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Projeto de Pesquisa Terrorismo

Por:   •  6/12/2018  •  5.493 Palavras (22 Páginas)  •  263 Visualizações

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A discussão do terrorismo ganhou mais relevância após o acontecimento de 11 se setembro de 2001, quando o ataque às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, considerado a maior potência mundial, abalou as estruturas da ordem de segurança internacional, gerando medo e comoção mundial. Este foi considerado por muitos o pior ataque terrorista da história contemporânea e, a partir dele, o mundo despertou em relação às consequências que o terrorismo gera na população civil e na sociedade internacional. O medo, o número de mortes, as chocantes imagens repassadas no mundo inteiro e a curiosidade de se saber quem foi responsável pelo ataque gerou um cenário no qual os grupos terroristas passaram a ser tratados como “inimigos sem rosto”, tornando-se difícil quantificar, nomear e situar esses inimigos.

Desta forma, com o passar do tempo, o terrorismo foi ganhando novas características e novas formas de reconhecimento, o que também contribui para a inexistência de um conceito que defina de fato o que é esse fenômeno, mas muitas vezes, as definições mais usadas são aquelas de caráter ocidental. Um dos conceitos para entendê-lo, seria o de John Hamre citado por Gouvêa (2007)

O terrorismo costuma ser definido como o uso da violência (ou a ameaça dela) por grupos desvinculados do Estado, com os objetivos de semear o pânico em determinada sociedade, de enfraquecer ou mesmo derrubar seus poderes constituídos e de provocar mudanças políticas. (HAMRE apud GOUVÊA, 2007, p.14)

Aos poucos, ele foi abandonando seu cunho tipicamente nacional, ultrapassando as fronteiras estatais e adquirindo uma particularidade transnacional. Além disso, foram criados critérios para distinguir e caracterizar o terrorismo: por exemplo, o mesmo deve ter motivações políticas, deve existir uma violência efetiva e potencial, promover intencionalmente repercussões psicológicas nas vítimas ou alvos e por fim, ser conduzido por uma organização identificável. Atualmente, nos deparamos com o terrorismo de massa, esse termo destaca a transnacionalidade e o tipo de organização em rede, interligado a entidades criminosas e que atuam indiscriminadamente sobre forças militares, população civil, impactando na sociedade mundial de uma forma geral. (SANTOS, 2013, p. 5681)

O ataque à maior influência econômica e política mundial colocou em xeque a soberania dos Estados Unidos, gerando desconforto na efetividade das medidas de segurança do país, possibilitando a criação de muitas teorias que colocaram essa nação como tendo pela primeira vez, a incapacidade de manter uma ordem unipolar no sistema internacional. Ou seja, os impactos proporcionados pelo ataque não foram apenas sentidos e repercutidos internamente no país, mas afetaram o mundo como um todo. Os meses que sucederam o episódio foram marcados por uma tensão mundial e uma ação constante norte-americana.[1]

Diante da situação em que os Estados Unidos se viram, e do medo diariamente enfrentado pelas pessoas, teve repercussão o discurso do Presidente George W. Bush, no qual foi proposta a ideia de “Guerra ao terror”. Em seu discurso, o presidente declarou que iria prover de todos os meios necessários para combater o terror e punir os responsáveis pelo ataque de 11 de setembro, sendo essa afirmação confirmada e autorizada pela S.J Resolution 23.[2] Bush alertou para a necessidade do uso do contraterrorismo, que tem como principais objetivos detectar, identificar e neutralizar as atividades de grupos terroristas. (MAGNOLI apud SANTOS, 2013) O discurso de Bush tentou aproximar ainda mais os laços de solidariedade da população, e gerar dentro de cada cidadão os mitos da origem da identidade norte-americana, destacando que os mesmos conheciam as regras dos jogos e, por isso, todos compartilhavam identidades, fazendo parte de uma mesma sociedade (JUNQUEIRA, 2003). Além disso, o discursou funcionou como um mecanismo de pressão frente ao Conselho de Segurança da ONU, que contribui para a constituição e propagação de normas, regras e valores no sistema internacional. Percebe-se que após a difusão dessas regras pela instituição, os Estados Unidos adotam medidas distintas daquelas recomendadas pelo Conselho de Segurança, o que demonstra o caráter ímpar da atuação norte-americana no combate ao terrorismo no contexto pós-11 de setembro.

A intensificação dos atos terroristas no início do século XXI é responsável por disseminar certos valores no Sistema Internacional. Segundo Hedley Bull (2002)

[...] existe uma "sociedade de estados" (ou "sociedade internacional") quando um grupo de estados, conscientes de certos valores e interesses comuns, formam uma sociedade, no sentido de se considerarem ligados, no seu relacionamento, por um conjunto comum de regras, e participam de instituições comuns. (BULL, 2002, p. 19)

O medo e a insegurança são os principais valores disseminados no ambiente internacional devido à intensificação do terrorismo que estão também ligados a outro valor propagado no sistema: a instabilidade. Os Estados são tomados por um constante sentimento de incerteza em relação ao futuro e ao comportamento dos outros atores, que por sua vez é resultado da própria imprevisibilidade do cenário internacional, fortalecida pelo aumento dos ataques. Ou seja, os Estados que já sofreram um ataque terrorista temem a ocorrência de outro em seu território, enquanto os Estados que não foram atingidos pelo terrorismo passam a temer a ocorrência de um ataque inédito. Isso ocorre porque eles observam que há uma fragilidade, tanto por parte dos Estados quanto por parte da Sociedade Internacional, no que diz respeito ao combate e à prevenção do terrorismo. Desta forma, não há uma garantia efetiva de sua segurança.

As ideias de “solidariedade”, ”sensibilidade” e “comoção” também surgem como importantes valores dentro do sistema. Tanto por parte dos Estados que sofreram ataques como pelos outros, há uma preocupação para com os indivíduos prejudicados pelos atos, os quais na maioria das vezes não estão envolvidos de nenhuma forma com as reivindicações políticas dos grupos. Esses sentimentos coletivos gerados pelo terrorismo são importantes na medida em que contribuem para gerar um ambiente internacional mais unido e cooperativo.

Os valores compartilhados pelos Estados internacionalmente resultam no surgimento de certas normas e regras, como a necessidade de considerar terrorismo uma das maiores ameaças à segurança do século XXI, bem como a de combater e prevenir esse fenômeno imprevisível de uma forma imediata. A propagação de normas, regras e valores, fortalecida pela intensificação do terrorismo, quando internalizada pelos Estados

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