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EMPODERAMENTO FEMININO: CONTRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NO PRÉ-NATAL PARA O PROCESSO DE PARTURIÇÃO NATURAL

Por:   •  21/7/2018  •  1.608 Palavras (7 Páginas)  •  336 Visualizações

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Para atingir os objetivos deste estudo, utilizaremos em termos epistemológicos, o conceito usado na abordagem de Michel Foucault, um teórico social que estudou a relação entre conhecimento e poder, permitindo compreender esse último como uma prática social expressa por um conjunto de relações, que moldam nossos comportamentos, atitudes e discursos (FOUCAULT, 2005).

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Diante disso, para discutir-se o empoderamento é preciso que se entenda o poder dentro de um relacionamento social, de caráter compartilhado, ao invés de poder sobre o outro, no qual os atores possam usar os recursos de poder pessoal, social e político, para criar mudanças. Isto compreende que o empoderamento deve permitir aos grupos desprivilegiados ganhar significado para mudar sua condição de opressão e manipulação e exige uma mudança de atitude dos profissionais, principalmente em relação ao reconhecimento das capacidades dos seus clientes (BARROS, 2002).

Estudaremos, então, as contribuições do enfermeiro, durante o pré-natal, a fim de conhecer como se dão suas estratégias para que as gestantes aufiram empoderamento no processo de parturição natural, em detrimento do modelo biomédico vigente, apoiando-se nas ideias citadas.

Na perspectiva de Pinto (2001), empowerment pode ser definido como “um processo de reconhecimento, criação e utilização de recursos e de instrumentos pelos indivíduos, grupos e comunidades, em si mesmos e no meio envolvente, que se traduz num acréscimo de poder que permite a estes sujeitos aumentar a eficácia do exercício da sua cidadania.

Numa perspectiva emancipatória, empoderar é o processo pelo qual indivíduos, organizações e comunidades angariam recursos que lhes permitam ter voz, visibilidade, influência e capacidade de ação e decisão. Nesse sentido, equivale aos sujeitos terem poder de agenda nos temas que afetam suas vidas (HOROCHOVSKI, 2007).

Para o mesmo autor, o acesso a esses recursos normalmente não é automático, sendo necessárias ações estratégicas mais ou menos coordenadas para sua obtenção, ficando evidente o papel do profissional enfermeiro como facilitador desse processo, uma vez que é o agente que possui vínculo mais estreito com a gestante.

O objetivo do empowerment no cuidado materno é fortalecer, em direitos e em participação, as mulheres sujeitas à discriminação, violência obstétrica e exclusão de informações; e favorecer sua efetiva participação nas decisões do ciclo parturitivo.

Pode-se pensar em várias dimensões e subdimensões do empoderamento na operacionalização de uma pesquisa sobre o tema. Baseado em Horochovski (2007), ficaremos em quatro dessas dimensões, as quais abordarão cada uma, apenas as subdimensões relacionadas aos objetivos da pesquisa:

1º - Níveis ou sujeitos de empoderamento

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O empoderamento individual ou intrapessoal ocorre quando indivíduos singulares são/se autopercebem como detentores de recursos que lhes permitem influir nos cursos de ação que lhes afetam e mesmo controlá-los. Embora fortemente influenciado por fatores psicológicos – auto-estima, temperamento, traumas e experiências – o empoderamento individual é relacional, na medida em que resulta da percepção que os indivíduos têm de e em suas interações com os ambientes e as demais pessoas.

É, portanto, uma variável mediadora entre o indivíduo e o ambiente que o circunda, tendo antecedentes socioestruturais. Para Zimmerman (1990), o empoderamento não é um traço de personalidade estático, mas sim um construto dinâmico contextualmente orientado.

Assim sendo, ocorrerá empoderamento intrapessoal, se a gestante sentir que é competente em gestar e parir naturalmente e perceber que sua participação nas decisões é relevante, além de encontrar oportunidades e recursos para agir e ultrapassar constrangimentos e limitações.

2º - Motivações do empoderamento

O empoderamento reativo é a capacidade adquirida de reagir a uma ameaça, normalmente externa e distingue-se do empoderamento proativo, aquele que facilita a busca por cursos de ação escolhidos ou desejados.

Há uma tendência de indivíduos e grupos, principalmente os desempoderados, se mobilizarem mais pela primeira motivação; como exemplo pode-se citar a busca de informações e grupos de apoio, por mulheres que sofreram alguma discriminação ou violência obstétrica.

3º - Poderes (ou recursos do empoderamento)

Poderes identitários são os recursos responsáveis pelo aumento da auto-estima dos sujeitos e de seu auto-reconhecimento de um ponto de vista ético-cultural. Aspectos essenciais desta classe de recursos é a autoconfiança, a proatividade, o sentimento de pertença e de devir. A idéia força aqui é a de que os indivíduos precisam acreditar que têm plenas condições de alocar os recursos do empoderamento em suas estratégias de ação, sós ou com outros.

Poderes sociais referem-se ao acesso a informações necessárias a decisões racionais, que coadunem, enfim, com os objetivos almejados nas ações dos atores. Destacam-se nessa

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classe de recursos a capacidade de verbalização das posições, os anseios, a intensidade com que a voz do sujeito é ouvida e a visibilidade que ele retém.

No âmbito do processo de parturição natural, a descoberta e/ou o reconhecimento desses poderes pela gestante, devem ser incentivados pelo enfermeiro durante o pré-natal como caminho para a preparação para o evento parto.

4º - Modalidades de empoderamento

O empoderamento instrumental se refere à capacidade real do indivíduo participar e de influenciar um processo de tomada de decisão, e é determinada pela interação de diversos fatores, como conhecimento relevante, recursos materiais, habilidade de persuasão, entre outros, combinados com oportunidades formais e reputação legal para participar de tal decisão.

Nessa dimensão, vale destacar a importância de parceria e consenso entre os cidadãos e as instituições, nesse caso entre gestantes e unidades de saúde, uma vez que nenhuma modalidade é por si só, eficaz, nas decisões sociopolíticas.

Para Zimmerman (1990), o empoderamento é uma

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