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Aspectos da Psico-higiene nos Centros Espíritas

Por:   •  19/2/2018  •  2.072 Palavras (9 Páginas)  •  308 Visualizações

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Como a religião influencia a saúde mental

Sabe-se que, qualquer que for a religião, normas e regras serão estabelecidas como meio de distinção de suas crenças e integração ao meio social disposto pelo grupo religioso. Assim, o Espiritismo também propõe suas normas como grupo social religioso, e estas propostas de condutas são inerentes também à saúde mental, visto que esta religião trata o ser com visão dualista, considerando tanto a saúde da mente quanto do corpo no tratamento espiritual. Um dos maiores preconceitos em relação a esta doutrina são seus tratamentos médico-espirituais, visto em coleta de dados anterior. Levando em conta que a religião tem uma perspectiva onde o corpo deve ser tratado de forma concomitante com a mente, com um olhar mais aprofundado se percebe que esta não inibe ou se contrapõe ao tratamento físico e psicológico, ao contrário, incita que a abordagem de um sintoma deve ser tomada de todos os ângulos do indivíduo doente. Como confirma Menezes (2002), “(...) o pensamento é pura função da alma ou espírito, e, portanto, que suas perturbações, em tese, não dependem de lesão do cérebro”

Dito isto, se discutirá os aspectos de positiva influência no trato da saúde mental por parte da religião.

O suporte social oferecido pela instituição espírita influencia na saúde pela sensação de pertencer e pelo apoio em situações estressantes, o diálogo produz diminuição de impacto, da ansiedade e de emoções mais aversivas. Todo este processo social influencia na aceitação de tratamentos e acompanhamentos específicos que podem ser propostos.

Os processos cognitivos e todo o sistema que fundamenta a crença oferecem bases também de postura em relação a estresse, sofrimento e problemas cotidianos. No caso da doutrina espírita, a postura remete à resiliência, paciência e busca de tratamentos e ambientes que auxiliem a saúde, seja ela mental ou física. Emannuel (2007), um dos contribuintes mais presentes na doutrina espírita, elucida bem em um de seus textos a postura orientada frente a obstáculos “Se estás doente, meu amigo, acima de qualquer medicação, aprende a orar e a entender, a auxiliar e a preparar o coração para a Grande Mudança.”. Ao reforçar a aceitação, resistência e resiliência, essa postura gera paz, auto-confiança, aumenta o sentido da própria vida, o perdão aos próprios fracassos do indivíduo, a autodoação e auto-imagem positiva, segundo foi descrito por Moreira-Almeida et al. (2006), influenciando positivamente no cuidado do indivíduo consigo mesmo. Além do suporte social e os processos cognitivos base da religião espírita, a orientação intríseca ou extríseca influencia no enfrentar da situação cotidiana, Tepper et. al (2001) diferencia a orientação com base no enfrentamento proposto pela religião, de forma que a doutrina que imputa observar cada situação como aprendizado, incita a busca de resiliência nas adversidades, paciência e tolerância com outros e prioriza a reforma interior, é tida como orientação intríseca pois seu objetivo é o autoconhecimento e fortalece o sujeito. O enfrentamento negativo se caracteriza por culpabilizar a vontade sobrenatural divina pelas adversidades, encarando a situação como punição ou mesmo incentivando o sujeito a não aceitar sua participação ativa na situação, esta orientação extrínseca sugere ao indivíduo a quietude e passividade mediante as soluções das problemáticas cotidianas, e o mesmo não toma atitudes consideradas saudáveis para consigo.

A explicação multifatorial trabalha a crença, o comportamento e ambiente promovido pelo envolvimento religioso, todos são considerados juntos pra determinar os efeitos na saúde mental de forma não preconceituosa, mas sistemática e aberta a observações imparciais de evolução do estado mental do indivíduo.

Elementos teológicos são previstos nesta doutrina e influenciam os hábitos e atitudes positivamente, segundo Moreira-Almeida (2006) a associação entre religião e saúde mental tem sido comprovada em diferentes regiões, com indivíduos de diferentes idades e sexos, comprovando um importante fator relacional e composicional na atitude e estilo de vida guiado pela religiosidade.

Das implicações clínicas psicológicas

No que se refere à prática, cabe ao profissional compreender a significação da religião na percepção do indivíduo, e mais ainda, perceber e avaliar se esta relação se mantém em nível saudável ou contribui para a piora dos sintomas. Koenig, um dos pioneiros na investigação apresenta uma série de quatro questionamentos úteis quando se investigar a relação do paciente com a religião, estes são:

“1) O paciente usa a religião ou espiritualidade para ajudar a lidar com a doença ou é uma fonte de estresse, e como?

2) O paciente é um membro de uma comunidade espiritual de apoio ?

3) O paciente tem alguma pergunta ou dúvida espiritual preocupante ?

4) O paciente tem quaisquer crenças espirituais que podem influenciar cuidados médicos ?”

(KOENIG, 2005)

A primeira questão trabalha a maneira como o indivíduo se percebe na crença e como este a utiliza, se em prol do autoconhecimento ou como escudo e justificativa para seus comportamentos. Já a segunda questão tenta trabalhar como este sujeito se envolve, como se dá sua relação com os demais indivíduos e sua posição no grupo social. A terceira trata de um aspecto mais específico em relação a percepção do indivíduo sobre sua crença, como está inserido, se é de alguma forma útil e promove o bem-estar do mesmo. Deve-se atentar para a quarta e última questão, pois a postura empática e aberta do profissional deve ser imparcial ao analisar a implicação da crença nos distúrbios mentais. Visto que a religião, neste caso, o Espiritismo, é vítima de muito preconceito por suas práticas e posturas doutrinárias reencarnacionistas. Com isto, se reitera, que para compreender e fazer um bom trabalho é necessário analisar todas as facetas do indivíduo e como isso influencia a vida do mesmo, e da postura profissional, procurar por trabalhar a empatia, a tolerância e remover bloqueios via conhecimento sobre as religiões.

3. Conclusão

Com este trabalho, foi possível compreender melhor sobre o espiritismo e suas relações com a psicopatologia e psico-higiene. Espiritismo, é uma doutrina

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