A ESCOLA COM QUE SEMPRE SONHEI SEM NUNCA IMAGINAR QUE PUDESSE EXISTIR
Por: Juliana2017 • 2/12/2018 • 2.950 Palavras (12 Páginas) • 448 Visualizações
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A relação, portanto, do método tradicional com a escola da Ponte, existe apenas no sentido de que são opostos, tese e antítese, uma vez que como o próprio autor descreve quando, chegando à escola, surpreendeu-se ao saber que seria guiado por um de seus alunos, uma garotinha: “ Para o senhor entender a nossa escola, terá que esquecer-se de tudo o que sabe sobre escolas.”( em entrevista concedida ao programa Provocações, TV Cultura, em Maio de 2011). As diferenças estendem-se dos panos mais básicos aos mais complexos. Na Ponte, o professor não sabe e tudo, não transmite, não controla. Ao invés, facilita, orienta, observa. Os alunos sabem muito, são ativos e ao contrario da percepção de que são adultos em miniaturas, caracterizam-se pelo que de fato são: crianças.
Abordagem Comportamental
Se na abordagem tradicional não há nada tangível que se possa apontar como sua origem ou criador, a comportamental apoia-se exatamente naquilo que pode ser tocado e experimentado, sendo por consequência essencialmente uma abordagem empírica. Skinner é considerado nesse sentido desenvolvedor e defensor desse método que acima de tudo deve se submeter ao Positivismo de Comte. Portanto essa abordagem fundamenta-se no estudo do comportamento humano. Aqui o ensino ocorre mediante reforço, recompensa e controle. De certa maneira não se distancia muito da abordagem racional. O aprendizado ainda ocorre nos moldes da “linha de montagem”, que se traduz em “planejamento cuidadoso das contingências de aprendizagem, das sequencias de atividades de aprendizagem, e a modelagem do comportamento humano, a partir da manipulação de reforços, desprezando elementos não observáveis ou subjacentes aos comportamentos” (MIZUKAMI 1986). Os alunos ainda encontram-se na posição de receptáculos do conhecimento, sem nada possuírem de saber próprio, ainda necessitando que sejam modelados. Mais uma vez a relação da abordagem com o que ocorre na escola da Ponte é estreita. Pode-se dizer que na escola, busca-se educar através do humano, em detrimento do comportamento.
Abordagem Humanista
Chamada de terceira força na psicologia, a abordagem humanista fundamentada por Alexander Sutherland Neill (1883 – 1973), educador e escritor escocês e Carl Ranson Rogers (1902 – 1987), psicólogo estado-unidense, destaca-se pelo foco em que ocorre a dinâmica do ensino; agora o aluno é que é o centro do processo. O sujeito é principal elaborador do conhecimento humano (MIZUKAMI 1986). Também surge nessa abordagem em oposição ao empirismo que caracteriza a abordagem anterior, a noção de que a psique do indivíduo tem importância fundamental em desenvolvimento. Personalidade, conduta, processos de construção e organização pessoal de realidade passam a serem os princípios considerados para o desenvolvimento de uma abordagem mais próxima do “ser no mundo”.
A pessoa é considerada em processo contínuo de descoberta de seu próprio ser, ligando-se a outras pessoas e grupos. Não existem, portanto, modelos prontos nem regras a seguir, mas um processo de vir-a-ser (MIZUKAMI 1986). Ao percorrer as grandes salas onde se reúnem as crianças, não por turmas ou por idade, onde não há programa ou matérias, é possível perceber que a abordagem humanista se encontra no cerne da escola da Ponte. Essa terceira força, no entanto, não compreende metodologia, mas sim uma visão de mundo.
Abordagem Psicanalítica
Atribui-se principalmente a Sigismund Schlomo Freud, mais conhecido como Sigmund Freud (1856 – 1939), médico neurologista e desenvolvedor da Psicanálise, nasceu no antigo Império Austríaco, atual República Tcheca. Freud propôs ao longo de sua obra, que algumas doenças e comportamentos demostrados possuem causa psicológica, e não orgânica, o que serviu de base para o principal conceito por ele desenvolvido, o do Inconsciente. Ainda que tenha iniciado seus estudos sobre neuroses e a histeria, as aplicações da psicanálise na teoria e prática da educação infantil despertaram grande interesse, trazendo importantes colaboradores para sua teoria. Ainda que a contribuição pessoal de Freud tenha sido escassa no campo da pedagogia, ele considera o grande valor social do trabalho de seus colegas pedagogos (FREUD, 1925). Uma vez que o comportamento humano pode ser influenciado por conteúdos inconscientes, muitos comportamentos do contexto escolar podem ser compreendidos por essa teoria. Em Freud surge também o conceito de Transferência, manifestação inconsciente e transferência de características que pode ocorrer em diversas ocasiões em que pessoas diferentes representam papéis semelhantes. Assim, figuras de autoridade, como o psicanalista ou o professor podem ser relacionados por seus pacientes e alunos como se fossem pais, mães, etc...
Embora não tenha sido educador ou escrito qualquer obra especifica sobre educação ou pedagogia, suas reflexões sobre sociedade e como somos influenciados inconscientemente por ela tem auxiliado na compreensão do aluno e do individuo no geral como possuidor de várias dimensões em que se expressa seu desenvolvimento. Os valores abraçados pela abordagem humanista, como personalidade e conduta, embora não tenham sido desenvolvidos por Freud, só adquiriram seu valor cientifico a partir de sua teoria do inconsciente. Sua contribuição para a escola da Ponte, bem como para as escolas e a sociedade, dá-se de maneira indireta, mas fundamental.
Abordagem Histórico-Cultural
É uma abordagem interacionista, que considera homem e mundo como intrinsecamente relacionados, ainda que a ênfase seja sobre o indivíduo que constrói seu próprio conhecimento (MIZUKAMI 1986). Pode-se citar como maior desenvolvedor desse tipo de abordagem que enfatiza aspectos sócio-políticos-culturais o educador, pedagogo e filósofo brasileiro Paulo Reglus Neves Freire, ou somente Paulo Freire (1921 – 1997), considerado um dos pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial. Em sua obra o homem é sujeito da educação, situado em determinado tempo e determinado espaço, (um “ser no mundo”, noção desenvolvida por Heidegger) inserido em um contexto sócio-político-econômico-cultural, enfim, num contexto histórico (MIZUKAMI 1986). O meio em que está inserido o educado é portando fundamental para o desenvolvimento de suas capacidades como indivíduo, não apenas de suas capacidades intelectuais. O sujeito deve dispor-se a aprender, mas o educador é incapaz de ensiná-lo, uma vez que seu conhecimento não pode ser transmitido, investido no aluno. A missão do professor consiste em possibilitar a criação ou
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