EISENMAN – O FIM DO CLÁSSICO: O FIM DO COMEÇO, O FIM DO FIM
Por: Lidieisa • 21/8/2018 • 9.235 Palavras (37 Páginas) • 451 Visualizações
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-> Ao contrario do objetivo de composição renascentista (ordem divina), a Arquitetura do Iluminismo quis descobrir um processo racional de concepção da forma que resultasse em um objeto de razão pura e secular. A fé na razão.
-> Com o êxito do racionalismo como método cientifico no sec. XVIII e primórdios do sec. XIX, a arquitetura adotou valores auto evidentes concedidos pelas origens racionais: se uma arquitetura parecia racional (representava a racionalidade), acreditava-se que ela representava a verdade.
-> O Racional tornou-se a base moral e estética da arquitetura moderna. A Representação da arquitetura neste tempo de racionalidade era de representar suas próprias formas cognitivas.
-> Porém na realidade, nada mudou da noção renascentista de origem, apelando a uma ordem divina ou natural (séc. XV) e da noção pós iluminista de forma racional e funções tipológicas, pois no final a ideia era a mesma: o valor da arquitetura tinha origem fora dela. Função e tipo, causas divinas ou naturais, tinham origem nos valores.
-> O fundamento da verdade em qua tanto o renascimento como os modernos haviam confiado dependia em sua essência, da fé. Fé no conhecimento ou no divino.
- Uma Arquitetura Clássica: é a arquitetura cujos processos de transformação são estratégias valorativas baseadas em origens auto-evidentes ou relacionado com a doutrina que confere importância aos conhecimentos, conceitos ou pensamentos. Ela será sempre uma arquitetura de reafirmação e não de representação.
3ª FICÇÃO – HISTÓRIA: A SIMULAÇÃO DO INTEMPORAL (não varia em função do tempo; pertencente a todos os tempos; atemporal, imutável)
-> Antes do renascimento, da antiguidade até a idade média, não existia um conceito de movimento progressivo do tempo. A arte não se fundamentava em função do passado ou futuro, era intemporal. O clássico era intemporal.
-> A ideia de uma origem temporal surgiu no renascimento, trazendo com ela a ideia de passado, postulação de um ponto fixo de começo, e a perda do eterno.
-> Classico tenta recuperar o intemporal
-> O Moderno rejeitou a historia que lhe antecedia, e tentou recorrer a outros valores para esta relação que não os da universalidade e eternidade.
-> Porém invocou a ideologia de Zeitgeist (Espirito da época) ao invés de abolir a historia, e então a arquitetura moderna não fez mais do que continuar agindo como parteira da forma historicamente significativa.
- A ideologia os confinou ao seu próprio presente histórico com a promessa de libertá-los do passado, os fazendo cair na armadilha da ilusão de eternidade de seu próprio tempo.
- Desse ponto de vista, a arquitetura moderna não rompeu com a historia, foi simplesmente um momento no mesmo continuo.
- A representação do Zeitgeist (espirito da época) envolve uma simulação: uso clássico da repetição de um tempo passado para invocar o intemporal como expressão de um tempo presente.
-> Para escapar da dependência do Zeitgeist (ideia de que o objetivo do estilo arquitetônico é materializar o espirito da época), é preciso propor uma ideia alternativa de arquitetura em que a expressão do seu tempo não seja a sua finalidade, mas algo que ela não pode evitar.
-> Valores tradicionais da arquitetura clássica não são expressivos, verdadeiros e eternos. Esses valores sempre foram simulações. O próprio clássico foi uma simulação que a arquitetura sustentou durante 5 séculos.
-> Classicismo e Modernismo como momentos de um mesmo contínuo histórico. Nem na representação, nem na razão e nem na historia há valores auto-evidentes que possam confirmar a legitimidade do objeto.
- As ficções devem ser entendidas como simulações
- A ficção se torna simulação quando não reconhece sua condição de ficção, quando tenta simular uma condição de realidade, de verdade ou de não ficção.
O NÃO CLÁSSICO
-> A essência do modelo clássico (suposto valor racional das estruturas [razão], representação [representação], metodologias das origens e fins [historia], processos dedutivos) são simulações.
-> Novo modelo para a arquitetura: propor uma serie de características do que “não pode ser”, constituindo uma estrutura de ausências. A intenção de Eisenman ao propô-las não é restabelecer o que acabamos de rejeitar, mas sim uma expansão além das limitações proporcionadas pelo modelo clássico à concretização da arquitetura como um discurso independente, isento de valores externos, clássicos ou quaisquer outros. Ou seja, a intersecção de:
- isento de significado (sem a ficção da representação)
- do arbitrário (sem a ficção da razão)
- e do intemporal (sem a ficção da história)
-> A arquitetura Não-Classica é a dissimulação na arquitetura, mas essa dissimulação não é o inverso, o negativo ou o oposto da simulação (a não-classica não é o inverso da clássica), é apenas diferente de ou de outra natureza; a arquitetura não-classica não é mais um atestado da experiência ou uma simulação da historia, da razão ou da realidade no presente, e sim uma outra manifestação, uma arquitetura “tal como é” agora como uma ficção; É uma representação de si mesma, de seus valores e experiência interna.
-> O não-classico propõe o fim do predomínio dos valores clássicos a fim de revelar outros valores. Não propõe um novo valor ou um novo espirito da época (Zeitgeist), mas sim uma nova condição: a de ler a arquitetura como um texto.
-> Se as origens clássicas foram vistas como proveniente de uma ordem divina ou natural, e o valor das origens modernas como oriundo da razão dedutiva, as origens não-classicas podem ser estritamente arbitrarias, simples pontos de partida, sem qualquer valor; Artificiais e relativas ao invés de naturais, divinas ou universais.
- Ou seja, A 1ª característica da arquitetura não-classica é: Fim das Origens.
-> A 2ª característica básica da arquitetura não-classica é a sua liberdade com relação a objetos ou fins estabelecidos. (o fim do fim)
-> O clássico tinha uma estratégia causal de
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