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Espinha bífida: a pluricausalidade manifesta nos problemas de aprendizagem

Por:   •  5/4/2018  •  4.006 Palavras (17 Páginas)  •  427 Visualizações

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Barthes1 define bem o conceito de interdisciplinaridade quando afirma que não basta tomar um assunto e relacioná-lo a duas ou três ciências. A interdisciplinaridade consiste em criar um objeto de estudo novo, que ainda não pertence a ninguém.

No decorrer de sua história, a Psicopedagogia procurou seu objeto de estudo apresentando-o de diversas formas. Primeiro foram às dificuldades de aprendizagem com ênfase nos déficits. O foco era a falta e buscava-se diminuir as diferenças para ter certa uniformidade. No segundo momento, esta área do conhecimento tomou a não aprendizagem com mais significado, que promove perceber o sujeito como um ser único e singular.

Atualmente o seu objeto de estudo está voltado para a aprendizagem de um sujeito que é sistêmico, visto com suas emoções, seu equipamento biológico, desejos, motivação, inteligência e possibilidades de interação com o meio. Esta nova área do conhecimento apresenta vários campos de atuação, tais como: o campo institucional ou preventivo cujo trabalho acontece na instituição escolar e tem como objetivo a análise da filosofia, dos objetivos, da metodologia e todos os aspectos relacionados ao processo ensino aprendizagem; o campo hospitalar, ainda novo, que busca atender crianças e adolescentes que se encontram internados por um período considerável de tempo a fim de minimizar o prejuízo causado pelo afastamento do âmbito escolar e motivar o interno à sua plena recuperação; o campo da pesquisa em fase inicial com projetos de investigação em diferentes áreas de conhecimento; o campo teórico, que se dedica a elaboração do referencial teórico, a partir da reflexão dos dados colhidos nas pesquisas, e o campo clínico, o mais antigo, destinado a atender o sujeito que já está com um problema de aprendizagem instalado. Para tanto, esse campo estuda o indivíduo, sua história, as influências de seu meio social e afetivo que podem comprometer ou favorecer a aprendizagem, fatores educativos e problemas estruturais. Busca também compreender o por quê da não aprendizagem, o que e como aprender.

O diagnóstico Psicopedagógico Clínico é permeado de observações que objetivam esclarecer com quais recursos o sujeito conta para aprender e como ele aprende e qual o valor do não aprender em sua vida. De acordo com Fernandez2 há instâncias interligadas que são possibilitadoras da aprendizagem. Fatores orgânicos, cognitivos, emocionais e sociais perpassam a instância do corpo, do organismo, da inteligência e do desejo e transfiguram-se em uma teia de relações que influenciam positiva ou negativamente todo este processo na dimensão formal ou informal.

A questão do fracasso escolar, fonte de questionamentos na Psicopedagogia, apresenta-se nos estudos realizados por Weiss3 como uma resposta inadequada ou insuficiente do educando à demanda escolar, essa criança ou adolescente não responde satisfatoriamente aos objetivos da escola e a conseqüência é o não-aprender.

Nos estudos realizados sobre aprendizagem humana esta autora indica diferentes perspectivas que são responsáveis pelo fracasso escolar, dentre estes: sociedade, escola e aluno, ou seja,“ o fracasso escolar é causado por uma conjugação de fatores interligados que impedem o bom desempenho do aluno na sala de aula”. Estes diferentes aspectos juntos, dão o tom da pluricausalidade aos problemas de aprendizagem. Os aspectos orgânicos, cognitivos e emocionais são inerentes ao aluno, os sociais à sociedade e os pedagógicos à escola. Dos aspectos orgânicos, as alterações sensoriais da visão e audição, as alterações da fala e as doenças físicas como problemas renais, ortopédicos, intestinais e pulmonares são os principais problemas.

Segundo Piaget4 os aspectos cognitivos são uma interação entre o organismo e o meio. Os problemas advindos do nascimento contribuem para que o ritmo do sujeito seja prejudicado. Nesse aspecto encontramos dificuldades relacionadas aos processos mentais superiores e auxiliares como memória, atenção, retenção, discriminação, análise, julgamento, crítica e motivação. Os aspectos emocionais estão ligados a vida afetiva do sujeito. As dificuldades estão ligadas a ausência das características afetivas necessárias para que a aprendizagem aconteça.

A presença de um auto conceito negativo, expectativas de fracasso,atribuições causais inadequadas e a educação como papel secundário na vida familiar são indicadores expressivos dos problemas de aprendizagem. Os aspectos sociais estão ligados à diferentes perspectivas da sociedade onde família e escola estão inseridos que são: o tipo de cultura, as condições e relações político-sociais e econômicas vigentes, o tipo de estrutura social e as ideologias dominantes. Os aspectos pedagógicos estão ligados ao âmbito escolar e confundem-se com a própria história do sujeito. Relaciona-se com questões ligadas à metodologia do ensino, à avaliação, à organização geral da escola e à formação de professores. Das causas apresentadas para os problemas de aprendizagem, as que se relacionam com a organicidade do sujeito recebem, neste trabalho, uma importância particularmente significativa.

Os problemas orgânicos que acompanham o sujeito, na maioria dos casos por toda vida, de forma às vezes irreversível e medicamentosa, traz para o educando um peso, no sentido literal da palavra, de discriminação e preconceito. Os relacionados a formação fetal, em ocorrências pré, peri e pós-natais estão presentes em inúmeros casos acompanhados por psicopedagogos, que observam e procuram a especificidade desse diagnóstico, na busca de uma intervenção que melhore ou amenize as dificuldades de aprendizagem desse sujeito. Para tanto estes profissionais devem se ater não somente aos aspectos deficitários apresentado pelo sujeito, mas também, às possibilidades e potencialidades que apresenta para se desenvolver.

Em relação aos aspectos orgânicos, no caso em estudo, é importante conhecer a lesão denominada como Espinha Bífida, uma grave anormalidade congênita do sistema nervoso que desenvolve-se nos dois primeiros meses de gestação e representa uma má formação do tubo neural, sendo uma das causas importante de mortalidade infantil.

Esta lesão ocorre, conforme Aoki5, quando o tecido nervoso sai através do orifício e forma uma protuberância mole, na qual a medula espinhal fica sem proteção. Embora possa ocorrer em qualquer nível da coluna vertebral, é mais comum na região lombo sacral. Muitas causas contribuem para tal ocorrência tais como: deficiência de folato (forma natural de ácido fólico), diabetes materno e ingestão de álcool durante os primeiros três meses de gravidez.

Considerando

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