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SAÚDE MENTAL E MÃES DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA

Por:   •  8/12/2018  •  2.120 Palavras (9 Páginas)  •  385 Visualizações

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assim teremos que supor que estas crianças tenham vindo ao mundo com uma incapacidade inata para formar os laços normais, de origem biológica, de contato afetivo com as pessoas, do mesmo modo que outras crianças vêm ao mundo com outras deficiências inatas, físicas ou intelectuais” (KANNER, 1943, p. 250).

Em 1944, Hans Asperger, caracterizou um grupo de crianças com atraso no desenvolvimento, sem apresentarem outros sintomas associados ao retardo mental, denominando estas características de “psicopatia autistica”. Diferente de Kannner, Asperger defendia um melhor prognóstico para estes pacientes, provavelmente porque os pacientes estudados por ele, apresentavam um desempenho superior em comparação com os estudados por Kanner. (SALLE, et al., 2005).

Bender, em 1947, discordou do estudo de Kanner e utilizou o termo “esquizofrenia infantil”, pois considerava o autismo uma forma de esquizofrenia precoce. (GAUDERER, 1992 apud Salle, et al., 2005).

Segundo Klim (2006), no decorrer dos 50 e 60 do século XX, houveram muitas divergências sobre a causa do autismo e sua etiologia, conforme o autor “a crença mais comum era de que o autismo era causado por pais não emocionalmente responsivos”. Porém, esta hipótese deixou de ser considerada, ainda encontrada apenas em alguns lugares da Europa e da América Latina.

Nos primeiros anos da década de 60, o autor defende que “um crescente corpo de evidências começou a acumular-se, sugerindo que o autismo era um transtorno cerebral presente desde a infância e encontrado em todos os países e grupos socioeconômicos e étnico-raciais investigados”. (KLIM, 2006 p.2)

Atualmente, o DSM V (2013) descreve o transtorno espectro autista como um transtorno do neurodesenvolvimento que tem como principais características: déficits persistentes na interação e comunicação social em diferentes contextos e comportamentos com padrões restritos e repetitivos.

Para um bom prognóstico de uma criança com este transtorno é necessário que a família participe de seu desenvolvimento e interaja de forma positiva com a criança. Segundo Perosa e (1981 apud BUSCAGLIA, 1993 p. 69) a criança é parte da dinâmica familiar e considera o tratamento da criança deficiente algo ineficaz sem o apoio e o envolvimento da família.

Segundo Moura e Valério, (2003 apud Telford, 1976), historicamente, a mãe é considerada o membro principal da família. Sendo na maioria dos casos a que passa maior parte do tempo com o filho e responsável por seu tratamento. É ela quem mais interage com a criança, principalmente nos primeiros meses de vida, sendo o seu primeiro vínculo social. Porém quando se depara com o comportamento peculiar que apresenta a criança com TEA, pode mudar drasticamente sua forma de pensar, de se relacionar e de agir.

Vale ressaltar que os comportamentos e déficits da criança autista podem influenciar na saúde mental das mães e estas podem apresentar quadros de depressão, já que elas precisam ter um manejo diferenciado e lidar com situações que geralmente elas não estão preparadas (SANINI; BRUM; BOSA, 2010).

Smeha e Cezar (2011) relatam que a mãe ao perceber as características dos filhos autistas, vivenciam um momento de muita angustia, já que elas começam a perceber que seu filho idealizado não corresponderá as suas expectativas. Diante de sentimentos como tristeza, choque e até mesmo aceitação, começam a surgir muitas incertezas em relação ao filho, uma nova realidade e percepção que suas vidas deverão modificar.

As constatações das autoras corroboram com Vash (1988) que relata que os pais ao reconhecerem a deficiência dos filhos, vivenciam sentimentos de choque e medo, assim como dor e ansiedade quando imaginam o que será do futuro. A autora também descreve os sentimentos de decepção, frustração e raiva conforme uma nova rotina vai emergindo.

Além disso, a sociedade tende a atribuir os cuidados infantis ás mães, e quando os comportamentos dos filhos não estão de acordo com as regras sociais, a responsabilidade recai sobre ela. Esta grande responsabilidade pode ser um potencial estressor, podendo afetar sua saúde física e psicológica (SANINI; BRUM; BOSA, 2010).

As mães de crianças com TEA, dedicam-se por completo aos cuidados e tratamentos dos filhos e muitas vezes não possuem tempo para exercer outras atividades, tornando assim a maternidade uma experiência complexa, já que envolve uma grande carga de responsabilidades. É importante refletir sobre os impactos que esta sobrecarga causa à saúda da mãe, assim como dos demais familiares (SMEHA e CEZAR, 2011).

Partindo desta explanação, este anteprojeto levanta o seguinte problema: como o diagnóstico de transtorno espectro autista em um filho afeta a qualidade de vida da mãe, focalizando em sua saúde mental?

Com base neste questionamento, o projeto de pesquisa que ora apresentamos procura trazer um panorama fidedigno, através de roteiro de entrevistas e testes psicológicos, de como o TEA transforma a vida das mães e compreender como afeta sua saúde psíquica, para então refletirmos sobre uma intervenção psicológica próxima da sua realidade.

O estudo será realizado com mães de crianças com TEA atendidas pela equipe interdisciplinar da Seção de Reabilitação Especializada, localizado no munícipio de Bertioga.

Hoje, esta Seção, atende 133 crianças, sendo 52 diagnosticadas com TEA. Estas crianças recebem atendimentos de psicóloga, terapeuta ocupacional e fonoaudióloga.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Compreender quais as mudanças que ocorrem na saúde mental e na qualidade de vida das mães de indivíduos com o transtorno espectro autista após o diagnóstico.

2.1 Objetivos Específicos

Do ponto de vista teórico, fazer uma revisão bibliográfica sobre o Transtorno Espectro Autismo e sua relação com a mãe;

Evidenciar as mudanças na qualidade de vida da mãe após o diagnóstico do TEA ;

Compreender quais as concepções das mães e suas perspectivas em relação a sua vida e a dos seus filhos;

Identificar como o diagnóstico influencia na saúde mental das mães de crianças com TEA.

3.

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