MEMÓRIA COLETIVA E SINCRETISMO CIENTÍFICO: AS TEORIAS RACIAIS DO SÉCULO XIX
Por: Carolina234 • 3/2/2018 • 2.006 Palavras (9 Páginas) • 565 Visualizações
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A pouca dificuldade de ascensão da burguesia de Avis ao trono fez com que essa dinastia se associasse às instituições já existentes, assumindo um papel de condutor da tradição já existente. Continua assim, enfocando no aspecto do mérito pessoal e do livre arbítrio defendido e vivido por portugueses e espanhóis.
Diferentemente de outros povos cristãos (protestantes) do restante da Europa que se comparavam aos ibéricos católicos pelo livre arbítrio, e a apreciação do trabalho, para os portugueses seria mais cômodo e aceitável viver no ócio.
Ao concluir suas observações Sérgio Buarque de Holanda afirma que o transporte da cultura epopeia para o Brasil se deu de forma tão forte que nem mesmo a mistura do europeu com outras raças separou a cultura brasileira das características herdadas dos costumes portugueses.
O capítulo 05 “O homem Cordial” começa analisando a relação entre família e Estado, afirmando que a lei geral suplementa a lei particular havendo nesse sentido, uma abolição da ordem familiar a favor da ordem geral.
O autor toca na questão da fase de transição para a forma de trabalho industrial e assalariado no Brasil, pois grande parte dos costumes coloniais, patriarcais, familiares e rurais continuaram existindo por um grande tempo.
É nessa fase de mudança que no Brasil surge o que o autor denominou de homem cordial, que para o mesmo é o modo como o cidadão brasileiro administra suas relações sociais cotidianamente, tendo uma certa distancia do que se imagina de cordialidade no sentido próprio do termo.
Essa cordialidade à moda brasileira faz com que muitas pessoas confundam os limites entre o privado e o público, levando para o meio público determinadas situações que deveriam ficar restritas ao aspecto particular.
Esse atravessamento das esferas acaba chegando aos limites do Estado onde os entes públicos são adestrados no circulo doméstico-familiar. Esse conjunto de características advindas da herança ibérica, que pressupõe a continuidade e a existência desse tradicionalismo brasileiro, levando a essa relação social eximida de muita formalidade dando vazão a afetividade entre os pares sem levar em conta os limites entre as esferas sociais públicas e privadas.
Essa relação mais frouxa com o Estado, que de certa forma tornou as instituições ibéricas menos fortes e que atravessou o atlântico, não significa que aqui no Brasil foi necessariamente maléfica, o que fica claro é que essas decisões são influenciadas pelo sentimento emotivo dos entes públicos.
Ao todo, Sérgio Buarque de Holanda, busca explicar que essa emotividade e essa relação próxima do público com o privado seria uma das consequências da andar lento da modernização do país, sendo necessária uma mudança nesses costumes com a consequente distinção entre as esferas sociais que até então andaram de mãos dadas.
FREYRE, Gilberto. Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida In: FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global, 2006.
Gilberto Freyre foi um grande colaborador para a elaboração da formação da história brasileira, o mesmo agrega em sua biografia grande títulos que até hoje são fontes importantes para melhor compreensão da constituição do que é Brasil. Casa Grande & Senzala que se destaca como uma das suas mais importantes publicações aborda o contexto da formação da família brasileira sob a base do domínio patriarcal, rural, latifundiário e monocultor mostrando a relação que existiu entre índios, negros e portugueses na construção de uma sociedade híbrida que a brasileira.
É no contexto da formação da família brasileira sob o regime patriarcal que Gilberto Freyre caracteriza o processo de formação do Brasil e da sociedade brasileira. É nesse ponto que o autor constrói sua concepção de construção do Brasil, formando uma linha de pensamento que colocava em pontos díspares raça e cultura, separava herança cultural de herança étnica e trabalhando o conceito de cultura no que se diz respeito às concepções antropológicas como o conjunto dos costumes, hábitos e crenças do povo brasileiro.
Era de grande interesse de Gilberto Freyre mostrar para o povo brasileiro como se deu a construção dessa nação, assim como o conjunto de elementos híbridos que nortearam esse processo de construção tanto de indenidade cultural como de povoamento.
O Brasil que Gilberto Freyre descreve se sustentava no regime patriarcal, onde se dá todo o processo de interação entre o índio, o negro e o branco europeu. Para Freire, era impossível existir Casa Grande sem a Senzala e sem as mesmas não existia família patriarcal. Sendo o composto de índio e negro as bases da escravidão no Brasil, Gilberto Freyre também destaca o modo de exploração econômica que se desenvolveu nas terras do Brasil.
Baseada economicamente na agricultura, depois de 32 anos da chegada dos portugueses em solo brasileiro é que começa a ser organizada uma sociedade econômica. A Casa Grande era o centro de toda essa estrutura. Era lá que se estabeleciam as relações entre o negro/escravo e o branco/senhor.
Foi no centro de relações entre escravizado e escravizador, dentro se um sistema econômico onde predominava a monocultura latifundiária que foi surgindo a cultura brasileira, baseado no domínio de uma população rural sobre uma ainda em processo de urbanização. Não deixando de lado a participação da Igreja Católica dentro de todo esse processo, pois segundo Gilberto Freyre a Igreja sempre esteve presente da Casa Grande é de quase em sua totalidade que havia capelas dentro da Casa Grande e em alguns casos sendo possível verificar até padres na função de senhores de engenho.
Esse aspecto religioso serviu de base para a efetivação da colonização. Era de total interesse de Portugal a disseminação da fé católica, religião oficial da coroa nas novas terras, não importando quem eram os seus colonizadores do que diz respeito à cor e/ou a sua raça sendo de interesse único da metrópole saber se indivíduo seguia a religião católica.
No que traduz as condições físicas do Brasil em relação a terra e ao clima Gilberto Freyre afirma que as mesmas não contribuíram para a segregação das regiões díspares que formavam o país e que tais condições “concorreram no Brasil para que se conservassem unidas e dentro de parentesco (....) regionalista não separatista”. (FREYRE, 2006 p. 93).
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