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Pesquisa em Música no Brasil

Por:   •  16/11/2018  •  2.110 Palavras (9 Páginas)  •  337 Visualizações

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Os fenômenos sociais e culturais deveriam ser tratados da mesma forma que os objetivos físicos das ciências exatas considerando uma atividade racional que visava explicar os objetivos de estudos, estabelecendo relações de causa e efeito entre suas variáreis.

Assim, o positivismo representou na segunda metade do século XIX e nas primeiras décadas do século XX um importante paradigma da ciência, inclusive no âmbito das ciências sociais.

O enfraquecimento do positivismo no final do século XX assumindo outras vertentes de pesquisa, “que respeitassem mais a realidade dos objetos de estudo em ciências humanas. È com essa perspectiva de ciência que a pesquisa em música entra na segunda parte do século XX, consolidando-se academicamente e inserindo-se em novas realidades de um mundo em transformação.

Para Lyotard (1993, p.15) a pós-modernidade demarca “o estado da cultura após as transformações que afetaram as regras dos jogos da ciência, da literatura e das artes”.

As pesquisas em música ganharam novos contornos, sobretudo a partir das grandes transformações consolidadas no período pós Segunda Guerra Mundial.

Assim, a produção do conhecimento científico musical se redefiniu a partir desses dois parâmetros: o novo cenário musical e a nova configuração da ciência no século XX.

Com efeito, o relativismo cultural, o reconhecimento da cultura como elemento fundamental na produção musical, os novos aparatos tecnológicos utilizados para o registro do som, entre outros aspectos, marcaram a (re) definição dos rumos da pesquisa em música na contemporaneidade.

O termo etnociência passou a ser utilizado para designar o estudo científico de culturas, considerando as especificidades dos conhecimentos, valores, significados e demais características que se constituem a partir de idiossincrasias de cada universo social.

No âmbito da pesquisa em música, essa concepção ganhou projeção, sobretudo, no campo da etnomusicologia que, numa perspectiva mais “atual” em relação à da musicologia comparada do século XIX, visa estudar músicas a partir de suas diversas inter-relações com as pessoas que as produzem e como os contextos culturais do qual fazem parte.

As chamadas tecnociências são vertente de produção de conhecimento que associam a pesquisa científica ao desenvolvimento da tecnologia. Echeverría (2009) explana a definição da ciência descrevendo o conhecimento na visão do cientista e do técnico-cientista.

Se num panorama mais global podemos considerar que a pesquisa em música se estabeleceu, de fato, a partir da segunda metade do século XIX, no Brasil, tal realidade só se consolidou a partir da segunda metade do século XX.

É valido salientar a não consideração como produção científica dos materiais sobre música produzidos no século XIX e inicio do século XX, por ser um material de caráter descritivo e especulativo.

As pesquisas musicais no Brasil foram marcadas por empreendimentos e esforços individuais de estudiosos que se dedicaram ao registro, descrição e análise da música sob diferentes perspectivas.

Vale destacar Mário de Andrade pioneiro na retratação dos aspectos da música brasileira.

As obras de José Mauricio Nunes Garcia (1930; 1935) ganharam destaque nos estudos de Luiz Heitor Correia de Azevedo que abordou sobre música no país (1950; 1956) e mapeamentos acerca da diversidade de músicas no Brasil (1954).

Os avanços da ciência alinhados as várias correntes estabelece um perfil mais autônomo para a investigação científica da área de música no país.

Os estudos de Rafael José Meneses Bastos trouxeram perspectiva no campo da etnonomusicologia. Relacionados às abordagens educacionais sobre música, diversos trabalhos emergiram nos anos 80.

Nas décadas de 1970 e 1980 profissionais da área titulados em cursos de pós-graduação stricto sensu, doutorado, começaram a se inserir mais especificamente no âmbito das universidades brasileiras. Nesse cenário começaram a emergir trabalhos investigativos relacionados a subáreas que, à época, tinham pouca relação coma pesquisa científicos, como era o caso das Práticas Interpretativas e da Composição que na década de 1980 tiveram as suas pesquisas pioneiras na pós-graduação brasileira, a exemplo dos estudos de Weinberger (1983) e Paula (1984).

Entre as bases para o fortalecimento da pesquisa e da formação em música está a origem da pós-graduação na área, que se iniciou no Brasil no ano 1980 com a criação do primeiro curso de pós-graduação stricto sensu, o Mestrado em Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que contava inicialmente com áreas de concentração em Práticas Interpretativas e Composição.

Nos anos 1990 a pós-graduação em música foi expandida com a criação de mais dois cursos de mestrado específicos em música, respectivamente, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1990, e na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) em 1993.

O século XXI se iniciou com uma expansão significativa dos programas de pós-graduação em música, sendo criados na primeira década dos anos 2000 mais cinco cursos de mestrado.

Tão significativa quanto à expansão da pós-graduação foi o aumento da produção de pesquisa e publicações no país, dando novos rumos para a pesquisa em música e fazendo com que a área alcance projeção nacional e internacional.

Assim, a partir da década de 1980 foram criadas associações que nos dias de hoje vêm desempenhando importante papel para a pesquisa em música.

Na contemporaneidade, um olhar analítico para a produção científica da área de música no Brasil evidencia a amplitude e a pluralidade que constituem o conhecimento musical no país.

Nesse sentido, para mencionar somente algumas tendências, encontramos trabalhos que refletem sobre as dimensões políticas da pesquisa no país e os desafios para a área de música nesse contexto (Caesar, 2003); discussões que abrangem aspectos epistêmicos relacionados á pesquisa em música em geral (Freire; Cavarotti, 2007; Freire 2010); e estudos que apresentam e analisam temáticas, metodologias e perspectivas da pesquisa em distintas subáreas.

Na nossa atual realidade, são muitas as subdivisões internas que têm caracterizado a pesquisa em música, todavia, a partir de uma análise das áreas de concentração e das linhas de pesquisas existentes nos programas de pós-graduação, e dos trabalhos de

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