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A ENCOPRESE E SUA RELAÇÃO COM A FASE ANAL DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL

Por:   •  28/10/2017  •  1.994 Palavras (8 Páginas)  •  834 Visualizações

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Gradativamente a mãe pode perceber no seu filho uma remissão dos sintomas que apresentava anteriormente, G.S.P. já estava aumentando a freqüência com que evacuava, porém com o uso contínuo do medicamento ele passou de um quadro de constipação para um quadro de encoprese, o que novamente fez com que esta mãe retornasse com seu filho ao médico, que por sua vez, suspendeu o uso do medicamento, mas desde então, apesar da suspensão do tratamento pela via medicamentosa, a criança em questão não teve mais controle sobre suas fezes. A mãe foi orientada então a procurar atendimento psicológico para seu filho, já que o profissional que o acompanhou neste período acredita tratar-se de um problema emocional.

Durante o atendimento pude perceber a preocupação desta mãe em relação a seu filho, ela disse estar sem saber o que fazer diante da situação, pois seu filho passou por um período em que ficava dias sem evacuar, onde ela percebeu que algo errado estava acontecendo, mas agora a situação se inverteu, ele não consegue se controlar, e acaba fazendo suas necessidades na roupa onde quer que esteja, com isso seus colegas se afastaram, ele não quer mais freqüentar as aulas e não quer sair de casa. “ Inclusive, por orientação de sua professora, já fiquei com ele dentro da sala de aula, para que pudesse sentir mais segurança, a princípio deu certo, mas com o passar do tempo percebemos que isto passou também a incomodá-lo, devido as freqüentes perguntas feitas pelos demais alunos sobre a minha presença”- disse a mãe, que completando sua fala acrescentou: “sigo sem saber que atitude tomar, já que estou vendo meu filho cada vez mais se isolando, espero que possam vir a me ajudar”. Perguntei a ela como era o convívio familiar, dentre os fatos apresentados, percebi um evento que poderia ter relação com o sintoma apresentado: a mãe tem um relacionamento amoroso com um homem (padrasto), onde certa vez após uma discussão este veio a sair de casa ficando por um período afastado de todos, neste momento a criança teria comentado com a mãe que foi melhor o padrasto ter saído de casa, já que ele era alcoólatra, mas tempos depois o casal se reconciliou, e pela cronologia apresentada os primeiros sintomas da queixa se apresentaram neste mesmo período, fato este que foi levado à supervisão e discutido amplamente.

Após ter contato com o referido caso busquei apoio teórico na Psicanálise para tentar então entender melhor a problemática apresentada, Freud (1901-1905) disse que as crianças que tiram proveito da estimulação erógena da zona anal denunciam-se por reterem as fezes, quando o cuidador deseja que a criança o faça. Com isso, a criança domina a situação e providencia para que não lhe escape o dividendo de prazer que vem junto com a defecação. Sendo assim os pais acabam por buscar atendimento médico, que por sua vez ao não encontrarem explicação orgânica acabam encaminhando o paciente para atendimento psicológico, como foi o referido caso. No entanto a atual situação em que se encontra o paciente é oposta esta condição de retenção das fezes.

A encoprese é a evacuação intestinal parcial ou total depois da idade normal de controle esfincteriano, desde que não seja devida a algum tipo de problema orgânico ou do uso de medicamentos. Sua característica é a evacuação repetida de fezes em locais inadequados, como por exemplo, nas roupas (Kaplan, Sadock e Grebb, 1997).

A criança com encoprese normalmente sente muita vergonha, fazendo com que venham a evitar situações que possam lhes trazer algum constrangimento, geralmente são muito dependentes dos pais e não suportam bem situações frustrantes. No paciente em questão são visíveis questões como baixa auto-estima e um isolamento social, até mesmo por rejeição dos próprios colegas. A mãe emocionada em um de seus relatos, chegou a citar que seus colegas na escola chegaram a chamá-lo de “porquinho” e criticaram o fato de ele não ir ao banheiro para fazer suas necessidades, já seu filho incomodado justifica dizendo que fica muito triste, mas quando sente vontade quase sempre não dá tempo de ir ao banheiro.

Freud (1901-1905) quando nos fala sobre as fases de desenvolvimento psicossexuais onde em cada momento da vida existe uma zona erógena que se dá a partir de onde está concentrado o interesse naquele momento. Ele nos coloca também que este processo se dá de forma inconsciente o que não se faz menos importante, já que desta forma a elaboração de significados de cada fase propicia uma influência muito mais profunda e determinante na construção de sua personalidade.

Na fase anal, onde a criança tem como tem sua libido direcionada ao controle fisiológico, que se dá através da expulsão ou retenção das fezes, é muito estimulada pelos adultos, ora com elogios quando a criança faz suas necessidades no local apropriado, ora com retaliação, quando esta acaba por sujar suas roupas. A criança num primeiro momento não entende muito bem este interesse dos adultos, mas lentamente ela assimila que o que é pretendido pelos pais é o controle do esfincter.

A partir de então a criança passa a ter uma compreensão do “poder” das fezes testando e experimentando sensações de reter e expulsar. É possível que as crianças entreguem as fezes como forma de presente as suas mães, simbolicamente. Quando este treinamento for de forma insatisfatória para a criança a retenção ou expulsão poderão ser equivalentes a uma punição ao invés de um presente. De certa forma a criança percebe o simbolismo que existe, onde ora se pune, ora se recompensa.

Outro fator relevante desta fase é que a criança passa a perceber que este controle do esfíncter vai além do ato de controle das fezes, ela passa a perceber que com determinados comportamento ela também consegue obter um controle sobre as pessoas que as rodeiam, haja vista que estas demonstram grande interesse por seus atos.

Caso esta fase seja não seja concluída de forma satisfatória poderá ocorrer uma fixação, podendo gerar assim dificuldades nas relações sociais e no controle da agressividade e impulsividade.

Para Marcelli (1986), encontra-se na criança encoprésica uma importante fixação na fase psicossexual anal em que são particularmente investidos ora o pólo expulsão-agressão, ora o pólo retenção. O mesmo autor ainda cita uma relação entre o sintoma e as relações psicossociais. São freqüentes as dissociações familiares, as mudanças na organização familiar que assinalam, comumente, o início da encoprese: trabalho da mãe, colocação na escola, nascimento de um irmão (Marcelli, 1986).

CONCLUSÃO:

Considerando

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