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VYGOTSKY - TEORIA SOCIO HISTÓRICA

Por:   •  28/3/2018  •  3.806 Palavras (16 Páginas)  •  479 Visualizações

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Após viver a revolução russa, em meados de 1917, Vygostky se interessou pelas obras de Karl Marx e Friedrich Engels e a partir das proposições teóricas do materialismo histórico, propôs um novo conceito na psicologia, prevendo a tendência de unificação das ciências, que foi denominado por ele como "psicologia cultural-histórica".

A experiência vivida por Vygotsky na formação de professores despertou seu interesse pelo ao estudo dos distúrbios de aprendizagem e de linguagem, das diversas formas de deficiências congênitas e também adquiridas. Seu interesse por tais distúrbios foi tão grande, que o induziu a buscar mais conhecimentos na área médica, sua segunda graduação, que foi iniciada e substituída por Direito em Moscou. As suas principais contribuições à defectologia estão reunidas no livro "Psicologia Pedagógica".

Em 1924, Vygostky tem uma brilhante participação no “II conselho de psiconeurologia” de Leningrado, que falava sobre as relações entre os reflexos condicionados e o comportamento consciente dos homens, onde apresentou uma proposta de síntese entre processos elementares e consciência, palestra essa que deu destaque a sua carreira profissional na psicologia e resultou em um convite para trabalhar no Instituto de Psicologia de Moscou, onde teve a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos voltados para funções mentais superiores, cultura, linguagem e processos orgânicos cerebrais, através da troca de informações que teve com neurofisiologistas russos com quem conviveu, especialmente Luria e Leotiev.

Vygotsky conviveu com a tuberculose desde 1920, doença que o levaria a morte precocemente em 1934. Por ter tido uma vida curta, as teorias postuladas por ele podem ser consideradas vastas, e naturalmente, seu interesse diversificado e sua formação interdisciplinar demarcaram a natureza desta produção. Ele escreveu aproximadamente 200 trabalhos científicos com temas variados, que vão desde a neuropsicologia até a crítica literária, passando pela psicologia, deficiência, linguagem e questões metodológicas e teóricas relacionadas a ciências humanas.

- Teorias

Vygostky, Lúria e Leotiev eram participantes de um grupo pós-revolução russa, e buscavam dedicadamente a formação de um conceito novo para a psicologia atual, que, segundo eles, seria o produto da junção de duas fortes tendências presentes na psicologia no início do século. De um lado estava a psicologia como ciência natural, que buscava explicar processos sensoriais e reflexos, tendo como foco o corpo, preocupando-se com os fenômenos observáveis e com divisão de certos processos maiores em partes menores, se tornando assim mais fácil sua observação. De outro lado estava a psicologia como ciência mental, que tinha como objetivo principal descrever as propriedades dos processos psicológicos superiores, tendo o homem como mente, consciência, espírito.Este segundo conceito acaba por levar a psicologia para mais próximo das ciências humanas e da filosofia, vista como uma abordagem subjetiva, descritiva e direcionada a fenômenos globais. Diante destes dois conceitos, Vygotsky e seus colaboradores enxergavam uma deficiência em cada um deles, pois acreditavam que a psicologia do tipo experimental deixava de dar importância a funções psicológicas mais complexas do ser humano, enquanto a psicologia mentalista não conseguia elaborar descrições destes processos de forma suficiente, em termos aceitáveis pela ciência. Sendo assim, eles iniciaram uma busca pela síntese destas duas tendências, buscando um resultado novo, uma nova concepção de psicologia.

Esta nova abordagem criada por eles, tinha três principais pilares que nos permitem compreender melhor a teoria que seria postulada de forma concreta alguns anos depois. O primeiro pensamento era que as funções psicológicas tem um suporte biológico, pois são produtos das atividades cerebrais. O segundo indicava que o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre o individuo e o mundo exterior, as quais se desenvolvem através de um processo histórico, e por fim, Vygotsky acreditava que a relação entre o homem e o mundo era mediada por sistemas simbólicos. Toda sua teoria posteriormente criada foi embasada nestas três principais observações.

3.1 A mediação simbólica

Vygotsky em seus estudos dedicou-se a observar funções psicológicas superiores dos seres humanos, ou seja, o que chamou sua atenção foi compreender os mecanismos psicológicos mais sofisticados, mais complexos, que são exclusivos do ser humano, pois envolvem o controle do consciente do comportamento, e a liberdade que o individuo tem em relação às características do ambiente em que se encontra. Por exemplo, podemos ensinar um rato a apagar uma luz pressionando determinado botão, entretanto, o rato não seria capaz de voluntariamente, deixar de apagar a luz caso houvesse alguma pessoa no mesmo ambiente dormindo. Essa ação de raciocinar ante a tomada de decisão é um comportamento superior que provem exclusivamente dos seres humanos por meio da mediação, que para Vygotsky, é o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação, a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser mediada por este elemento. Ao longo da vida do ser humano, funções superiores que são mediadas passam a ser predominante sobre as relações diretas.

A partir desta ideia de mediação, Vygotsky acredita que a relação do ser humano com o mundo não pode ser considerada uma relação direta, mas, fundamentalmente mediada, ressaltando assim a importância da sociacialização a da inserção do “outro” em nosso contexto para que exerçamos essas funções atribuídas a nós como superiores.

3.2 Signos e instrumentos

Diante deste pensamento, Vygotsky identificou dois tipos de elementos mediadores: os signos e os instrumentos. O uso de instrumentos pelo homem vem de nossos antepassados, que criaram para fins de trabalho instrumentos como pás, facas, machados, vasilhas etc. para facilitar no desempenho da função. Os signos, segundo ele, são símbolos que criamos que representam algo não presente no tempo e espaço atual. Vygotsky também os chama de “instrumentos psicológicos”, e tem a função de representar algo para nós, como por exemplo, uma cartola na porta de um banheiro é um signo que nos trás a ideia de ser um banheiro masculino, enquanto um vestido desenhado na porta nos indica que o banheiro é feminino. Esses elementos – signos e instrumentos, segundo Vygotsky, fazem a mediação de nossas ações utilizando funções psicológicas

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