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Polarização Ideológica e Crimes por Motivação Política

Por:   •  13/6/2018  •  1.637 Palavras (7 Páginas)  •  244 Visualizações

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Este mero projeto terá como objetivo maior auxiliar nas futuras discussões sobre o tema e auxiliar também futuras pesquisas na área.

- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nos últimos meses, o Brasil tem sido palco de constantes confrontos políticos e ideológicos, não só entre partidos que disputam uma parte do poder no Governo Federal, mas também entre parcelas da sociedade. Manifestações pró e contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff estouraram em todo o País, e agora, com o governo do presidente interino Michel Temer, novas mobilizações começam a surgir. O atrito entre esses dois grandes grupos que divergem em suas reivindicações, no entanto, permanece, e com ele os diversos atos de intolerância que vêm sendo praticados por ambas partes.

As agressões de um deputado federal, na Câmara dos Deputados, e de um ator, em restaurante paulista, tornaram-se ícones da intolerância política, outro episódio marcante foi quando jovens perfilaram-se, em via pública de São Paulo, para a “cusparada pela democracia”. Eles ritualizaram o cuspe, o vômito e a defecação sobre fotos de deputados tidos como seus inimigos e expuseram seus feitos na mídia para manifestar sua incontestável execração.

As plataformas e aplicativos de redes sociais na Internet se transformaram em um dos principais fronts de discussão entre grupos opostos. Mas nem sempre as discussões se fixam na troca de ideias, na exposição de argumentos, e não são raras as vezes em que viram mera troca de insultos. Afirmou KARNAL:

As pessoas não discutem, elas adjetivam. No momento em que elas dizem 'petralha' ou 'coxinha' elas pararam e interromperam o fluxo racional, elas negaram ao outro a capacidade de ser (...) Atrás de uma pessoa que não tolera sua opinião política, esbraveja e baba, existe alguém que sente um temor imenso que seu mundo, ou o que ele imagina que seja seu mundo, desabe.(KARNAL, 2016)

Classificar alguém com um adjetivo é uma tentativa de isolar essa pessoa e impedir o diálogo, os debates devem ocorrer sim, mas de forma educada, sendo que cada um demonstre o que pensa sem “agredir” o outro.

O brasileiro em si está mais politizado, mas falta ensino sobre a política, a sociedade brasileira faz política do jeito que dá, nunca vamos encontrar neutralidade na sociedade, o que devemos defender é a pluralidade de ideias.

A polarização do País foi explorada pelas lideranças políticas com base em sentimentos muito fortes. Segundo ORTELLADO:

O engajamento impede que as pessoas enxerguem os argumentos do outro. De um lado, havia uma sensação de corrupção generalizada, que via o Partido dos Trabalhadores claramente como o responsável; portanto, compactuar, ainda que minimamente, com ele significaria ser cúmplice da corrupção. Do outro, a afirmação de que houve ganhos sociais sem precedentes na história do Brasil e que os grupos que reagem a isso estão usando um pretexto qualquer para impedir, por meio do rompimento da democracia, um processo de avanço social.(ORTELLADO, 2016)

Os discursos inflamados de líderes políticos e os frequentes movimentos partidários faz com que essa tensão aumente ainda mais, facilitando cada vez mais os atos de intolerância, os pequenos delitos, como agressão física e verbal aconteçam com maior frequência, já que em manifestações as pessoas podem ser hostilizadas até mesmo pela cor da camisa.

Censura, Perseguição Política e Tortura são três temas coexistentes e altamente inter-relacionados nos regimes ditatoriais. A prática da censura, que consiste no controle das informações e pensamentos a circularem na sociedade, leva diretamente à perseguição política daqueles que desejam exercer sua liberdade de expressão. Quando essa liberdade se faz contra a estrutura de poder, de governo, que nega a participação popular nas tomadas de decisões e impõe de forma brutal sua ideologia, esse Estado que no caso brasileiro estava nas mãos dos militares sustentados por uma elite financeiramente ligada aos interesses do capital estadunidense, julga-se no direito de silenciar as vozes contrárias à ele. A prática de tortura é tão antiga quanto a história da humanidade, porém a civilização do século XX, particularmente a sociedade "democrática livre" promovida pelos EUA aos "vencerem" a II Guerra contra os cruéis nazistas, utilizaram-se de instrumentos tão revoltantes quanto o III Reich. Não só no Brasil, mas em toda a América Latina, as Forças Armadas nacionais, que receberam formação ideológica do Pentágono, padronizaram e colocaram em prática as orientações da CIA (Agência de Inteligência Estadunidense) para torturar qualquer militante "comunista". Por comunistas, os militares da Ditadura entendiam qualquer cidadão que constituísse ameaça ao poder centralizado e ditador.

No documentário “Sangue Político” o jornalista Leonencio Nossa, revela a extensão dos crimes de motivação política ocorridos no Brasil a partir de 28 de agosto de 1979, quando entrou em vigor a Lei de Anistia.

Essa longa reportagem levanta uma lista de crimes provocados pela disputa de poder político. São assassinatos cometidos para garantir espaço na máquina pública, vingar a morte de um aliado ou liquidar testemunhas. Só foram considerados casos sem divergências de versões dos órgãos de investigação sobre a autoria e as motivações. Chegou a 1.133 assassinatos por disputas políticas ao longo de 34 anos – um a cada 11 dias, sendo 56% ocorreram no Nordeste.

Os dados levantados pelo jornalista mostraram que houve um aumento no número de assassinatos por motivos políticos em todo o país entre os anos de 2001 e 2013. Na região Norte do País o número de assassinatos no ano passou de 58 para 113, na região Nordeste de 402 para 639, no Centro-Oeste de 30 para 56, Sudeste de 198 para 271 e no Sul de 32 para 52.

A escalada de crimes não ocorre apenas nos grotões. Alcança várias esferas de poder. É ignorada pelos caciques nacionais. Prospera devido à impunidade e às dificuldades de se transpor pressões políticas para iniciar ou dar prosseguimento a investigações policiais. É um Brasil que se esconde em plena democracia. Afirmou NOSSA:

Os órgãos praticamente não existem nas regiões em que faço essas reportagens. Nos inquéritos de crimes políticos, em 74% dos casos a polícia não consegue chegar à autoria dos crimes. O Ministério Público não transforma em denúncia mais de 80% dos inquéritos. E o Judiciário segue no mesmo ritmo. (NOSSA, 2014)

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