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Uma Cidade a Transformar, um Mundo a Transformar

Por:   •  12/3/2018  •  7.407 Palavras (30 Páginas)  •  257 Visualizações

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A sua resposta também não é original. Vocês provavelmente já terão ouvido e lido algo semelhante várias vezes. Mas vale a pena transcrever uma ou duas breves passagens. Afinal, ele é o homem que dirige a instituição internacional devotada à cultura e à educação.

A humanidade ainda pode ser salva? Sim, se conseguirmos combinar crescimento com desenvolvimento sustentável, em lugar de enxergar os dois como contraditórios. Mas como isto pode ser feito? Precisaremos mais conhecimento, mais contenção, menos matéria, mais concretude e mais – não menos – ética e política.

(...)

Mas a maior transformação de nossas sociedades se dará no campo das atitudes. Como poderemos desmaterializar a produção se continuamos a ser materialistas? Como poderemos reduzir nossos consumo se nosso consumidor interior devora nosso lado cidadão? A resposta está na educação para o desenvolvimento sustentável. (2008: A3).

Como entre outros incontáveis estudiosos do futuro ameaçado da humanidade, este economista de carreira devolve não aos seus iguais, mas a nós, educadores, a tarefa de realizar o mais necessário: transformar mentes e sensibilidades através d formação de pessoas que transformem os seus modos de viver e, assim, transformem os mundos em que vivem. Nada mais. Nada menos.

Dentre os vários livros que tenho lido a respeito do presente e do futuro da Humanidade e da Vida na Terra, um dos que mais me marcou tem um nome bastante sugestivo: Colapso. O seu autor, Jared Diamont, um cientista norte-americano, ao invés de pesquisar o presente para prever o futuro, volta-se ao passado para pensar o presente.

Ele faz demorados estudos a respeito de civilizações antigas e mais recentes. Povos das mais diferentes regiões da Terra, como os habitantes da ilha da Páscoa e os vikings na Groenlândia. E ele estuda, com foco em cinco fatores que constituiu para a sua pesquisa, cidades, povos, civilizações como os maias e os pascoenses, que após um período de apogeu econômico, político e cultural desapareceram (como os da Ilha da Páscoa) ou decaíram muito (como os maias por ocasião da chegada dos espanhóis). Sua pergunta é a mesma que a nossa: “porque alguns povos, algumas civilizações deram certo em suas relações com a natureza e com a sua prosperidade, e se perpetuaram em equilíbrio, enquanto outras fracassaram ou decaíram?”

Não vale a pena entrar aqui em detalhes de seu livro, mas eu o indico fortemente a quem se interesse por questões de prosperidade com sustentabilidade. O que importa aqui de todo o seu livro, é o fato de que uma parte importante de suas conclusões faz eco com o que vimos escrito acima. E com o pensamento de pessoas que vão de Paulo Freire a Fritjof Capra, de Marcos

Arruda a Edgar Morin, de Albert Einstein ao Mahatma Gandhi, de Leonardo Boff ao Dalai Lama, dos cientistas do “Clube de Roma” aos educadores ambientais reunidos em um último congresso internacional. De nada adiantam descobertas científicas, aplicações providenciais de tecnologia de ponta, decisões políticas locais, regionais ou internacionais, se não conseguirmos mudar o coração e a mente das pessoas. Se não conseguirmos nos transformar e transformar aqueles a quem ensinamos, a quem educamos, a quem formamos.

Vivemos agora um período da história humana em que descobrimos que mega-metas e grandes projetos intercontinentais valem como horizontes, mas não servem como propostas e projetos concretos de algum tipo de transformação de pessoas, de sociedades, da humanidade e da Terra. O que nos pode conduzir a um presente fecundo e a um futuro promissor está na interconexão de inúmeras, de incontáveis, perduráveis e bem-sucedidas experiências de âmbito local ou, no limite, regional. Delas e das redes que elas podem e devem construir entrelaçando pessoas e instituições de um mesmo lugar, de um mesmo povo, de um mesmo continente, de uma mesma humanidade.

Olhe para você mesmo, para você mesma, e se pense, e se avalie, antes de olhar e julgar outras pessoas e outras instituições. Se o “jardim de sua casa”, se o lugar de vida pelo qual você se sente responsável por “fazer alguma coisa”, terminar no portão de sua casa, então – mesmo sendo um professor, uma educadora – permita que eu lhe diga que sua consciente é ainda individualista e que você ainda tem – como todas e todos nós – muito a aprender.

Se o “jardim de sua casa” estender-se à sua rua, ao seu bairro, à sua cidade, quem sabe? É provável que você tenha saltado para o que temos chamado em nossos cadernos uma pessoa com uma consciência cidadã. Espero que você lembre que procurei dizer o que “isto é” da maneira mais simples: é a pessoa que não apenas mora em um lugar e vive em uma cidade, mas uma alguém que se sente co-responsável por estar ali, morar ali, viver ali e ali partilhar com outras pessoas a sua própria vida. E, “partilhar”, significa, co-responder junto com outro pelo que possa tornar “este lugar” mais solidário, mais democrático, mais saudável, mais educador, mais inclusivo, mais sustentável. Mais feliz, enfim!

Se, mesmo vivendo e realizando “a minha parte”, dentro dos limites reais de: “ minha rua”, de “meu bairro”, de “minha comunidade”, de “minha escola”, você se reconhece como alguém que “a partir daqui de onde eu vivo” está ligada e unida a outras incontáveis pessoas e grupos de pessoas que partilham de um mesmo afã de recriar a vida e “salvar a Terra”, então acrescente à sua consciência cidadã o ela ser também uma consciência planetária.

Vejamos como. Passo a passo.

- Estar situado onde? Para viver o quê? Para fazer o quê? - coragem

Vivemos sempre uma vida plural, coletiva, entre momentos sucessivos de competição e de cooperação, de interesse pessoal e de solidariedade, de individualismo e de individualidade, de isolamento e de participação. Preservamos com o maior cuidado o que “é meu” ou, em termos familiares, “o que é nosso”. Zelamos por nossas vidas e pela vida dos nossos. Cuidamos de nossas “propriedades particulares – do carro ao cachorro – e somos capazes de nos empenhar em difíceis confrontos com outros “por causa delas”.

Experiências e estudos realizados em todos os recantos do planeta demonstram que a passagem do bem individual para o bem comum é difícil e trabalhosa. Somos absolutamente dependentes de pessoas, grupos, instituições e comunidades sociais em e de que vivemos. Mas estabelecemos nem sempre justas e eqüitativas diferenças entre a qualidade de presença,

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