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FALANSTÉRIO FOI UM PROJETO IDEALIZADO PELO FILÓSOFO CHARLES FOURIER

Por:   •  22/11/2017  •  2.621 Palavras (11 Páginas)  •  366 Visualizações

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Se os socialistas utópicos tiveram dificuldades em concretizar os meios para atingir uma sociedade sem desigualdades, não há como negar, contudo, que eles avançaram significativamente na crítica social e política de sua época ao denunciar uma sociedade produtora de misérias, contra o pano de fundo do otimismo de muitas das cabeças pensantes da época diante de um conceito mecanicista de “progresso”.[8]

4.2 Situação Social da Época e a Infraestrutura das Cidades

A cidade ainda possuía estrutura urbana medieval, com ruas pequenas e região portuária tumultuada com bairros operários superlotados. Com o alto índice de industrialização a cidade atraiu milhares de imigrantes, sendo ingleses de outras partes da Inglaterra e estrangeiros. Com o aumento maciço da população em pouco tempo os problemas de infraestrutura e empregos passou a fazer parte do cenário local da cidade.

Essa situação a que Londres passou a sofrer, vale-se da crise que as indústrias mais tradicionais da cidade passaram na metade do século XIX, onde milhares de imigrantes que vieram em busca de empregos e melhores condições de vida, se depararam com um desemprego assustador.

“A situação da Europa na primeira metade do século XIX, além de ser propicia a imaginação de alguns pensadores, colaborou para que as utopias adquirissem milhares de adeptos. O reinado de Luís Filipe, de 1830 a 1848, foi marcado pela supremacia política e econômica da burguesia. Assim o espetáculo das crises e misérias vividas pela sociedade, despertava a insatisfação popular, abrindo caminho para propagação das ideias socialistas. O elevado crescimento demográfico enfrentado pela Europa, aliado ao desenvolvimento tecnológico, fez o desemprego tomar proporções alarmantes. Em meio a esta situação de desespero, baixos salários e muita miséria, os socialistas apresentam uma revolução que aconteceria sem violência, atingiriam seus objetivos por meios pacíficos. Uma nova consciência surgiria, os homens se uniriam e alterariam as relações socioeconômicas, obedecendo a um plano pré-estabelecido.” [9]

A partir dai Londres começou a sofrer com as revoltas dessa população de desempregados, que em algumas partes da cidade começaram a ocorrer saques e depredações de casas e comércios e a paisagem da cidade mudou assustadoramente nesse período, passando a ser composta por casas mal planejadas e sujas.

5. PROPOSTA URBANÍSTICA DE FOURIER

O Falanstério surgiu com a ideia de Charles Fourier, pois ele acreditava que as fabricas deveriam ser transferidas para o campo, e que para isso uma comunidade deveria ser construída para que os operários e suas famílias pudessem viver próximo às fabricas.

O edifício foi construído usando uma tipologia clássica. Possuía uma ala central e duas laterais, uma no lado esquerdo e outra no direito, e continha todas as necessidades de um operário, em todo o prédio havia jardins internos e espaços para circulação.

Sua ideia era que o Falanstério fosse completamente independente das grandes cidades, trocando bens entre si, e usando suas terras, agricultura e outras atividades econômicas para vivendas. Possuindo uma grande casa comum, o Falanstério seria criado através de uma aliança voluntaria entre seus membros, e nunca deveria conter uma população maior que 1620 pessoas vivendo juntas em um mesmo complexo edificado.

No Falanstério cada pessoa poderia escolher seu trabalho e poderia mudar quando desejasse, ele acreditava que uma extensa rede desse modelo de edificação e convivência social seria a base da transformação socioeconômica e daria assim origem a um novo mundo.

Construído com material de pouco valor, uma vez que construir casinhas individuais teria um custo muito elevado, sua organização acontecia por idade e classe social. Os idosos ficavam no térreo, as crianças no mezanino e os adultos nos andares superiores organizados por classe social.

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Figura 2 - Seção esquemática do Falanstério. (1) sótão, com quartos para hóspedes; (2) reservatórios hídricos; (3) aposentos privados; (4) rue intérieure; (5) salas de reunião; (6) sobreloja; (7) andar térreo com passagens para viaturas; (8) passadiço coberto. BENÉVOLO, 1981.

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Figura 3 - Planta esquemática Falanstério. BENÉVOLO, 1981.

[pic 4]

Figura 4 - Projeto do Falanstério de Charles Fourier (Disponível em: homeoint.com/ BENOIT MURE E OS FILÓSOFOS DO SÉCULO XIX, de Ivone Gallo).

Para Fourier, a harmonia universal deve ocorrer de forma gradual, através de sete períodos históricos. Para ele a humanidade estava naquele momento em fase de transição entre o quarto (barbárie) e o quinto (civilização) período. O quinto período é caracterizado pelo individualismo, sendo o período seguinte a oportunidade para a proposta de Charles. “Assim, a desordem e a anarquia da cidade contemporânea, deverão dar lugar a uma ordem minuciosa.” (Benévolo, As origens da urbanística moderna, pag. 65-66).

Leonardo Benévolo, em seu livro “As Origens da Urbanística Moderna”, apresenta com detalhes a proposta de edificação defendida por Fourier no século XIX. A organização de comunidade para o sexto período histórico consistia em:

- Traçar três cinturas: a primeira contendo a cidade central, a segunda contendo os subúrbios e as fábricas, a terceira contendo as ruas e a periferia. Cada uma das três zonas adota diferentes dimensões para a construção, nenhuma podendo ser feita sem a prévia aprovação de uma comissão de construtores;

- Separar as zonas com cercas e/ou plantações, porem sem obstruir a visibilidade;

- Cada casa da cidade deveria conter espaços livres, para criação de pátios ou jardins, equivalentes a área construída. Estes espaços seriam o dobro na segunda zona e o triplo na terceira;

- Todas as casas deveriam ser isoladas, possuindo fachadas regulares de todos os lados;

- A distância mínima entre dois edifícios deveria ser de 3 braças[10];

- Os muros/cercas deveriam ser baixos, deixando livre à vista de 2/3 da altura dos prédios;

- Os telhados devem formar pavilhão e possuir calha para conduzir a agua para debaixo dos passeios;

- Do lado da

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