com a qualidade por parte de alguns, a prática mostrou-se inovadora e impactante e respostas ao questionário da pesquisa apontam para a continuidade da atividade, com outras turmas, em outros semestres. Dessa vez, assim como sugeriram os questionários de pesquisa, o repertório terá limites mais demarcados, normas novas em que, por exemplo, cada aluno deve apresentar ao longo do semestre, repertórios ligados à arte, à pesquisa, ao jornalismo. Os temas deverão ser mais diversificados, abrangendo, inclusive questões filosóficas e pensadores do jornalismo. É importante concluir que enriquecimento de repertório se faz ao longo do tempo e que somente com o tempo, percebe-se o enriquecimento da bagagem intelecto-cultural.
6. Referências Bibliográficas
AMARAL, L. Jornalismo: matéria de primeira página. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1997.
DINES, Alberto. O papel do jornal: e a profissão de jornalista. São Paulo: Editora Summus, 1986.
DUAILIBI, R., SIMONSEN, H. Criatividade & marketing. São Paulo: Makron Books, 2000.
FREIRE, Paulo. A Educação como Prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
LANNES, Joaquim Sucena. OutroOlhar: uma proposta pedagógica de jornal-laboratório cidadão. Revista de Ciências Humanas, Universidade Federal de Viçosa, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, vol. 9, nº 2, Viçosa: UFV, CCH, 2009.
MUCCI DANIEL, L. Gestão de produtos e serviços. Apostila de sala de aula do Curso de Pós graduação MBA em Comunicação Empresarial – Univiçosa, Viçosa, 2011. 60f.
REPERTÓRIO. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Repert%C3%B3rio. Acesso
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