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A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Max Weber

Por:   •  14/3/2018  •  1.733 Palavras (7 Páginas)  •  540 Visualizações

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Max Weber, citando autores como Ferdinand Kürnberger e Jakob Fugger, afirma que fazer valer o dinheiro (investindo-o, multiplicando-o) não é uma questão de entendimento dos negócios e de escolha, mas sim um dever, uma ética. O capitalista de espírito não para de produzir riqueza enquanto pode, nem quando aposentado. É aqui que o autor mais explicita o significado do conceito empregado por ele no início do capítulo.

Como citado acima, é necessário desfrutar de estratégias como a honestidade e a frugalidade, entre outras, para adquirir a confiança do credor, porém é também afirmado no texto que tais estratégias não precisam ser verdadeiras desde que se deixem transparecer aparentemente. Assim como, Weber descreve a inconsistência causada pelo excesso de virtudes, que devem ser moderadas e servir apenas para a aquisição de capital, pois podem tornar o capitalista improdutivo. Outro autor comentado no texto, Benjamin Franklin, afirmava que as virtudes só podem ter a utilidade de fazer ganhar dinheiro, e que elas foram reveladas por Deus justamente com essa finalidade. Isto é, são essenciais quando se trata de utilitarismo estrito e da reprodução dessa ética que é ter o espírito capitalista. Partindo disso, é possível perceber a mudança da ordem “natural”, como escreve Weber, da função do dinheiro na vida do ser humano. Dinheiro esse que não deve servir para satisfazer as necessidades materiais e emocionais do homem, mas antes ser um fim em si mesmo: é preciso fazer das pessoas dinheiro. Essa forma de viver é impregnada na sociedade a ponto de qualquer indivíduo que fuja a ela ser exonerado da vida econômica; pois, parafraseando Weber, o capitalismo faz parte de um cosmos do qual é impossível fugir. Como sendo um fim em si mesmo, o dinheiro não deve ser investido para satisfazer as necessidades materiais imediatas do homem; o capitalista de espírito não é hedonista.

Weber afirma, em seguida, que o espírito capitalista não se encaixa na concepção materialista da história. Isso ocorre porque tal espírito capitalista (ou pré-capitalista) já existia antes do aparecimento do capitalismo, ou seja, não foi resultado de uma superestrutura econômica anterior. Sendo assim, o autor faz uma comparação entre a colonização da América do Sul e da América do Norte, afirmando que na primeira houve interesses essencialmente monetários, enquanto na segunda houve uma preocupação maior com a questão da religião.

Conceito por vezes citado no capítulo é o de tradicionalismo, o qual Max Weber define como sendo as necessidades humanas para além do dinheiro como um fim em si mesmo. Como exemplificação, o autor escreve sobre ceifadores de trigo que preferem trabalhar apenas o suficiente para suprimir suas necessidades tradicionais a trabalhar excessivamente e aumentar seus salários. O ser humano, por natureza, não quer ganhar mais dinheiro além daquilo que precisa para sobreviver. Assim, por muito tempo acreditou-se na eficácia dos salários baixos para o aumento do lucro: “o povo só trabalha porque é pobre, e enquanto for pobre”. Porém, ao longo do desenvolvimento do capitalismo, constatou-se a ineficiência desse método, pois um trabalhador mal remunerado tem a qualidade de sua produtividade diminuída.

Adiante, o escritor afirma não importar a origem do capital que dará impulso aos negócios, mas sim o desenvolvimento do espírito capitalista. Isso ocorre porque não é o capital que dará origem ao espírito capitalista, mas sim o contrário. O capitalista, para conquistar e manter a confiança tanto dos clientes como dos operários precisa de um conjunto de qualidades éticas marcantes, como afirma o autor. Dentre tais qualidades, clarividência e capacidade de ação.

Na concepção weberiana, o capitalista de espírito é um profissional por dever, por vocação, não podendo ostentar sua riqueza de forma desnecessária, pois dela nada tem de si mesmo. Para o homem pré-capitalista, escreve o autor, esse modo de administração somente é concebível devido à fome de ouro (ou auri sacra fames) pelo fato de não fazer sentido acumular riquezas e não as usufruir em vida.

Max Weber encerra a segunda parte do capítulo escrevendo sobre a racionalização do mundo. Para ele, apesar de o ser humano passar por um processo de racionalização nas sociedades capitalistas, há uma irracionalidade no homem de vocação, no capitalista de espírito.

Capítulo 3 – O conceito de vocação em Lutero.

O objeto da pesquisa:

Este capítulo é iniciado com a definição da palavra alemã Beruf, tendo como significado posição na vida, trabalho definido. Afirma o autor ser a palavra, retirada da bíblia e de cunho Reformista, parte da vida de todos os povos protestantes. Assim como, Weber escreve que para o protestantismo:

– “(...) o único meio de viver que agrada a Deus não está em suplantar a moralidade intramundana pela ascese monástica, mas sim, exclusivamente, em cumprir com os deveres terrestres, tal como decorrem da posição do indivíduo na vida, a qual por isso mesmo se torna a sua ‘vocação profissional’”.

Ainda afirmando a ideia anterior, o autor explica que para Lutero o trabalho intramundano realizado pelo homem é uma expressão exterior do amor ao próximo, contrariando Adam Smith em sua tese de que alguns seres humanos trabalham para outros (e não para Deus). Lutero, como escreve Weber, não defendia o capitalismo, muito menos o espírito capitalista, pois condenava a usura. Além disso, Lutero tratava do trabalho com pouca importância e, quando dava alguma atenção a isso, fazia-o de forma tradicionalista afirmando ser a favor de que o homem permaneça até sua morte do mesmo jeito com que veio ao mundo, ou seja, se for pobre,

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