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O CAPITALISMO - MARX WEBER

Por:   •  24/1/2018  •  2.810 Palavras (12 Páginas)  •  425 Visualizações

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O que elas têm em comum é o fato de serem produtos do trabalho. Enquanto valores de uso, as mercadorias são produto de um trabalho prático específico: as mesas são produto do trabalho do marceneiro; um casaco é produto do trabalho de um alfaiate, etc. Da mesma forma que os valores de uso dos produtos específicos são diferentes, as diferentes espécies de trabalho necessárias à sua produção também não são iguais. No entanto, todas as mercadorias são produto do trabalho humano geral, relativamente ao qual são todas iguais. Isto porque, enquanto trabalho geral em si, e como tal, todas as profissões são iguais, pois todas, por mais diferentes que sejam, constituem uma aplicação e um dispêndio de força de trabalho. A qualidade comum existente é o fato de ter havido pessoas que despenderam força de trabalho para a sua produção.

Na troca, o trabalho particular do marceneiro e o do alfaiate tornam-se equivalentes, ou seja, estão sendo trocados produtos específicos de trabalho. Assim, o que é comum a todas as mercadorias não é o trabalho concreto de um ramo de produção determinando, não é o trabalho de um gênero particular, mas o trabalho humano abstrato, o trabalho humano em geral. Disse Lênin: “Ao equiparar os seus diversos produtos na troca como valores, os homens equipararam os seus diversos trabalhos como trabalho humano. Não se dão conta, mas fazem-no”.

Dessa maneira, toda mercadoria isolada é simultaneamente valor de uso e valor de troca, conforme for encarada como produto de um trabalho específico, concreto, útil (trabalho concreto, individual) ou como resultado de um trabalho diretamente equivalente (trabalho geral, abstrato). As mesas e o casaco diferem entre si na sua qualidade de valores de uso, mas como valores são equivalentes. Essa dualidade de pontos de vista resulta do caráter duplo da própria mercadoria: o seu valor de uso e o seu valor de troca.

Supondo-se que sejam trocadas duas mesas por um casaco e que para se produzir uma mesa é necessária uma hora de trabalho (humano, abstrato), nesse caso a quantidade de valor existente em duas mesas seria exatamente de duas horas. A confecção do casaco leva duas vezes mais tempo que a de uma mesa, isto é, duas horas, donde se pode concluir que o valor de uma mercadoria aumenta proporcionalmente à quantidade de tempo necessária à sua produção.

Assim, o valor da mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho necessário à sua produção. Entretanto, não quer dizer que o produto de um trabalhador mais lento ou preguiçoso valha mais que o produto de um trabalhador mais rápido. Isto porque não se pode tomar como padrão para a produção de valor a produtividade individual de um único produtor isoladamente. Trata-se aqui de um trabalho médio, chamado socialmente necessário. Resulta que o valor da mercadoria é determinado pelo tempo socialmente necessário para a sua produção; é esse o padrão que determina a quantidade de valor das mercadorias.

Depois disso, Marx investiga a origem da forma dinheiro do valor, estudando o processo histórico do desenvolvimento da troca. Começa pelos atos de troca particular e fortuitos para passar à forma geral do valor, quando várias mercadorias diferentes são trocadas por uma só mercadoria determinada, finalizando pela forma dinheiro do valor, em que o ouro aparece como essa mercadoria determinada, como o equivalente geral.

Pode-se afirmar, para o caso da forma simples ou elementar do valor, que duas mercadorias que são comparadas manifestam valores de uso diferentes e valores iguais. Supondo-se a seguinte equação de troca: 2 mesas = 1 casaco (forma elementar do valor), tem-se que o valor de uso casaco representa o valor de duas mesas, e que, portanto, duas mesas valem um casaco. A mercadoria que representa o valor da outra – o casaco, neste caso – chama-se equivalente. Neste exemplo, o casaco é o equivalente das mesas, isto é, além de possuir um valor de uso (como peça para o vestuário), serve também de equivalente. Explicitando melhor: o alfaiate produziu um equivalente, isto é, sobretudo valor, porque o casaco não tem valor de uso para ele; uma vez que é produtor de mercadorias e produz exclusivamente para o mercado, o alfaiate só pode utilizar o casaco como meio de troca. O alfaiate produz uma mercadoria equivalente para trocar pelas mesas de que necessita. Por conseguinte, sempre que as pessoas produzem para a troca, produzem equivalentes, isto é, meros valores.

Mas este exemplo tem uma dificuldade: ambos os produtores de mercadorias, o marceneiro e o alfaiate, trocam as suas mercadorias diretamente. Esse método só funciona desde que as mesas tenham valor de uso para o alfaiate e o casaco tenha valor de uso para o marceneiro. Assim, a troca se realiza apenas porque ambos os produtores podem satisfazer as suas necessidades específicas com o valor de uso produzido precisamente pela outra parte – ou seja, isto se dá por um puro acaso. Todavia, o marceneiro, como qualquer outro homem, tem mais algumas necessidades adicionais, precisa de mais coisas além do simples casaco. Suponha-se então que com duas mesas pudesse adquirir também 500 quilos de batatas, ou três pares de sapatos, ou cinco garrafas de aguardente, ou 20 metros de tecido de algodão, ou 10 gramas de ouro.

Nesse caso, as mesas teriam tantos equivalentes possíveis quantas mercadorias o marceneiro pudesse escolher. No entanto, o marceneiro só poderia trocar as suas mesas se os outros produtores – neste caso o alfaiate, o agricultor, o sapateiro, o destilador, o tecelão ou o pesquisador de ouro – quisessem adquirir mesas. Por outro lado, para o pesquisador de ouro isso significaria que ele só poderia adquirir mesas, casacos, batatas, sapatos, aguardente ou tecidos de algodão caso aqueles desejassem 10 gramas de ouro.

Nessa fórmula, nenhuma das mercadorias constitui um valor de uso para seus proprietários, mas aparece como valor de uso para aqueles que não são seus proprietários. Entretanto, se um marceneiro trocar as suas mesas por muitas outras mercadorias, representando assim os seus valores por um certo número de outros valores de uso, todos os outros produtores de mercadorias poderão também permutar os bens de que dispõem por mesas e representar os valores das suas mercadorias numa única e terceira mercadoria.

No exemplo que se está apresentando, as mesas (ou o ouro) representam agora os valores de todas as outras mercadorias. Estas exprimem os seus valores coletivamente numa mercadoria separada, que se torna assim o equivalente geral ou comum para todas as outras mercadorias. Esta mercadoria é o dinheiro (ouro). Antes de desempenhar realmente o papel de dinheiro, uma mercadoria tem que ser socialmente reconhecida

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