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RESUMO RAÍZES DO BRASIL

Por:   •  14/11/2018  •  2.357 Palavras (10 Páginas)  •  373 Visualizações

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2.2 TRABALHO E AVENTURA

Para Sérgio, existem dois tipos de personalidades com ideais diferentes: um com principio aventureiro e outro com principio de trabalhador.

O Aventureiro busca lucro fácil em período rápido. Grandes recompensas, grandes desafios, grandes riscos. Ele tem uma mentalidade coletora, não produz, apenas coleta aquilo que não é dele, dessa forma se apropria de coisas que a natureza pode oferecer. Ele pensa mais nos objetivos do que como chegar neles. É de sua natureza negligenciar os meios, portanto é um irresponsável e inconsequente. Por ser assim, o aventureiro consegue aquilo que a maioria das pessoas não conseguirá, afinal ele se arrisca mais, sem parar para refletir nas consequências que aquilo pode lhe causar.

Por outro lado, existe o trabalhador. Ele enxerga primeiramente a dificuldade que vai ter que enfrentar para poder vencer, em seguida pensa no que vai ganhar vencendo essa dificuldade. Ele é realista, calcula mais que o aventureiro. É metódico, racional. Pensa mais nos meios de ação do que nos fins. Ele naturalmente chega menos longe, pois têm medo de se arriscar, mas mesmo assim o que ele consegue é mais duradouro do que as coisas que o aventureiro obtém. Sendo assim, diferentemente do aventureiro, o trabalhador produz, ao invés de se apropriar das coisas. O incerto jamais combinará com ele, por isso busca recompensas seguras, exatas, porque são longas.

Levando em consideração essa abordagem psicológica de dois personagens distintos, quem colonizou o Brasil foi o aventureiro. O Perfil dos aventureiros desbravadores era de jovens, pessoas que não tinham muitas posses, alguns tiveram problemas com a moral católica, problemas judiciais, entre outros. Embora seja fato o espírito egoísta presente neles, a necessidade de aventura foi crucial para que eles enfrentassem as dificuldades encontradas nas terras colonizadas.

Outra característica dos portugueses, cuja particularidade poderá ser notada posteriormente na cultura brasileira, é a maleabilidade, ou “plasticidade social” frente às adversidades encontradas pela vida, isso é refletido através da falta de apego às tradições. Expondo dessa forma a capacidade adaptativa, afinal os bandeirantes souberam se apropriar brilhantemente dos conhecimentos dos índios, inclusive sobre quais animais são venenosos, como caçar, como se proteger, como se comunicar com índios, entre outras coisas mais. De fato, eles não se impuseram contra a realidade, apenas deixaram que ela os forjasse, evidenciando ainda mais essa plasticidade.

2.3 HERANÇA RURAL

As cidades que surgiram perante esse contexto, eram nada mais que feitorias, afinal elas tinham pouca importância, não ultrapassando a margem de polos administrativos e comerciais, pequenos.

Outra característica notória da colonização é o que pode ser denominado de “esplendor rural”, de forma simples quer dizer que o grande centro social do Brasil colonial é as grandes fazendas, sobretudo aquelas localizadas no litoral nordestino. O campo predomina sobre a cidade, denotando uma sociedade eminentemente rural e agrária, onde a cidade depende do campo na medida em que ela é apenas um acessório do campo. A essência social, portanto, é projetada e materializada no campo.

As fazendas funcionavam como grandes organismos de sobrevivência autônoma, ou seja, se bastavam. Essa modalidade de vida social fez com surgisse uma cultura doméstica, provinciana, eminentemente rural. Os valores pessoais eram familiares, domésticos. Prova disso é que existia muita disputa entre as famílias, mas dentro delas prevalecia apenas à harmonia do convívio. Criando-se, de certa forma, laços exclusivistas entre as pessoas, onde os indivíduos deviam fidelidade apenas às suas famílias.

O senhor de engenho era o detentor do poder máximo, não havia nenhum poder maior que pudesse contestá-lo. Inclusive as leis e a aplicação delas eram realizadas através dele. Isso mostra que as noções de justiça e de legalidade nasceram a partir uma autoridade privada, sem levar em consideração ideias mais abstratos e gerais do que realmente é justiça. Sendo assim, as leis nasceram com intuito de favorecer ambições pessoais de seus detentores. Por isso, até hoje, o poder representa os interesses dos grandes coronéis.

Uma problemática que comprova essa característica é a dificuldade de se separar aquilo que é público e aquilo que é privado. Daí tem-se a origem da corrupção brasileira. É bastante banal pessoas usarem cargos públicos para benefício próprio, ou seja, usados para fins privados. Denotando a preponderância, portanto, do particularismo sobre o universalismo, haja vista que quando um indivíduo está entre as normas do Estado e seus amigos, ele prefere desrespeitar as normas em prol do seu amigo.

2.4 O SEMEADOR E O LADRILHADOR

Sérgio Buarque de Holanda analisa a colonização espanhola e portuguesa da América, através da criação de dois novos personagens presentes apenas no mundo das ideais: o semeador e o ladrilhador. O semeador é o colonizador português que ao chegar ao Brasil apenas joga suas sementes ao vento. Para ele, a paisagem trata-se apenas de um local para extração de recursos, de passagem, sem grandes necessidades de investimentos ou desenvolvimentos sólidos.

É conveniente analisar que o colonizador espanhol como ladrilhador, cuidadoso em suas tarefas, estabelece o seu trabalho nas entranhas da colônia, buscando um clima com que se identifique; ao contrario do português que permanece no litoral, afirmando o caráter mercantil na facilidade para o escoamento do fruto de sua exploração.

No Brasil, a exploração litorânea praticada pelos portugueses encontrou mais facilidade no fato de se achar a costa habitada de uma única família de indígenas, que de norte a sul falava mesmo idioma, aprendidos, domesticados e adaptados em alguns lugares, pelos jesuítas. Os portugueses tiveram grandes relações com grupos indígenas que são os “Tupi”.

O semeador e o ladrilhador constituem uma interpretação da cidade colonial da América. Deu-se uma ideia da desordem e do desleixo dos aventureiros portugueses, oposição ao trabalho metódico dos ladrilhadores espanhóis. Os paradigmas do urbanismo dos séculos XIX e XX.

2.5 HOMEM CORDIAL

A cordialidade é alusiva à generosidade: naturalmente é a concepção que se tem acerca desse conceito. Para Sérgio Buarque, a cordialidade é algo diferente da sua acepção original. É a superação

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