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Pessoas em vulnerabilidade social – Morador de Rua

Por:   •  15/11/2018  •  2.423 Palavras (10 Páginas)  •  454 Visualizações

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O desinteresse do Estado pelas pessoas que se encontram na referida situação de rua, influencia diretamente no comportamento da sociedade, sendo que os moradores de rua são tratados ora com compaixão, ora com repressão, preconceito, indiferença e violência.

Observamos ainda, que muitos moradores de rua possuem celulares, recebem alimentação e roupas por vários órgãos do terceiro setor. Eles estão sempre nos mesmos locais durante a noite e brigam pelo território, não deixando que intrusos entrem no grupo. Em sua grande maioria são vistos em grupo. Poucas observações se deram com indivíduos sozinhos.

Durante as observações torna-se perceptível que de dia há uma maior dificuldade em localiza-los, entendemos que esses moradores, estão em casas abrigos, semáforos, associações de moradores, ONGS, esmolando em bairros, etc.... Outra observação realizada pelo grupo é que vimos muitos profissionais de rua e não moradores, pessoas que ganham a vida nas ruas, como vendedores, artistas, ambulantes, esses à noite não são vistos dormindo nas ruas, provavelmente possuem moradias e utilizam as ruas como meio de ganho salarial.

Existe uma diferença entre Morador de Rua e Profissional de Rua, no grupo no início não entendíamos essa diferença, após algumas pesquisas, pudemos entender claramente a questão do Morador de rua e do profissional de rua. O que confunde bastante a população de um modo geral.

Morador de Rua: É aquele que utiliza a rua como sua moradia fixa. Ele se alimenta e vive das ruas.

O Profissional da Rua: É aquele que muitas vezes utiliza as ruas como meio de remuneração, aqui entra os pedintes em semáforos, os malabaristas, os vendedores em semáforos, enfim. Esses têm moradias fixas e utilizam as ruas como meio de sobrevivência financeira.

Uma situação que foi impactante para o nosso grupo é que um estudo foi realizado em parceria com uma emissora de televisão, e constataram na época que um Morador de Rua dependendo da rua que ele pede dinheiro ele ganha até R$ 200,00 por hora.

Existem algumas Visões Romantizadas do Morador de Rua, que muitas vezes têm conceitos errôneos, entende-se que o morador de rua é uma pessoa que foi para a rua por necessidade financeira. Visão de coitado, como se a rua fosse o único caminho que ele teve isso não acontece na maioria dos casos.

São vários os motivos que levam as pessoas a serem moradores de rua, não há um único motivo, o problema financeiro, está longe de ser o principal. Na verdade, há muitos motivos que levam pessoas a irem para as ruas, desde problemas familiares até problemas com dependência de drogas, que foi o que mais observamos nas ruas. Nas ruas há uma série de escolhas bem diferentes por estarem ali. Em quase todas nossas observações dos moradores de rua, percebemos o uso de bebidas, com homens aparentemente alcoolizados.

Evidenciou-se que por meio das pesquisas desse trabalho, tivemos muitas informações, inclusive que até médicos, que por problemas familiares escolheram ir para a rua. Vejam ainda que na maioria dos casos a rua é uma escolha do indivíduo que não consegue administrar seus problemas.

Existe uma mudança do Perfil dos Moradores de rua. Há os moradores de ruas, que vivem sozinhos, são em menor número, já que a maioria vive em grupos formados. O Morador de rua que vive sozinho geralmente tem mais apoio da população, esse é alimentado por casas e pessoas. O que é mais comum é ter moradores em grupo, eles se formam para manter-se mais seguros, são violentos uns com os outros e formam suas próprias regras, disputam locais, são hierarquizados.

Segundo nossas pesquisas, o perfil mudou muito de uns cinco anos para cá, pois é relatado que é muito comum hoje, quase todos terem passagem na polícia com até prisões desde furtos, homicídios e tráficos de drogas. São mais jovens. Sendo que hoje eles são muito mais violentos que antigamente e muito mais perigosos.

Exclusão da Sociedade ou Exclusão de Si. A sociedade vê esse morador? Interagem-se com ele? Nas nossas observações o que vimos foi um morador de rua, praticamente invisível a todos. Eles ficam em cantos, caídos e ninguém vê. E eles como se enxergam diante das pessoas? Também se sente excluídos, a única forma que percebemos esse morador de rua interagindo com a sociedade e pedindo. Ele foi e se sente excluído de todas as formas de convívio da sociedade.

Quais sequelas que a rua pode provocar nos moradores? Como vemos na rua há muitas brigas por territórios e entre os grupos, uma das sequelas é a violência que ocorre entre eles. A outra é o fato de dormir na rua, não cuidar da saúde, não se alimentar bem. Hoje é muito comum terem doenças contagiosas como tuberculose e até AIDS por causa do consumo de drogas. Existe um número considerável de moradores de rua da terceira idade, esses são idosos que sobreviveram as ruas por anos e hoje dependem exclusivamente de instituições e pessoas para viver.

O Estado oferece alguns albergues, instituições que são sustentadas 55% pela Prefeitura/Estado e 45% arrecadação, doações através da população, segundo pesquisas que fizemos.

Entendemos que fazer alguma coisa por eles dando esmolas não ajuda o morador de rua, apenas mantem eles nas ruas, o ideal é se envolver em campanhas e com instituições que amparem esses moradores para retirar eles das ruas. É um trabalho árduo, mas sem a conscientização da população, se torna impossível. Há de se lembrar de que muitos não querem sair das ruas. Há todo um trabalho de convencimento desses indivíduos para que aceite a ajuda.

A Fundamentação Teórica é de Serge Moscovici, Psicólogo Social, romeno radicado na França. Trabalhou como director do Laboratoire Européen de Psychologie Sociale, que ele co-fundou em 1975 em Paris.

Segundo Moscovici (2007) existem dois processos das representações sociais: a objetivação e a ancoragem.

A partir da ancoragem, as pessoas e coisas podem ser descritas, adquirindo características típicas, como as que se diferenciam de outras coisas e objetos podem ser enquadradas em uma convenção partilhada por um grupo. Ainda de acordo com Moscovici (2007), por meio de nomeação se concede uma identidade social ao que não estava identificado e sana-se a necessidade dos sujeitos de relacionar objetos e pessoas com uma representação social dominante. O processo de ancoragem, então, baseia-se na classificação e na nomeação. Estes sistemas, contudo, não se limitam em classificar objetos ou pessoas: têm como finalidade auxiliar na interpretação

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