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CONTRIBUIÇÃO NA APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR

Por:   •  16/2/2018  •  5.826 Palavras (24 Páginas)  •  473 Visualizações

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1. Um breve histórico da Psicomotricidade e definição do conceito

O termo “psicomotricidade”, historicamente, teve seu início com a necessidade de se nomear as zonas do córtex cerebral que se encontra situada no encéfalo, precisamente mais além da região motora, sendo o resultado das discursões médicas e teve seu início no século XIX.

Diante do desenvolvimento da neurofisiologia e as descobertas científicas ao longo do tempo, constata-se que existe disfunções graves diferentes sem que o cérebro tenha sofrido lesões, ou sem que esta esteja claramente localizada. Foram descobertos distúrbios das atividades práxica e das atividades gestual. Portanto, alguns fenômenos patológicos já não podiam ser explicados através do “esquema anátomo-clinico” que determina para cada sintoma sua correspondente lesão. Sendo assim, diante a necessidade médica de localizar, no cérebro humano, uma área que possa explicar certos fenômenos clínicos, surgiu pela primeira vez o termo denominado psicomotricidade, precisamente no ano de 1870. Nesse ano, aconteceram as primeiras pesquisas referentes ao assunto que deram origem ao campo psicomotor com um enfoque neurológico. (SBP, 2003).

No Brasil, durante as primeiras décadas do século XX, época do evento da primeira guerra mundial, quando as mulheres precisaram trabalhar formalmente enquanto as crianças ficavam nas creches, aconteceu uma grande influencia da escola francesa que norteou a Psicomotricidade em nosso país, essa mesma escola também influenciou, em todo mundo, a Pedagogia, a Psicologia e a Psiquiatria infantil. Em 1909, o Psiquiatra Dupré, foi um pesquisador de fundamental importância para o estudo psicomotor, afirmando a independência da habilidade motora antecedente do sintoma psicomotor de possível contraposto neurológico. Nesse mesmo período André Thomas e Saint-Anné Dargassie começou a estudar o tônus[6] axial.

Em 1925, o médico Psicólogo Henry Wallon, ocupa-se a estudar o movimento humano como sendo um instrumento na construção do psiquismo, esse estudo foi de fundamental importância para o entendimento das ações psicológicas do sujeito permitindo ao teórico relacionar o movimento ao afeto, à emoção, aos hábitos do indivíduo, a discussão sobre o tônus, o relaxamento, e a relação com o meio ambiente. Em 1935, o neurologista Edouard Guilmain, desenvolveu o exame psicomotor com a finalidade de diagnostico, de indicação da terapêutica e de prognóstico. Em 1947, foi definida a conceituação de debilidade motora, através do psiquiatra Julian Ajuriaguerra, considerando esse sintoma como uma síndrome em suas próprias particularidades, definindo com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o psiquiátrico e o neurológico. Esse mesmo cientista aproveitou o que o Psicólogo Henry Wallon deixou como subsídios em relação ao tônus quando estudou sobre o diálogo tômico[7].

Mediante os estudos e as descobertas citadas anteriormente e sua contribuição, a psicomotricidade adquiriu sua própria especialidade e autonomia diferenciando-se das outras disciplinas. Já na década de 70 muitos autores definiram a psicomotricidade como motricidade de relação, nessa mesma época, profissionais estrangeiros vinham ao Brasil trazendo as suas contribuições para a formação de profissionais. Em 1977 foi fundado o GAE, Grupo de Atividades Especializadas, que, a partir do ano de 1980 passou a realizar vários encontros nacionais e latinos americanos.

Em 1979, foi realizado o primeiro Encontro Nacional de Psicomotricidade e o GAE foi responsável pela parte clinica, e o ISPE, Instituto Superior de Psicomotricidade e Educação ao ensino e formação de profissionais em psicomotricidade para as áreas da educação e saúde. Em 1982, o ISPE-GAE realiza o vínculo científico-cultural com a Escola Francesa através da exclusiva Delegação Brasileira da OIPR - Organisation Internationale de Psychomotricité et de Relaxation. Em 19 de abril de 1980, foi fundada a SBP - Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, entidade sem fins lucrativos de caráter científico-cultural, com o intuito de unir os profissionais da área da psicomotricidade, lutar pela regularização da profissão, como também contribuir para o progresso da ciência promovendo congressos, encontros científicos, cursos, entre outras atividades.

A partir desses eventos, começaram a serem definidas as diferenças ente postura educacional e terapêutica, de forma que a psicomotricidade ao despreocupar-se da técnica instrumentista e ocupando-se do corpo em sua globalidade vai valorizando e dando maior importância à relação, ao emocional, a afetividade. Portanto, e de acordo com a visão do discurso da SBP a Psicomotricidade não representa a soma da motricidade com a Psicologia, ela tem seu próprio valor. A Psicomotricidade[8] entende que o conceito de unidade ultrapassa a ligação entre psico e soma. Dessa forma o indivíduo é visto dentro de uma globalidade e não num conjunto e suas inclinações (SBP, 2003) e (ISPE-GAE, 2007).

São muitas as definições encontradas para Psicomotricidade, cada autor define segundo o seu ponto de vista e de acordo com seu olhar científico. A ISPE-GAE e a SBP definem a Psicomotricidade e o emprego de seu termo como: “Psicomotricidade é uma neurociência que transforma o pensamento em ato motor harmônico. É a sintonia fina que coordena e organiza as ações gerenciadas pelo cérebro e as manifesta em conhecimento e aprendizado”. (ISPE-GAE, 2007).

Nas palavras de Defontaine: “La Psychomotricité est le désir de faire, du vouloir faire; lê savoir faire et le pouvoir faire” (DEFONTAINE apud OLIVEIRA, 2001, p. 28). “A psicomotricidade é um caminho, é o desejo de fazer, de querer fazer; o saber fazer e o poder fazer” (Defontaine, 2001, p. 34). De acordo com a declaração de Defontaine, só poderemos entender a Psicomotricidade mediante uma triangulação: corpo, espaço e tempo.

O teórico ainda define como sendo os dois componentes da palavra: psico como sendo os elementos referente espírito sensitivo, e motricidade traduzindo-se pelo movimento, mudança do espaço em função do tempo e em relação a um sistema de referencia (Defontaine, 2001, p. 35). O Prof. Dr. Júlio de Ajuriaguerra, a Profª. Drª. Dalila M. M. de Costallat e a Profª. Drª. Maria Beatriz da Silva Loureiro, fundadora do GAE e do ISPE, conceituam e definem a Psicomotricidade conforme relatado a seguir: “A Psicomotricidade se conceitua como Ciência da Saúde e da Educação, pois indiferente das diversas escolas, psicológicas, condutistas, evolutistas, genéticas, etc. ela visa à representação e a expressão motora, através da utilização psíquica

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