A Teoria da Comunicação

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Como em outros países, sua obra também provocou divisão no Brasil. As publicações das suas obras aconteceram justamente nessa década marcada por repressão e perseguição. O acolhimento do pensamento mcluhaniano no Brasil refletiu no movimento político do momento.

Por conseguinte, a primeira fase que introduz a chegada do trabalho do pesquisador no Brasil, foi marcada por uma forte ambiguidade que dividiu os autores da área, pois causaram muita polêmica. O autor foi visto, por muitos teóricos brasileiros, como sendo conservador e reacionário, já que tinha como preocupação a questão tecnológica. Esses autores apontavam e criticavam o caráter determinista da produção do autor e se ressentiam da ausência de um posicionamento político.

Membros da sociedade acadêmica e dos intelectuais da época ficaram maravilhados com o trabalho de Luhan, e logo se propuseram fazer a tradução de suas obras. Foi admirado e até dicionarizado, por outros, tidos como o ingênuo capaz de, num momento político tão delicado para o mundo, voltar seu foco para o debate sobre a tecnologia. Independente das opiniões era impossível não mencionar o pensamento instigante e provocador de McLuhan.

Quando o melhor é não falar mais sobre isso, prevalece o silêncio. O pensamento de McLuhan no Brasil foi marcado predominantemente pelo silêncio. A polêmica e o frisson que autor causou com a chegada de seus livros, não resistiram ao peso da ditadura.

O debate político era autoritário, inclusive no âmbito da Comunicação. As décadas de 80 e 90 marcam o fim da ditadura militar e as décadas que se seguiram, foram de abertura democrática para o Brasil e América Latina; novas perspectivas para a pesquisa em Comunicação evidenciada pelo aumento dos cursos de graduação e pós-graduação. Esse momento marcou também, um longo silêncio com relação à obra de McLuhan. Menos citado e mais esquecido, o autor se tornou o capítulo perdido, o pensamento exótico.

A apropriação é marcada por um intenso resgate da obra do autor. No final dos anos 90, tanto no Brasil quanto em diversos países do mundo, que o pensamento mcluhaniano passa a ser outra vez relembrado, revisitado e celebrado. Nesse período além da consolidação da democracia no país, inicia a ampliação da pesquisa em Comunicação.

Novos elementos entram em foco e a tecnologia ganha um lugar privilegiado. A análise em Comunicação passa a olhar para outros elementos, entre eles, a internet. O interesse nesse assunto ajudou a concretização da terceira fase da repercussão do pensamento de McLuhan no Brasil.

O teórico, agora é observado de outra maneira, é apropriado, revisitado e relembrado. Redes sociais virtuais, blogs, cibercultura, e portais da internet são alguns dos álibis para o regaste do pensamento de McLuhan na pesquisa em Comunicação brasileira. A despeito das outras fases, essa última é apontada pela apropriação do pensamento do autor, especialmente, por causa da chegada da internet, que marca definitivamente McLuhan como um dos principais pensadores na nossa era.

Luhan sempre esteve à frente de seu tempo, trazia consigo, a capacidade de perceber aquilo que acontecia ao seu redor. Um século depois, o pensador permanece atualizado, polêmico e incompreendido, como sempre o foi. Vale ressaltar, a importância de se resgatar, o legado de um estudioso de renome no âmbito da Comunicação mundial, que apesar de não ter sido compreendido, hoje é aclamado como um visionário que antecipou as respostas para as quais ainda não havia questionamentos.