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Cultura e Desenvolvimento: Reavaliando o Problema do Pêndulo (Resenha)

Por:   •  16/3/2018  •  1.861 Palavras (8 Páginas)  •  422 Visualizações

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A avaliação piagetiana tradicional não revelou diferenças apreciáveis entre os sujeitos universitários de ciências humanas e ciências exatas, ao menos no que diz respeito à produção dos que foram classificados em cada um dos estágios. A avaliação quantitativa do processo de pensamento, ao contrário do que ocorreu na avaliação piagetiana tradicional, revelou existirem certas diferenças entre os alunos de ciências humanas e os alunos de ciências exatas no que diz respeito ao comportamento cognitivo.

Os alunos de ciências exatas apresentam nítida superioridade em relação aos de ciências humanas, diferença no qual não foi significativa.

A avaliação piagetiana tradicional diferencia bem adolescentes, universitários e pedreiros, no que diz respeito ao pensamento operatório-formal. Enquanto os pedreiros apresentaram uma maior proporção de indivíduos nos dois primeiros estágios, os universitários apresentaram a maior proporção de indivíduos no último estágio. Os adolescentes por outro lado, apresentaram uma maior distribuição dos sujeitos nos estágios intermediários.

Uma comparação estatística entre os três grupos, através do teste Kruskal-Wallis, revelou uma diferença altamente significativa.

É interessante notar o contrastante nível de desempenho dos pedreiros em relação aos outros grupos quanto ao método. Enquanto no primeiro os mesmos apresentaram um nível de desempenho significativamente inferior ao dos outros grupos. Nos demais itens apresentam níveis de desempenho significativamente melhores do que o dos universitários e no último o desempenho é também superior ao dos adolescentes de 10-11 anos.

Os resultados obtidos com mos adolescentes revelam que o procedimento piagetiano, à tarefa do pêndulo é eficaz para a diferenciação entre grupos de sujeitos com uma mesma origem socioeconômica e idade cronológica diferente. Os sujeitos mais jovens tendem a apresentar maior proporção de indivíduos nos estágio mais elementares. Os adolescentes mais velhos, embora revelem a mesma tendência, mostram propensão significativamente maior no sentido de atingirem os estágios mais elevados.

O procedimento piagetiano também se mostra eficaz, mais até do que no caso anterior na diferenciação entre indivíduos adultos de origens socioeconômico-culturais distintas, como indicaram as diferenças entre os universitários e os pedreiros.

A avaliação piagetiana, apesar de tudo, apresenta dificuldades para diferenciar indivíduos de uma mesma origem socioeconômica, mesma idade, mas experiência cultural diferenciada. Sujeitos universitários cursando áreas de conhecimento distintas não apresentam quaisquer diferenciações apreciáveis no que dia respeito ao nível de desenvolvimento do pensamento formal segundo a avaliação clássica de Piaget.

O método quantitativo diferencia sujeitos de idade diferentes e mesma origem socioeconômica tão bem quanto o tradicional procedimento piagetiano. No que diz respeito à diferenciação entre indivíduos adultos de origens socioculturais distintas, o método quantitativo também revela-se tão ou mais eficaz quanto o tradicional procedimento piagetiano.

A vantagem do método quantitativo sobre a metodologia tradicional de avaliação revela-se especialmente no que se refere à diferenciação entre os processos de pensamento de sujeitos de uma mesma origem socioeconômica, mesma idade, mas experiência educacional distinta.

De acordo com os resultados obtidos na avaliação quantitativa, os adolescentes com mais de 12 anos mostraram maior consciência da necessidade de quando se quer investigar o efeito de uma variável em meio a várias, maior concentração, considerando que é exatamente a partir dos 12 anos de idade que costuma emergir o pensamento formal em crianças de nível socioeconômico médio, pode-se dizer que os atributos acima caracterizam inicio do período operatório formal.

O conjunto de tudo o que foi apresentado sugere que o efeito da escolarização manifesta-se principalmente através de um aumento progressivo da consciência da necessidade de se controlar as demais variáveis de um sistema para se observar o efeito de uma só, o que ocorre na medida em que aumenta o grau de escolaridade. Isso indica que deve haver algo na metodologia ou no conteúdo programático da educação escolar que propicia a aquisição desse tipo de consciência.

A escolaridade não é o único fator importante para o desenvolvimento do pensamento formal. Há indícios de que a experiência pessoal ou mesmo a preferência para com determinado tipo de atividade tem efeito relevante. Comparando-se o resultado médio de pedreiros, universitários de ciências exatas e universitários de ciências humanas, pode-se ter uma ideia da dimensão e da qualidade do efeito da experiência pessoal sobre o pensamento lógico.

É provável que o contraste entre a natureza concreta, objetiva e prática das atividades dos trabalhadores da construção civil com relação às atividades abstratas e formais dos estudantes de ciências humanas seja a causa da diferença observada.

O tipo de desempenho apresentado pelos pedreiros aponta numa direção diferente, isto é, são capazes de experimentar e inferir de forma eficiente, mas incapazes de explicar e justificar as conclusões alcançadas.

A tarefa do pêndulo e o método piagetiano tradicional avaliam as respostas numa analise qualitativa do pensamento que não considera todos os aspectos do pensamento operatório formal, sendo menos precisa e sensível na detecção de diferenças devidas à experiência do individuo e que estejam mais relacionadas com o método de experimentação do que com o conteúdo das conclusões. Embora certos resultados possam ser obtidos no sentido de diferenciar indivíduos, esse método apresenta limites em revelar aspectos mais sutis do pensamento formal.

O método qualitativo tenta não apenas obter os mesmos resultados que a avaliação tradicional como também consegue diferenciar as sutis diferenças em pensamento de grupos de indivíduos de mesma idade e classe social, mas diferentes experiências culturais especificam. O detalhamento do método quantitativo faz com que as diferenças e semelhanças entre pessoas de idade, classe social e experiências distintas sejam reveladas de modo a esclarecer melhor a natureza peculiar dos seus processos de pensamento.

O nível de instrução de um indivíduo apresenta nítido efeito sobre a sua habilidade formal. Quanto maior a escolaridade de uma pessoa, mais alto será o nível das suas respostas à tarefa do pêndulo.

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