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A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E SUAS POSSIBILIDADES NO CONTEXTO ESCOLAR

Por:   •  24/4/2018  •  3.160 Palavras (13 Páginas)  •  421 Visualizações

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Segundo Sparta (2003) a orientação profissional brasileira seguiu o modelo da Teoria do Traço e Fator, ou seja, o papel do orientador é o de fazer diagnóstico, prognósticos e indicações das ocupações para cada indivíduo, e as ideias de orientação profissional são diretivos, este modelo era baseado na Psicologia Aplicada especialmente na Psicometria.

O desenvolvimento da psicologia enquanto ciência independente e área de atuação profissional exerceu importante influência nos rumos da Orientação Profissional no Brasil. Em primeiro lugar, o desenvolvimento dos cursos de graduação em Psicologia levou a uma gradativa modificação dos objetivos do ISOP, que, no ano de 1970, tornou-se um órgão normativo da Psicologia: teve o nome alterado para Instituto Superior de Pesquisa Psicológica; ampliou seu campo de interesses; parou de prestar atendimento ao público; e passou a realizar a formação de especialistas, docentes e pesquisadores em nível de pós-graduação (Freitas, 1973; ISOP, 1990 apud SPARTA, 2003).

Segundo Abade (2005) em 1993 foi criada a Associação Brasileira de Orientação Profissional (ABOP) durante a realização do I Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional & Ocupacional em Porto Alegre. A ABOP tinha o objetivo de construir uma identidade para o orientador profissional, “a ABOP foi criada com os objetivos de unificação e desenvolvimento da Orientação Profissional no Brasil” (SPARTA, 2003), também organizar categorias e a definição de políticas para este campo de atividades em nosso país.

Em 1997 foi lançado o primeiro número da Revista ABOP, esta é de suma importância para o desenvolvimento da orientação profissional em nosso país. Soares (1999 apud SPARTA, 2003) afirma que a formação para orientadores profissionais brasileiros ainda não possui uma regulamentação. A orientação profissional pode ser realizada por psicólogos e pedagogos, a formação destes profissionais fica a cargo das universidades e cursos livres, a falta de uma regulamentação da profissão não oferece poder para que a ABOP possa fiscalizar os cursos oferecidos em território nacional.

Segundo Sparta (2003) uma das consequências desta situação foi a não inclusão da Orientação Profissional no rol de especialidades para psicólogos, de acordo com as determinações da Resolução 014/00 do Conselho Federal de Psicologia, que dispõe sobre o título de profissional especialista em Psicologia (Conselho Federal de Psicologia, 2000). Na prática, psicólogos e orientadores educacionais podem exercer a atividade de Orientação Profissional sem qualquer formação específica na área, o que, infelizmente, retarda o seu desenvolvimento e a desqualifica (SPARTA, 2003, p. 8).

2.3 Psicometria x Intervenção clínica

Se fizermos uma análise da história da Orientação Profissional no Brasil é possível perceber que ela se constituiu de maneira particularmente psicométrica. A industrialização fez com que emergisse a busca por profissionais capacitados. O ISOP (Instituto de Seleção e Orientação Profissional) foi criado justamente para que houvesse um melhor ajuste entre trabalhador e trabalho. Foi-se buscando o domínio do conhecimento da natureza humana para esta ser adaptada a nova sociedade industrial. (ABADE, 2005).

Segundo Antunes (1991 apud ABADE, 2005) a Orientação Profissional na época tinha como finalidade o maior aproveitamento da produção, ter o homem certo no lugar certo. Conhecendo as aptidões dos jovens por meios dos testes vocacionais esses eram direcionados a diferentes profissões de acordo com suas capacidades, dessa forma o processo produtivo se tornava eficiente. A história de vida dos sujeitos não era considerada, tampouco as condições de classe.

Na década de 60 pela influência de Rogers nos EUA descobre-se a importância do autoconhecimento para a realização profissional, os testes psicológicos principais instrumentos utilizados até então para diagnóstico e aconselhamento profissional vão perdendo espaço. Porém, com o contexto político da ditadura a Psicologia Clínica não se desenvolve permanecendo em uma perspectiva psicométrica por muitos anos.

Segundo Abade (2005) entre os anos 50 e 60 o principal instrumento de divulgação dos trabalhos de Orientação Profissional era a revista Arquivos Brasileiros de Psicotécnica que divulgou trabalhos em maior parte nessa época baseados em Psicometria. E a partir da década de 60 continua publicando artigos sobre Orientação Profissional, porém com enfoques diversificados incluindo, por exemplo, dinâmicas da personalidade, fatores culturais envolvidos na motivação, valores do orientador profissional, entre outros. Além disso, professores da ISOP passam a produzir artigos ressaltando a importância de conhecer os aspectos clínicos relacionados não só a Orientação Profissional, mas a Educação de uma maneira geral.

Após os anos 70 com o processo de abertura política no Brasil, nos Arquivos Brasileiros de Psicotécnica passam a ser publicados artigos sobre Informação Ocupacional, em cada revista havia uma publicação que informava sobre alguma ocupação, o que é e o que faz o profissional, o local de trabalho, estudos e exigências, antes os artigos eram em maioria sobre padronização de testes. Ainda na década de 70 Rodolfo Bohoslavsky publica na Argentina seu livro sobre a estratégia clínica em orientação Vocacional e passa a exercer influência nos trabalhos brasileiros.

Na década de 80 emerge uma perspectiva clínica em Orientação Profissional no Brasil, surgem questionamentos e posicionamentos diante da realidade social. Segundo Bohoslavsky (1993) o psicólogo reconhece as possibilidades de um “bom ajustamento” mas passa a considerar que nenhuma adaptação a situação de aprendizagem ou trabalho é boa se não partir de uma decisão autônoma. Fazendo hoje revisões na bibliografia podemos perceber que Bohoslavsky é o autor mais citado pelos pesquisadores brasileiros.

Segundo Abade (2005) “sua influência, em parte, justifica a exacerbada critica quanto ao uso de testes em Orientação profissional, bem como a contraposição entre enfoque clínico e estatístico discutida na maior parte dos artigos”.

Para melhor entendermos a Orientação Profissional se faz necessário compreender a abordagem da modalidade clínica e da modalidade estatística. A diferenciação é importante, pois a aplicação de uma modalidade ou outra corresponde a diferentes posturas profissionais.

Conforme Bohoslavsky (1993) a modalidade estatística é a prática tradicional em OP. Está ligada a psicotécnica norte-americana e à psicologia

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