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O BULLYING NO CONTEXTO ESCOLAR NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Por:   •  17/4/2018  •  2.719 Palavras (11 Páginas)  •  416 Visualizações

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Este fenômeno, na conceituação de Fante (2005, p. 29): “É um comportamento cruel, intrínseco nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer, através de brincadeiras que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar”.

O conceito mapeia o universo dessa tirania de forma bastante precisa: é um comportamento cruel, portanto marcado pela intencionalidade em atingir objetivos eticamente condenados; é intrínseco nas relações interpessoais, e que pode verificar-se sempre que duas ou mais pessoas interagem, convivem, compartilham espaço de qualquer natureza: trabalho, estudo, lazer, jogo, esporte, brincadeira; é assimétrico, perpetrado pelos mais fortes, mais velhos, detentores de mais poder, de mais controle sobre os demais; os mais frágeis, mais novos, menos poderosos, são convertidos em objetos de diversão e prazer, de modo a provocar o riso, a galhofa, a ironia, o sarcasmo; o instrumento de tortura é a brincadeira verbal, o chiste, a anedota, o apelido, ou a ação aparentemente inocente e sem malícia, que disfarça, esconde, escamoteia o propósito de maltratar, desautorizar, humilhar e intimidar

Os atos de bullying identificados na escola apresentam determinadas características comuns: são comportamentos produzidos de forma repetitiva num período prolongado de tempo contra uma determinada vítima; apresenta uma relação de desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da vítima; ocorrem sem motivações evidentes; são comportamentos deliberados e danosos.

Os impactos do bullying tornam-se amplos para todos os envolvidos, dependendo da situação em que se encontrem ou do papel que estejam assumindo. Conforme a grande maioria dos pesquisadores da área, os quais admitem que o bullying envolve aspectos culturais, sociais, políticos, económicos e individuais.

Em uma pesquisa realizada pela Abrapia (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência) em 2002, em onze escolas situadas no município do Rio de Janeiro, duas particulares e nove públicas, de 5ª a 8ª séries, foram ouvidos 5.800 estudantes. Segundo a Nós da Escola (2003, p. 13):

Desse total, 40,5% dos estudantes admitiram que estiveram diretamente envolvidos em atos de bullying em 2002, sendo que 16,9% se identificaram apenas como tendo sido alvos; 12,7%, como autores; e 10,9%, autores e alvos. Os 57,5% restantes negaram ter participado de situações de bullying.

Para Nunan (2003), o preconceito é histórico e socialmente construído, e o mesmo resulta na discriminação, que é o comportamento, o modo de agir do grupo social, marcado por raiva, rejei- ção e repulsa. No relacionamento entre os fortes e os fracos, entre os prestigiados e os sem prestígio, entre os meninos e as meninas, estão presentes os conflitos, as resistências e mesmo os mecanismos de exclusão, o que acaba causando atitudes negativas do grupo social ou, até mesmo, dos indivíduos

Por ser um fenômeno social grupal, os programas de intervenção preventiva do bullying devem não só perspectivar os atores diretamente envolvidos no processo (agressores, vítimas e agressores­vítimas), mas sim mobilizar o conjunto, visando promover novas dinâmicas institucionais no ambiente escolar (MARTINS, 2005). Tais dinâmicas devem partir da tomada de consciência do problema para que se desenvolvam novas normas que resultarão em intervenções curriculares inovadas e melhoria na formação dos professores, gerando novos quadros de mediação de conflitos (SERRATE, 2009).

Tais programas de intervenção normalmente focam na sensibilização, supervisão, estabelecimento de regras disciplinares e prestação de apoio e proteção às vítimas (PEREIRA et al., 2011).

3. O BULLYING E A EDUCAÇÃO FÍSICA

A Educação Física, através de seus profissionais, deve dar a sua contribuição para a superação da violência e das discriminações, que deixam marcas, por vezes irreversíveis, nos alunos excluídos, seja no aspecto corporal, moral ou emocional. Devemos ressaltar que a Educação Física poderá dar a sua contribuição específica, porém faz-se importante a ação conjunta de uma equipe multidisciplinar para que se obtenha resultados mais efetivos, frente à complexidade dos fatos envolvendo o Bullying.

Fante (2005) chama a atenção do profissional de educação, para que fique atento a alunos agressivos ou violentos, zombadores e maldosos, porque em alguns casos o que se poderia interpretar como brincadeiras próprias da idade pode ser fonte de grande constrangimento e sofrimento a colegas mais tímidos, calados ou mais fracos, normalmente mais novos, com prejuízo sócio-educacional e emocional.

O educador tem a grande responsabilidade na ação de combater a esse fenômeno. Sua função seria, de primeiro, chamar a atenção dos alunos com firmeza em relação ao respeito ao outro, à convivência social e às regras ligadas a esta, procurando dessa forma mostrar aos mesmos as consequências que seus atos desrespeitosos podem causar, tanto para o agressor como para a vítima do Bullying; de segundo, desenvolver todas as práticas e estratégias pedagógicas que favoreçam a educação voltada para as relações e para os enfrentamentos entre os membros do mesmo grupo-classe (CONSTANTINI, 2004).

O papel e a importância do profissional de Educação Física são essenciais em todo este processo, desde a identificação á definição das estratégias de combate ao bullying. Neste contexto (Guimarães, 2010), faz uma observação interessante: “O professor de educação física tem muito a contribuir com os outros professores, pois é o único docente que está presente em todas as etapas da Educação Infantil, ensino Fundamental e médio”.

É muito mais frequente a agressão verbal e física entre os alunos nas aulas de educação física, pois é neste momento em que eles se soltam mais e sentem mais liberdade de se expressar, e no decorrer da aula eles costumam colocar apelidos uns nos outros e talvez sem que percebam estejam cometendo o Bullying e no dia a dia tornando esta situação grave e difícil de reverter.

“As aulas de educação física costumam ter padrões menos rigorosos que em outras disciplinas, o que dá oportunidade para que os alunos se mostrem com mais facilidade” (SILVA, 2010).

Nas aulas de educação física a linguagem corporal/não verbal dos alunos é importante no sentido de observarmos alguns fatos, tais como: violência corporal nas atividades e jogos, olhares e risadas desqualificantes, intimidatórias e ridicularizantes; exclusões intencionais (exaltação

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