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Indissociabilidade entre Teoria Antropológica e Método Etnográfico.

Por:   •  16/3/2018  •  1.150 Palavras (5 Páginas)  •  275 Visualizações

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com o qual o pesquisador iniciou a pesquisa. Vamos para campo pensando num objeto, num tema, num foco, e no balanceio entre observar e se distanciar para escrever, o arranjo que é pensado inicialmente muda, e isso pode acontecer várias e várias vezes. Isso por que, a ideia pré-formada do que esperamos encontrar some quando o pesquisador vai a campo. Ir a campo, fazer etnografia abre um leque de arranjos, nos quais só fazendo essa transição entre ler e observar, entre teoria e método, para escolher o seu arranjo de pesquisa.

“É preciso pensar em que espaço se move o etnólogo que está engajado numa pesquisa de campo e refletir sobre as ambivalências de um estado existencial onde não se está nem numa sociedade nem na outra, e, no entanto, está-se enfiado até o pescoço em uma e outra. ” (DA MATTA, 1981, p. 153,4).

Deste modo Fazer etnografia não consiste apenas em “ir a campo”, ou “ceder a palavra aos nativos” ou ter um “espírito etnográfico”. Fazer etnografia supõe uma vocação de desenraizamento, uma formação para ver o mundo de maneira descentrada, uma preparação teórica para entender o “campo” que queremos pesquisar, um “se jogar de cabeça” no mundo que pretendemos desvendar, um tempo prolongado dialogando com as pessoas que pretendemos entender, um “levar a sério” a sua palavra, um encontrar uma ordem nas coisas e, depois, um colocar as coisas em ordem mediante uma escrita realista e intersubjetiva.

Tornando assim a teoria e a prática inseparáveis, indissociáveis, fazendo com que um perpasse pelo outro. Antes de ir a campo, para nos informarmos de todo o conhecimento produzido sobre a temática e o grupo a ser pesquisado; no campo, ao ser o nosso olhar e nosso escutar guiado, moldado e disciplinado pela teoria; ao voltar e escrever, pondo em ordem os fatos, isto é, traduzindo os fatos e emoldurando-os numa teoria interpretativa. Por isso é que vamos a campo munidos de teorias e voltamos retroalimentando-as, transformando-as:

“Agitar, fazer pulsar as teorias reconhecidas por meio de dados novos, essa é a tradição da antropologia” (PEIRANO, 2008: p. 4).

Vamos a campo com bagagem teórica, voltamos, escrevemos, nos munimos de mais bagagem, vamos a campo novamente, voltamos, escrevemos, e assim, um grande ciclo, para que insights borbulhem em nossa mente. Para que seja uma pesquisa que tenha tanto a experiência, o olhar o outro de perto e de dentro, e também com teoria, que possibilite um entendimento, uma crítica, uma escrita elaborada, onde objeto e pesquisador dialoguem de maneira aprazível.

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