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Últimas Epopéias - Um retrato do fim do arcadismo na literatura brasileira

Por:   •  5/4/2018  •  1.135 Palavras (5 Páginas)  •  420 Visualizações

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Usando como base a obra poética mencionada acima – embora não se restrinja a elas – Candido aponta que Uraguai e Caramuru, por apresentarem uma valorização do cenário nacional de uma maneira que não havia sido feita antes, transformando isso em uma particularidade, uma marca de identidade, que mesmo tendo sido criada nos padrões de escrita portuguesa, serviu para alimentar a necessidade de uma ênfase na busca do uso da identidade do país na literatura, algo que os Românticos transformaram em um pilar para algumas de suas obras.

Já Machado de Assis apresenta argumentos ferrenhamente críticos sobre as marcas deixadas pelo Arcadismo – especificamente nessas obras – na literatura. Em seu “Notícia da atual literatura brasileira: Instinto de nacionalidade[1]”, Machado de Assis reconhece que a literatura de qualquer nação ou idioma busca “vestir-se com as cores de seu pais” (ASSIS, 1873). Mas ele também aponta vários aspectos negativos para a maneira com que essa busca pela identidade nacional é conduzida levando os moldes de obras Árcades – como Uraguai e Caramuru – têm na literatura como um todo.

Não tomaria eu sobre mim a defesa do mau gosto dos poetas arcádicos nem o fatal estrago que essa escola produziu nas literaturas portuguesa e brasileira. [...] As mesmas obras de Basílio da Gama e Durão quiseram antes ostentar certa cor local do que tornar independente a literatura brasileira, literatura que não existe ainda, que mal poderá ir alvorecendo agora.

(ASSIS, 1873)

O autor ainda apresenta críticas ao que ele acredita ser um empobrecimento temático, já que dada a necessidade de seguir a busca por uma identidade literária do país, considerando unicamente os moldes dos textos dos Árcades, a literatura estaria se limitando. No mesmo texto, o autor apresenta uma das maiores limitações que derivariam desta doutrina:

Devo acrescentar que neste ponto manifesta-se às vezes uma opinião, que tenho por errônea: é a que só reconhece espírito nacional nas obras que tratam de assunto local, doutrina que, a ser exata, limitaria muito os cabedais da nossa literatura. [...] Não há dúvida que uma literatura, sobretudo uma literatura nascente, deve principalmente alimentar-se dos assuntos que lhe oferece a sua região, mas não estabeleçamos doutrinas tão absolutas que a empobreçam.

(ASSIS, 1873)

Fica claro, que diferente da apreciação que Candido apresenta, Machado de Assis vê os lados negativos, e o prejuízo destes lados negativos na literatura.

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