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OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELO PROFISSIONAL DE PSICOLOGIA NO CONTEXTO HOSPITAR

Por:   •  7/5/2018  •  3.060 Palavras (13 Páginas)  •  390 Visualizações

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No âmbito hospitalar, a falta de clareza quanto às atribuições dos diferentes profissionais, principalmente em profissões emergentes, é um dos fatores que dificulta o trabalho em equipe. O hospital é uma instituição complexa, que envolve um grande número de especialidades. Esses profissionais são preparados para tomar decisões importantes em curto espaço de tempo. Tradicionalmente, tais decisões competem aos médicos. No entanto, com o aparecimento de novas especialidades, os médicos contam hoje com o auxílio de diversos profissionais de campos emergentes. Um desses campos é a Psicologia. Uma das dificuldades apontadas na relação do psicólogo com a equipe é a ausência de linguagem clara e objetiva. Em contraste, Seidl e Costa (1999) informaram que tais dificuldades diminuem quando o psicólogo é pós-graduado, desenvolve atividades de pesquisa e participa de eventos científicos. Em estudo realizado na Escócia, Wild et al. (2003) verificaram que o baixo índice de encaminhamento para tratamento psicológico estava mais relacionado à falta de compreensão da prática do que à desconfiança dos métodos. A partir desses resultados, os autores concluíram que há necessidade dos psicólogos hospitalares investirem em canais de comunicação que permitam divulgar e esclarecer o trabalho que realizam ou podem realizar em hospitais. (ALVES RF, 2011).

Nas antigas civilizações o conceito de saúde decorria de pensamentos mágicos e sobrenaturais que eram usados para explicar os acontecimentos, as doenças eram decorrentes de causas externas e saúde era tida como recompensa do bom comportamento. Um dos desafios encontrados no século XXI foi ajudar as pessoas a adotarem e manterem mudanças em estilo de vida que promovam vitalidade para toda a vida. Mais tarde, a Conferência de Arden House discutiu a prática e a formação da Psicologia da Saúde que através de uma declaração pretendeu esclarecer a definição anterior onde afirma “... que a Psicologia da Saúde é um campo genérico da Psicologia, com o seu corpo próprio de teoria e conhecimento, que se diferencia de outros campos da psicologia” (OLBRISCH; WEISS; STONE; SCHWARTZ, 1985, p. 1038).

Apesar dos avanços obtidos, o trabalho em equipe ainda constitui um importante desafio para o desenvolvimento da Psicologia Hospitalar (SEIDL & COSTA, 1999; YAMAMOTO & CUNHA, 1998). O compromisso interprofissional é ainda muito idealizado. Com efeito, a intervenção multidisciplinar não ocorre de modo frequente e sistemático (BUCHER, 2003; CREPALDI, 1999), podendo ser prejudicada por uma rígida discriminação hierárquica (ROMANO, 1999). A discriminação hierárquica ocorre quando não se diferencia status de função, substituindo-se as especificidades de cada membro da equipe pelas relações de poder. A dinâmica de trabalho em equipe, fundamentada na diferença de cada especialista, depende da autonomia e do compartilhamento de responsabilidades. Em uma equipe bem sucedida, o diálogo é aberto e cooperativo, favorecendo o rodízio natural de lideranças situacionais (ROMANO, 1999).

Assim sendo, há uma relevância na necessidade de explorar os aspectos dinâmicos que garantam o processo continuado de transformação das práticas profissionais, e da formação do psicólogo. Neste sentido, os objetivos específicos do presente estudo foram o de analisar o desenvolvimento da prática psicológica hospitalar tendo em vista o levantamento das demandas psicológicas existentes em hospitais e dos recursos utilizados para atendê-las, caracterizar a relação do psicólogo hospitalar com o médico e explicar como se desenvolve esse trabalho. A partir disto, espera-se oferecer subsídios para a definição de competências e habilidades do psicólogo hospitalar.

MÉTODO

Tipo de pesquisa

Pesquisa exploratória qualitativa, que através de um levantamento de dados com uso de uma entrevista semiestruturada, com profissionais de psicologia e com recorte transversal.

Participantes e amostra

Participaram do estudo, duas psicólogas hospitalares da cidade de Caruaru, com atuação no Hospital Mestre Vitalino. As mesmas, durante as suas formações acadêmicas, tinham o foco em clínicas de saúde e atualmente, concluídas as suas graduações, trabalham na área desde muitos anos.

Instrumentos e materiais

O contato com a profissional se deu por meio de entrevista semiestruturada. A entrevista seguiu um roteiro tópico flexível para propiciar a livre expressão das experiências, opiniões, e conhecimentos dos entrevistados com relação à prática profissional.

Procedimentos

As observações e entrevista foram agendadas conforme consentimento e disponibilidade da participante. Todas as observações e conteúdo das entrevistas foram registradas para posterior análise. O relato das entrevistadas foi transcrito na íntegra. O tempo médio de duração da entrevista foi de 60 minutos.

Análise de conteúdo

Foi realizado analise de conteúdo temática que se constitui de várias técnicas onde busca-se descrever o conteúdo emitido no processo de comunicação, seja ele por meio de falas ou de textos (OLIVEIRA 2008). O conteúdo da entrevista foi analisado, redigido e separado conforme a melhor compreensão. Nos resultados e discussões procura-se relatar o fenômeno estudado conforme vivenciado pela participante. Os demais tópicos, visam expor as principais características que são relevantes para o estudo de forma crítica.

DESCRIÇÃO

Formação Profissional

A primeira participante é formada em Recife na Fafire no ano de 2000, ela era vinculada principalmente a Psicologia clínica da Universidade Federal de Pernambuco, na qual hoje se desvinculou. A entrevistada considera que os conteúdos trabalhados no curso de graduação foram insuficientes e, em alguns casos, inadequados, no sentido de capacitá-la para atuar em hospitais. Uma das estratégias utilizadas para suprir tal falha foi recorrer aos grupos de formação.

A segunda, é formada pela Universidade Católica de Pernambuco no ano de 2002. Na época, a faculdade dispunha de um hospital escola e de opção de escolha de atuação nos estágios específicos, no qual tornou-se mais viável o aprendizado e aperfeiçoamento da prática hospitalar, mesmo não sendo unitário para a formação acadêmica.

Os trabalhos desenvolvidos pelas psicólogas entrevistadas, exemplificados no Quadro

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