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TEORIA DA DEPENDÊNCIA E TEORIA NEOLIBERAL: A passagem do desenvolvimento associado para o capitalismo globalizado e sua inferência para as relações de trabalho

Por:   •  25/2/2018  •  2.442 Palavras (10 Páginas)  •  393 Visualizações

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As relações transnacionais, globais, acabam influenciando diretamente na atuação governamental do país em questão (Brasil), bem como nas relações estatais com a sociedade, isso devido a reestruturação que ocorre no Estado por conta dessas novas características. O Estado passa a estar mais concentrado na sua relação com a economia, que agora é mais ampla e denominada não mais como subdesenvolvida e seus derivados, mas como emergente, seguindo os padrões estabelecidos pelos órgãos globais como o Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Organização Mundial do Comércio. Estas relações transnacionais evidenciam a dialética do desenvolvimento que compreende o subdesenvolvimento de alguns países/regiões como resultado característico do que determina o desenvolvimento dos demais. A concentração da acumulação de capital em escala mundial põe em evidência, também explicitas pelas teorias da dependência e das concepções acerca do subdesenvolvimento, a dependências dos países periféricos em relação aos países de economias centrais estruturalmente determinadas, isto é, não passíveis de superação apenas via manejo adequado do instrumental econômico. (CARCANHOLO, 2009; IANNI, 1964).

Nesse período de reestruturação do Estado, no cenário globalizado, Ricardo Antunes e Giovanni Alves (2004) pontuam mutações que ocorrem, principalmente, no mundo do trabalho, onde o Taylorismo tal qual o Fordismo que estavam presentes na organização da maioria das empresas no século XX, começam a sumir. Surgem diversas precarizações no trabalho, com menos direitos, além de:

- Retratação do taylorismo e fordismo;

- Aumento do trabalho formal precarizado;

- Inserção de mulheres no mercado de trabalho, representando outro viés da exploração do capital, que é a exploração do trabalho feminino;

- Crescimento no setor de serviços (fenômeno do capitalismo contemporâneo cresce o setor de serviços e decai o industrial);

- Exclusão dos jovens no mercado de trabalho (submeter a trabalhos bastante preconizados, trabalho parcial, explorar máximo possível e manter parte como exercito de reserva);

- Exclusão dos idosos (substituição por pessoas mais jovens e menos especializadas);

- Expansão do 3° setor (ONGS, organizações não mercantis);

- Aumento de o trabalho domiciliar (trabalho descentralizado);

- Trabalho transnacional (cadeias produtivas fragmentadas que não se concentram em um único lugar).

Houve também uma transformação, apontada por Antunes & Alves (2004) onde essas novas formas de trabalho se disseminam por todo o globo, tirando a ideia de Estado/Nação, mas há uma livre mercadoria de capital, as empresas se tornam multinacionais, o dinheiro circula de acordo com necessidades momentâneas. Podemos perceber então, que se opõem umas as outras as teses que defendem o esgotamento e o fim do trabalho e sua classe e os fatores que determinaram a crise e as metamorfoses do mundo do trabalho no contexto de mundialização do capital.

A classe trabalhadora dos séculos XX e XXI compreendia a totalidade dos assalariados, homens e mulheres que viviam da venda da sua força de trabalho e que eram (e continuam sendo) despossuídos dos meios de produção. Com o processo da globalização, pode-se constatar uma perda significativa de direitos e de sentidos, em sintonia com o caráter destrutivo do capital vigente. Em conjunto com um processo de abertura e desregulamentação econômica também adveio a pressão pela flexibilização das relações de trabalho, que torna o emprego mais incerto, inseguro e precário; um ambiente de baixo e instável crescimento econômico na maior parte dos países, o que contribuiu de forma bastante decisiva para a deterioração do mercado de trabalho, especialmente com a elevação do desemprego e da informalidade. Em paralelo se encontram diretamente relacionadas tais relações de trabalho com o par dialético que se refere ao desenvolvimento e o subdesenvolvimento. Ao entender a dependência e seus condicionantes históricos estruturais se delimitam três importantes condicionantes: a redução dos preços dos produtos exportados por economias dependentes; remessa de excedentes dos países dependentes para os avançados sob a forma de juros, amortizações, dividendos, royalties; e a instabilidade dos mercados financeiros internacionais, o que implica normalmente no aumento nas taxas de juros para o fornecimento de crédito aos países dependentes. Tais elementos condicionantes da dependência provocam uma forte saída estrutural de recursos dos países dependentes provocando estrangulamento externo e restrições externas de crescimento, de maneira que o capital interno encontre na produção de excedente o único meio para crescimento. (ANTUNES & ALVES, 2004; CARCANHOLO, 2009).

Apesar de a classe trabalhadora atual (assalariados que vendem sua força de trabalho) ter sofrido diversas transformações ao longo do tempo, ela permanece, e com ela seu sentido estruturante. Essa classe vem sendo influenciada e modificada por diversas tendências, como já citado acima. Segundo Antunes & Alves (2004), há uma nova formulação do mercado de trabalho atual que vem se estabelecendo e que é oriunda da grande mudança que o trabalho e a vida do trabalhador vêm sofrendo desde a Revolução Industrial. Em tempos de Globalização a classe trabalhadora hoje é fragmentada, bem mais heterogênea e diversificada. “Essa nova forma de trabalho gera um “novo” capitalismo” que se fortalece com a diversidade e apresenta varias características.

A mutação no mundo do trabalho vem acontecendo a cada dia, porém apesar de a classe trabalhadora estar bem diferente da existente em meados do século passado, apesar da inserção das maquinas informatizadas fazerem com que diminua também o conjunto de trabalhadores estáveis e formais dentro das empresas, essa classe não está, por isso, próxima de seu desaparecimento. Muito pelo contrario, a classe vem ao longo dos tempos se transformando e se adaptando para continuar atual e ativa no mercado. As transformações são necessárias e vão estabelecendo uma reconfiguração dos que vivem do trabalho. Com a desestruturação crescente e a ampliação do desemprego estrutural programam-se alternativas para a relação Capital versus Trabalho. A forma de produção do capital associada a condição de dependência acaba por resultar na superexploração da força de trabalho, que implica necessariamente no acréscimo da proporção

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