Análise Crítica Richard Meyer x Charles Eames
Por: Salezio.Francisco • 15/3/2018 • 4.680 Palavras (19 Páginas) • 328 Visualizações
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CHARLES EAMES
O casal Charles e Ray Eames desenvolveu sua carreira com o principal objetivo de desenvolver mobiliários de designer acessível e de alta qualidade, criar opções de moradias com espaços econômicos e funcionais para se morar e trabalhar, atender as necessidades das pessoas aliando tecnologia, conforto, estética para todas as pessoas sem distinção de classes sociais. Após se casarem, Charles e Ray Eames abriram seu escritório em Los Angeles, lá produziam peças para aviões, instrumentos hospitalares e do compensado moldado surgiu a ideia da construção de mobiliários.
Os primeiros trabalhos do casal, já no Escritório Eames Office, se deram no campo da arquitetura e do design. Entre os anos de 1940 e 1941, Charles Eames em parceria com Eero Saarinen, vence a competição Organic Design in Home Furnishings” lançada pelo Museum of Modern Art de Nova York. Logo após, os Eames foram chamados a participar de um programa da revista Arts and Architecture, que tinha como proposta desenvolver projetos arquitetônicos que refletissem uma nova forma de se morar nos Estados Unidos do pós guerra. Esse programa resultou na construção de 26 projetos de casas, onde muitas delas foram construídas, dentre elas a Case Study 8, casa essa que fora projetada e construída com estrutura metálica pré-fabricada, onde poderia ser produzida industrialmente em larga escala. Charles e Ray se mudaram para lá e viveram até o fim de suas vidas. Em 1950, o escritório muda seu foco onde somente criava para indústria e passa a criar para o campo do conhecimento e entretenimento. A partir daí o Eames Office passa a produzir, além de mobiliário, livros, exposições e filmes.
Como era de se esperar, a maioria dos mais de 80 filmes produzidos pelo escritório fez grande sucesso. Entretanto, o sucesso ocorrido na maioria dos filmes não se repetiu em “The World of Franklin and Jefferson”. A sobrecarga de informações foi criticada e considerada excessiva e de difícil compreensão, diante disso Charles Eames declara:
Eu fui criado à maneira do século XIX, minhas primeiras experiências com a ciência envolveram pequenos experimentos de física, feitos quase como truques, matemática através de cubos mágicos e eletricidade através de uma máquina de choques que supostamente teria algum valor terapêutico. Tudo isso tinha uma aura de mágica; quando eu me tornei um arquiteto, não me surpreendi ao ver que nossa compreensão da eletricidade veio de brincadeiras com bolas energizadas, ou que a pneumática e a hidráulica foram primeiro usadas para impressionar as pessoas ao abrir portas e jorrar fontes de forma mágica. Para as pessoas da idade média, não havia muita diferença entre malabaristas, alquimistas, cientistas que estudavam mecânica e todos aqueles que viviam de produzir mágica e glamour. (Kirkham, 1998:264)
A visão de Charles Eames a respeito da ciência abriu um questionamento e possibilitou a mais importante produção transdisciplinar do Eames Office, a produção de um pavilhão.
Nascido em festas, festivais e bailes, o pavilhão foi sempre um espaço para a imaginação: um espaço para arquitetos, designers, clientes e visitantes. Etimologicamente, a palavra pavilhão – que desde então veio a abarcar uma gama de estruturas que de asas independentes cobertas de grandes prédios a estruturas temporárias leves erguidas para feiras ou exibições. Frequentemente efêmero, historicamente o conceito de pavilhão pode abraçar muitas construções míticas por sua aparição temporária e por sua exibição espetacular. (Bergdoll, 2009:13)
Com o grande sucesso de Mathematica : A World of Numbers and Beyond, o escritório ganhara a concessão de projetar um pavilhão e uma exposição da IBM na Feira Mundial de Nova York em 1964. Diante de grande desafio, o escritório Eames Oficce se alia ao arquiteto Eero Saarinen. Com a morte de Saarinen em 1961, os então sócios de Saarinen seguem os projetos com a direção de Roche, Dinkeloo and Assciates.
O pavilhão adentrou o século XX na Exposição Universal de Paris com um legado duplo. Por um lado ainda carregando a idéia de uma versão atualizada da “Rua das Nações”, com a gramática da identidade nacional e por outro lado marcando uma explosão de toda uma herança de sintaxes arquitetônicas e se transformando no local por excelência da experimentação arquitetônica, da produção de novas imagens e de novas experiências. (Bergdoll, 2009:18)
Feiras Mundiais se tornaram campos semânticos de representação ainda mais complexos, bem como locais marcados por tensões entre conflitos de reivindicações de uma gama maior de atores do palco global. De países a corporações, de artistas individuais, ou de grupos de artistas. (Bergdoll, 2009:23)
Para a história, esse caráter temporário dos pavilhões faz com que o tipo de construção em tempo determinado, seja um rico campo para experimentação tecnológicas e arquitetônicas.
Falta de permanência tem sido frequentemente o trampolim para a invenção. Seria possível traçarmos uma história dos saltos arquitetônicos dentro de novas tarefas, novas experiências e novas formas, espaços e experimentos estruturais ao se seguir o sinuoso caminho dos pavilhões. (Bergdoll, 2009:13)
Inovação estrutural foi mais a norma do que a exçeção após a Segunda Guerra Mundial, mais notadamente na Feira Mundial de Bruxelas em 1958, na colaboração do arquiteto Le Corbousier e do compositor Iannis Xenakis para o pavilhão comissionado pela fabricante de eletrônicos holandesa Phillips para abrigar um espetáculo multimídia de som luz e filme. (Bergdoll, 2009:30)
Para a Feira Mundial de Nova York, a IBM e o Eames Office produziram um pavilhão de aproximadamente 5000 metros quadrados, dividido em diversas áreas de expositivas que exibiam novos produtos da IBM. O pavilhão era coberto por um dossel de plástico translúcido apoiado em “árvores”metálicas. No topo do pavilhão se encontrava uma gigantesca estrutura ovóide que abrigava uma sala de exibição na qual um conjunto de 22 telas exibia a apresentação multimídia “Think”. Para assistir à apresentação, o público se sentava numa arquibancada móvel, com 400 assentos, denominada “People Wall”. Esta arquibancada se movia e posicionava o público diante das 22 telas. “Think”, a exemplo de muitos dos filmes produzidos pelo Eames Office, tinha como objetivo desmistificar o computador e comparava a solução de problemas no dia a dia à solução de problemas através da lógica de programação
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