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A Arteterapia e o Processo de Individuação

Por:   •  5/8/2017  •  4.955 Palavras (20 Páginas)  •  587 Visualizações

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Nesse processo de se descobrir e se expressar, a arte como abordagem terapêutica contribui propiciando elementos para diferenciar sentimentos e experiências, criar novas referências afetivas, socializar o comportamento, dando oportunidade ao indivíduo de reorganizar-se, reconectar-se a sua essência criativa e auxiliando a construir sua identidade.

Citando Liebmann (2000), “A arteterapia usa a arte como meio de expressão pessoal para comunicar sentimentos, em vez de ter como objetivo produtos finais esteticamente agradáveis a serem julgados segundo padrões externos”. Concluímos que e um processo terapêutico que se realiza através da arte não direcionada para função estética e sim para função expressiva.

Ao falar sobre a Arte como facilitadora, o objetivo e abordar o potencial da criatividade e da expressão humana. A possibilidade de criar, de recorrer as imagens internas e traze-las a luz dos olhos da consciência, é uma grande aliada no processo de autodescoberta como diz Johnson, em seu livro ‘Imaginação ativa’, “Inconsciente manifesta-se através de uma linguagem simbólica. Não é somente por um comportamento involuntário ou compulsivo que sentimos o inconsciente. Ele dispõe de dois caminhos naturais para estabelecer uma ligação e conversar com a mente consciente: um deles através do sonho e o outro, da imaginação”.

Sendo a escrita inconsciente essencialmente imagética, a Arteterapia é um meio eficaz para captar e expressar essas imagens, trazendo-as para sua expressão material, abrindo-se para a integração a consciência.

Vivenciar este processo artístico, e ter contato com a forca integradora da arte. E em si, a arte gera a energia que abraça o pensar, o sentir e o agir numa única direção, sem divisões internas durante o instante da criação, tornando o ser integro em si mesmo. Através da manipulação de objetos externos, a energia psíquica modifica estes materiais e por eles é alterada.

A arte pode proporcionar ao indivíduo um encontro com a sua natureza, ser um caminho para o resgate da sua identidade rumo a construção do seu próprio destino. Silveira esclarece que, “A inclinação instintiva a concretizar plenamente as potencialidades inatas seria a essência clara e simples da individuação.”

Através dela, ele tem chances de conhecer melhor as suas raízes e aprendendo aos poucos, a diferenciá-la do todo. A arte pode ser um princípio ativador do nosso inconsciente a procura de significados substanciais para nossa vida.

Capitulo I – Processo de individuação

“Todo ser tende a realizar o que existe nele, em germe, a crescer, a completar-se. Assim e para a semente do vegetal e para o embrião do animal. Assim e para o homem, quanto ao corpo e quanto a psique”. (Silveira, 1997, p.77)

A grande busca do criador da psicologia analítica, Carl Gustav Jung consistia em conhecer a si mesmo e o significado da vida. Em suas pesquisas percebeu que a psique percorre um caminho com um único objetivo, o encontro com o próprio centro, o retorno às próprias origens. Deu o nome então a este objetivo, de individuação, que não acontece de forma repentina, mas se dá como um processo. A motivação para o processo de individuação é inata, e se dá com o confronto do consciente com o inconsciente. Para Nise da Silveira (1997), uma vez que no homem, o desenvolvimento de suas potencialidades seja impulsionado por forcas instintivas inconscientes, adquire um caráter peculiar: o homem é capaz de tomar consciência desse desenvolvimento e influencia-lo. E completa “Precisamente no confronto do inconsciente com o consciente, no conflito como na elaboração entre ambos e que os diversos componentes da personalidade amadurecem e unem-se numa síntese, na realização de um individuo especifico e inteiro” (Silveira, 1997, p.77)

Segundo Jung, todo indivíduo possui uma tendência para a Individuação ou auto desenvolvimento. Individuação significa “...tornar-se um ser único, homogêneo. Na medida em que por individualidade entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo.’’ Pode-se traduzir Individuação como tornar-se si mesmo, ou realização do si mesmo.

De um certo ponto de vista, atesta Franz (1964): “Este processo ocorre no homem de maneira espontânea e inconsciente; é um processo através do qual subsiste sua natureza humana inata”. Entretanto, “em seu sentido estrito, o processo de individuação só é real se o indivíduo estiver consciente dele e, consequentemente, com ele mantendo viva ligação...Certamente, o homem é capaz de participar de maneira consciente do seu desenvolvimento”. (Franz 1964, p.162)

Segundo Nise da Silveira (1997), “Prazeres e sofrimentos serão vivenciados num nível mais alto de consciência”, pois não se trata de um processo fácil e simples, e nem ocorre de forma linear, se trata de um movimento circular direcionado a um novo centro psíquico, o Self. (Silveira, 1997, p.88)

“Durante o processo de individuação, muitas etapas são vivenciadas e percorridas. A energia psíquica, em sua peculiar dinâmica, regride e progride, contrai e expande, transcende e retrocede, estabelecendo uma verdadeira dança energética” (Philippini, 2009, p.27)

É através deste processo que a pessoa vai se conhecendo, retirando suas máscaras, reconhecendo sua própria sombra, a dissolução dos complexos, as projeções lançadas no mundo externo e integrando a si mesmo.

A individuação consiste em aproximar o mundo do individuo e não excluí-lo do mesmo.

A individuação, em geral, é o processo de formação e particularização do ser individual e, em especial, é o desenvolvimento do individuo psicológico como ser distinto do conjunto, da psicologia coletiva. É portanto um processo de diferenciação que objetiva o desenvolvimento da personalidade individual. (…) Uma vez que o indivíduo não é um ser único mas pressupõe também um relacionamento coletivo para sua existência, também o processo de individuação não leva ao isolamento, mas a um relacionamento coletivo mais intenso e mais abrangente. (Jung, 2009, 853)

O autoconhecimento é o caminho para promover as necessárias quebras de padrões comportamentais que atravancam o processo de individuação. A primeira etapa seria o desvestimento da persona, e a medida que o ego se diferencia da persona, da imagem ideal que tem si mesmo e que apresenta aos outros, começa o processo de enfrentamento do lado mais escuro, a sombra. Quanto mais identificação com

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