Etnografia - UM OLHAR SOBRE OS PAPÉIS DE BANDEJA PRESENTES EM ESTABELECIMENTOS ALIMENTÍCIOS E O COMPORTAMENTO HUMANO DURANTE AS REFEIÇÕES EM LOCAIS PÚBLICOS

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Nesse estabelecimento, os clientes se vestiam de modo mais informal, o uso de chinelos era algo comum. Mulheres e homens faziam o uso da calça jeans.

Outro fato observado foi a quantidade expressiva de estudantes que, ao saírem da escola, almoçavam por lá. Um estudante comentou que já havia virado rotina, todos os dias após as aulas. Ele e um grupo de amigos pegavam o MOVE até o local, atravessavam a passarela e faziam um lanche antes de retornarem para casa. Nenhum dos estudantes observados sequer olhou para os papéis de bandeja e a maioria não retirou o lixo da mesa ao acabar a refeição.

- McDonald’s do BH Shopping e Boulevard Shopping

Diferentemente do fast food da Avenida Afonso Pena, o McDonald’s agora em questão é integrado ao BH Shopping, na praça de alimentação. Divide espaço com diversos restaurantes e é frequentado por pessoas que estão passeando pelo shopping. Por ser um shopping mais afastado da cidade, as lojas possuírem um preço mais alto para quem quiser consumir e o estacionamento ser mais caro, o local acaba por ser frequentado por pessoas com um poder aquisitivo maior.

Os frequentadores do BH Shopping, geralmente, usam roupas com caráter mais formal. O ambiente possui ar condicionado e muitas mesas espalhadas pela praça de alimentação. É um local barulhento, muitas pessoas conversando, rindo e crianças gritando.

Durante algumas horas de observação, notamos que o principal público na parte da noite é composto por pessoas que saem do cinema e vão fazer um lanche no local, onde, mais uma vez, o público mostra ser predominantemente jovem.

As pessoas fazem o pedido, pegam a bandeja e sentam na praça de alimentação, que é comum a todos os restaurantes da área. Alguns restaurantes têm seu espaço próprio e não dividem com os demais. Poucas pessoas de fato leem o que está escrito nos papéis, a maioria apenas dá uma olhada e segue com a refeição.

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Cliente do MC Donald's mexe no celular durante refeição

Após conversar com algumas pessoas, uma história chamou a atenção. Um menino de apenas 12 anos, acompanhado do pai, disse que guardava todos os papéis após os lanches no McDonald’s, o qual disse frequentar pelo menos uma vez por semana. Em um tom chateado, contou também que a funcionária doméstica que trabalha em sua casa jogou parte de sua coleção no lixo. Ele disse que teve que recomeçar a coleção e hoje conta com aproximadamente vinte papéis, mas que já tinha chegado a ter mais de cem. O pai confirmou a história e disse que sempre pede para colegas de trabalho levarem papéis para ele quando lanchassem em qualquer McDonald’s.

No Boulevard Shopping, as observações feitas foram praticamente as mesmas do anterior. A diferença foi o tema do papel de bandeja, que era um tabuleiro do jogo Monopoly, onde o objetivo dos jogadores é comprar propriedades e falir seus concorrentes. Esse papel permitia uma interação entre as pessoas que estivessem lanchando, algumas crianças chegavam a pedir um papel extra para jogar enquanto faziam seu lanche.

Outro dado presente no papel de bandeja do McDonald’s era o valor nutricional em seu verso, mostrando todas as informações acerca do que é vendido no estabelecimento. Poucas pessoas tiveram o interesse de olhar esses dados.

- Estabelecimentos alimentícios do Shopping Boulevard

- Burger King

O comportamento dos clientes desse fast food se assemelha com o dos clientes do McDonald’s. A diferença que se pode constatar através do contato com essas pessoas foi de que elas procuram um lanche mais farto. Também disseram não gostar do McDonald’s por serem servidas porções pequenas e preços altos, além do refrigerante que no Burger King ser refil, podendo repetir quantas vezes desejar em um determinado período de tempo.

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Clientes aguardam na fila para fazer pedido no Burger King

O papel de bandeja do Burger King vem com ofertas de lanches do estabelecimento, geralmente de uma sobremesa. A “sacada” desse fast food foi bem interessante, já que muitas pessoas quando terminam o lanche e olham para o papel, veem uma bela foto de um sorvete, milkshake ou similares. Grande parte dos clientes acaba voltando ao local e pedindo uma sobremesa.

Da mesma forma que os clientes do McDonald’s agem, os do Burger King também não costumam retirar as bandejas quando terminam as refeições, o que é feito com agilidade pela equipe de limpeza do local.

Uma mesa não fica suja por mais de dez minutos, é regra do shopping, e pudemos perceber isso na prática. O ambiente está sempre limpo e as bandejas são recolhidas com rapidez.

- Patroni Pizza

A pizzaria fica entre um restaurante italiano e um oriental. O público é bem diferenciado, varia com o período observado. Na parte da tarde durante os dias úteis, principalmente na hora do almoço, é muito frequentado por funcionários de empresa, que saem juntos para almoçar. Costumam ficar em mesas unidas, normalmente um grupo de oito a dez pessoas. Na parte da noite, também é frequentado por esse público, que após o trabalho, fazem uma espécie de happy hour. Nos fins de semana, na parte da noite, famílias são os clientes mais comuns.

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Fachada da Patroni Pizza

Os papéis de bandeja da Patroni Pizza vêm com ofertas e com um cardápio no verso. O cliente, enquanto come, pode escolher mais uma refeição ou optar por uma sobremesa.

Os clientes desse estabelecimento possuem um comportamento diferenciado no fim da refeição. Eles costumam, em sua maioria, levar a bandeja até o lixo, jogar fora os descartáveis e colocar os pratos na parte superior da lixeira. O que acabou por ser algo bem intrigante, já que nos fast foods, tudo pode ser jogado fora de forma muito mais fácil, pois tudo é descartável, mas praticamente ninguém o faz. Na pizzaria, mesmo tendo que separar garfo, faca e prato, jogando somente papel e copo no lixo, os clientes criaram esse hábito.

- Boca do Forno na PUC Minas

O único local observado que é mais restrito a um público, pessoas ligadas de alguma forma à instituição de ensino PUC Minas. Geralmente são alunos, professores, funcionários ou convidados da universidade.

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