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Psicologia das massas e análise do eu

Por:   •  16/4/2018  •  3.192 Palavras (13 Páginas)  •  272 Visualizações

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Através disso percebe-se que para Freud, a oposição entre psicologia individual e psicologia social perdia o seu fundamento se examinada de maneira detalhada. De acordo com esse autor, a psicologia individual é ao mesmo tempo social, visto que, na vida psíquica individual, o outro funciona como modelo, objeto, auxiliador e adversário. Por isso, Freud defendia a ideia de que as relações, de uma maneira geral, que até certo momento eram analisadas apenas pela visão psicanalítica, poderiam ser também considerados fenômeno sociais (FREUD, 1973). É certo que a psicologia individual se dirige ao ser humano particular, investigando os caminhos pelos quais ele busca obter a satisfação de seus impulsos instintuais, mas ela raramente, apenas em condições excepcionais, pode abstrair das relações deste ser particular com os outros indivíduos. Freud usa o termo massa em diversos sentidos, corresponderiam a grupo, aglomeração, multidão, agrupamento, entre outros (JESUS, 2013).

Para conceber uma concepção psicanalítica dos grupos deve-se apresentar a necessidade de uma nova ideia do eu individual. A teoria dos grupos entende que o indivíduo é formado por seus relacionamentos, ou seja, pelas relações que o cercam desde antes de seu nascimento e que se adicionam a todas as que ele vivência ao longo de sua existência. Estas relações o estabelecem em seu próprio aparelho psíquico, em sua identidade, em suas ações, em tudo o que o diferencia enquanto sujeito concreto. Estas são referências da teoria psicanalítica que as teorias voltadas aos estudos de grupo confirmam e fundamentam (ÀVILA, 2009).

No entendimento de Freud (1976a), há uma clara justificação entre a identificação da mente grupal com a mente dos povos primitivos, a partir de alguns aspectos descritos por Le Bon: nos grupos, as concepções mais contraditórias podem estar presentes lado a lado e tolerar-se de forma mútua, sem que nenhum conflito apareça da contradição entre elas (PEDROSSIAN, 2008). Segundo Freud, outro ponto de grande importância de observação é o mecanismo da identificação, esse tem um lugar tão decisivo no processo de formação social, na cultura e na civilização, que Freud se nega a separar. Com a identificação tem início a “sublimação dos impulsos sexuais”; ela permite o aparecimento do “sentimento social” (PEDROSSIAN, 2008).

Por meio da identificação, são estabelecidos laços emocionais com outras pessoas, e, como vimos, ela desempenha um papel na história primitiva do complexo de Édipo. Uma hipótese é que ao fazer correlação entre a identificação e a história primitiva do complexo de Édipo, Freud queria se referir aos desdobramentos advindos do parricídio - crimes cometidos pelos filhos contra os pais. A explicação filogenética do complexo de Édipo, mediante o parricídio, certamente, influenciou na formação do indivíduo (PEDROSSIAN, 2008).

Em 1912 Freud começa uma investigação antropológica que lhe permitirá firmar a universalidade do complexo de Édipo. Em Totem e Tabu (FREUD, 1912/ 1973), com base nas pesquisas etnológicas de James Frazer e na hipótese darwiniana da horda primeva, Freud vai definir que em cada indivíduo único existem estruturas trans-individuais que se manifestam em diferentes contextos: grupais e coletivos (ÀVILA, 2009).

Para Freud, a identificação entre os membros de um grupo enfraquece o superego que tem a função de manter a vigilância sobre as atividades e pretensões do ego e julgá-las, exercendo sua censura (Freud, 1974b). Dada à irracionalidade do superego, as ideias mais extravagantes podem coexistir. Freud (1976a) evidencia, com efeito, a vinculação entre os conteúdos psíquicos e sociais, advertindo para a irracionalidade presente também no inconsciente dos indivíduos, e não é fortuito que as pessoas passem a aderir, facilmente, às ilusões que derivam dos desejos humanos, conforme explicita, interpretando Le Bon: os grupos nunca almejaram a verdade, demandam ilusões e não podem viver sem elas, permanentemente, dão ao que é irreal primazia sobre o real e são quase tão fortemente influenciados pelo que é verdadeiro quanto pelo que é falso. Possuem disposição clara a não discernir entre as duas coisas (PEDROSSIAN, 2008).

Cada indivíduo faz parte integrante de numerosos grupos e estabelece vínculos de identificação em muitos sentidos; constrói seu ideal de ego de acordo com os modelos mais variados e partilha de mentes grupais, como as de raça, classe, credo, nacionalidade etc., podendo também se alçar sobre eles ao dispor de uma fração de independência e originalidade. (PEDROSSIAN, 2008).Sendo assim objetivo do trabalho é realizar uma revisão bibliográfica a fim de apanhar informações e discutir as contribuições de Sigmund Freud para a vida mental coletiva.

Método

A metodologia utilizada tomou como base a pesquisa web bibliográfica em forma de revisão bibliográfica. Essa pesquisa consiste no levantamento de dados e teorias científicas que contenham informações a respeito das contribuições de Sigmund Freud para a vida mental coletiva. A coleta dos dados, ou seja, o método de localização adotado foi a pesquisa na base de dados do Google Acadêmico.

Discussão e resultados

Em 1921 Freud escreve o livro “Psicologia de Grupo e análise do Ego”, no qual afirma que o homem é constituído a partir de sua relação com o outro e sendo assim a discrepância entre a psicologia individual e a psicologia social perde o significado, pois o indivíduo está vinculado a outras pessoas. Assim, toda Psicologia individual é também social (LIMA, 2007). No entanto, é interessante notar que existem diferenças e semelhanças entre as teorias de autores relevantes ligados a sociologia e a psicologia a respeito de PsicologiaSocial e Individual. Tomemos então alguns autores e suas teorias como exemplo.

No começo do século XIX não existia ainda essa diferenciação entre psicologia coletiva. Para William MacDougall pode-se afirmar que psicologia social seria então mais inclusiva e seria também a parte mais concreta da própria Psicologia. (MELLO NETO, 2000). Émile Durkheim, por sua vez,acreditava que as representações coletivas são exteriores às consciências individuais, e que elas não originam dos indivíduos tomados isoladamente, mas de sua participação.Por um lado, as formações sociais são vistas como positivas. Desse modo de ver, o fenômeno social é encaminhado a uma explicação psicológica imediata, de modo que o meio social, quando responde às necessidades do indivíduo, não pode ter outra natureza se não a deste último, ou ainda, é o mesmo movimento

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