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O senhor das moscas e teoria da essência humana

Por:   •  31/10/2018  •  2.640 Palavras (11 Páginas)  •  418 Visualizações

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Em 2012, no encontro da Academia Americana de Ciências o autor afirma que "Pesquisas recentes sobre animais de espécies superiores, de primatas e elefantes, a ratos, mostraram que os comportamentos de cooperação e de solidariedade têm um fundamento biológico", os animais, possuem uma moral e simpatia com os membros de suas sociedades, mas, os homens e os animais em geral possuem uma tendência natural de competição, principalmente os homens da atualidade que sob a lógica de um mundo capitalista. E, ademais, o excesso de competição ou a frustração fazem com que as pessoas fiquem más.

Em uma entrevista para o jornal brasileiro, Folha de São Paulo, o biólogo diz que um grande exemplo de virtude é o bonobo, um primata, que na escala evolutiva encontra-se perto dos chimpanzés comuns e dos homens. O bonobo, como diz Frans, é conhecido pela alta capacidade de empatia com os membros de sua espécie, e inclusive, pela alta capacidade de empatia com seres de outras espécies. Esses primatas são pacíficos, não existindo registros de guerras entre eles, e utilizam do sexo para resolverem conflitos. E tanto os bonobos quanto os chimpanzés sabem que é preciso cuidar dos seres da sua mesma espécie quando necessitam, retribuir favores e pedir desculpas por comportamentos inadequados. Sendo afirmado pelo cientista que, a existência de animais morais, além do próprio homem, prova que a moral é algo que nasce com os seres, não sendo necessário argumentos racionais sobre o que é certo ou errado.

Diferentemente de um dos maiores filósofos sobre o tema, Thomas Hobbes, Frans de Wall acredita que que os seres humanos não são individualistas, eles são coletivos. Os homens não poderiam sobreviver caso vivessem sozinhos, uma vez que são ''feitos'' para viverem em grupos; completando com o exemplo que o confinamento solitário é uma das piores punições para os homens.

Nos livros “Do cidadão” e “Leviatã”, o filosofo inglês Thomas Hobbes fala sobre o estado natural em que os homens vivem. O estado de natureza é o modo que caracteriza os seres humanos antes de ingressarem no estado social. O estado natural se caracteriza para Hobbes com o egoísmo, que é constituído por “um perpétuo e irrequieto desejo de poder e mais poder que só termina com a morte,”[1], sendo todos os homens caracterizados pelo exclusivismo, não existindo uma disposição para viver em sociedade. Nesse estado, o instinto de sobrevivência é a lei natural, que dá abertura à violência, tornando o homem o lobo do homem, “é uma condição de guerra de todos os homens contra todos os homens.”[2]. De acordo com Hobbes, o homem só entra em sociedade quando a preservação da vida está ameaçada. Para o autor, o Estado é o responsável para a manutenção do pacto social. Hobbes, certamente, é um dos principais pensadores que contrariam a ideia que a moral é algo que nasce com os seres humanos, intrinsecamente. Para o inglês, o homem em seu estado natural não apresenta moral, mas a sociedade, à posteriori, o ensina.

Diferentemente de Hobbes, o filosofo suíço, Jean- Jacques Rousseau, não acreditava que a maldade era da essência dos seres humanos, sua ideia é semelhante àquela de Frans de Wall. O autor afirma em uma de suas obras: “os homens nesse estado de natureza, não havendo entre si qualquer espécie de relação moral ou de deveres comuns, não poderiam ser nem bons nem maus ou possuir vícios e virtudes”[3] Para o suíço, a degeneração da moral humana teria acontecido com o desenvolvimento da civilização que, através de uma uniformidade de comportamentos que são impostos pela sociedade, as pessoas perdem a consciência e passam a ignorar a natureza humana, tornando-se “o tirano de si mesmo e da natureza”[4].

Em 1954 o autor William Golding publica o seu romance intitulado “O senhor das moscas”, o livro é escrito num contexto pós-segunda guerra mundial, onde grande parte da sociedade estava “desiludida” com a humanidade, incluindo o autor do livro. Na história acontece um naufrágio onde somente as crianças sobrevivem. As personagens se isolam do resto da sociedade por um tempo, em uma ilha deserta e misteriosa, no princípio elas tentam reproduzir uma sociedade, criando regras e escolhendo líderes. Jack, a criança escolhida para ser líder dos caçadores diz no livro declara que “Precisamos ter regras e obedecer a elas. Afinal não somos selvagens. Somos ingleses e os ingleses são os melhores em tudo. Logo, precisamos fazer as coisas certas.”[5], mas com o passar do tempo elas vão perdendo essa essência pelo excesso de medo e pelo fato de não ter ninguém com o processo de socialização totalmente formado para ensina-las a maneira de se viver em uma sociedade. As crianças cada vez mais voltam para seu estado de natureza, para sua essência, onde somente a sobrevivência era importante, e “o velho homem da floresta, portador de todo esse arcaísmo fundamental de antes da sociedade”. volta a aparecer nessas crianças, que tomadas pelo medo, valem-se de atitudes consideradas “abomináveis” para qualquer membro de uma sociedade ocidental.

Durante uma passagem do livro, alguns personagens acreditam que exista no meio deles um monstro e, assim, uma das personagens, o Porquinho, pergunta para Ralph (o líder do grupo) se o medo que de um suposto monstro, não poderia ser fruto do medo que eles tinham deles mesmos e, um outro personagem do livro, Simon, que também acredita e teme o monstro diz: “– O que eu quero dizer é... talvez sejamos nós. (...) – Poderíamos ser uma espécie de...”[6]. a fala que Simon não termina é explicada pelo narrador do livro “Simon não conseguiu falar, no seu esforço de exprimir o mal essencial da humanidade.”[7]. Após essa exemplificação do narrador e o conjunto total da obra (incluindo o assassinato não acidental do “Porquinho”, e a tentativa de assassinato de Ralph, pelas outras crianças), fica claro que o monstro não era o desconhecido, os monstros eram eles mesmo. A obra tenta ilustrar e comprovar, de uma forma ficcional, a tese de Hobbes e contrariar a ideia de Rousseau e outros pensadores que afirmam que a moral nasce com os homens. Utilizando crianças, a fase da vida considerada mais pura para a sociedade, Willian Golding mostra que, se não for ensinada a moral para as pessoas, elas tornam-se criaturas extremamente malignas e cruéis, e tornam-se tudo aquilo que a sociedade abomina.

Outro grande filosofo que fala sobre a moralidade é Michel Foucault. Para ele, a manifestação da natureza em um homem traz nele uma propensão a criminalidade, completando que “os monstros” são aqueles que voltam para sua natureza e cometem crimes. Assim, a sociedade passa a ver a monstruosidade

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