Fichamento Sobre O Príncipe de Maquiavel
Por: Lidieisa • 17/9/2018 • 3.391 Palavras (14 Páginas) • 415 Visualizações
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Se um estado antes acostumado a viver em liberdade vier a ser tomado, para Maquiavel, há apenas três formas de conseguir permanecer governando eles, a primeira é arruinando o antigo estado, a segunda é morando no território agora dominado e pôr fim a terceira é deixando que os dominando ainda façam uso das suas leis e culturas já existente. Quem deseja se tornar monarca de uma cidade que antes era livre, deve ter em mente que para que isso dê certo e ele não acaba arruinado, ele terá que arruinar os rebeldes, pois esses rebeldes que farão com que o povo sempre lembre de antigos costumes e crenças que nem mesmo os benefícios do novo governo os farão esquecer. Diferentemente quando um povo nunca teve a sua liberdade e surge um novo governante que não altera isso deixando ainda restrita a liberdade, dificilmente o povo se rebelará, pois eles nunca tiveram essa liberdade, não sentindo falta dela, o problema fica onde o povo já teve liberdade e acabou sendo restrita pelo novo governante.
Crê-se que quando um novo governante para usar do seu poder de modo inteligente deve seguir moldes de governantes anteriores, quando algo está dando certo não há razões para mudar, seria essa lógica a se seguir. Para dominar um povo o soberano deve ter sorte, ou capacidade, isso irá definir se a dominação será fácil ou difícil. Um soberano que tem capacidade, é mais provável que ele consiga conquistar todas as terras e nações que deseja, um soberano que conta com a sorte para governar já terá bem mais dificuldades em conseguir o que almejas. Claro que em certos momentos da vida, ambos contaram com a sorte para chegar onde estavam. Todos aqueles que armados tentam, vencem e os desarmados são vencidos. Maquiavel diz: “a natureza dos povos é lábil, sendo fácil persuadi-los, mas difícil mantê-los em sua posição. Logo, é preciso ordenar ao povo, de forma que se não podem crer no soberano pela fé, o farão pela força”.
Um príncipe que governa contando com a sorte deve saber que se depender apenas da sorte, brevemente virá a ruína. Da mesma forma que um príncipe que se ergue corrompendo os soldados, o que se ergueu através da sorte, rapidamente irá cair do poder. Um príncipe que assim se ergueu conta com duas coisas, a sorte e a vontade, ambas dessas qualidades são instáveis e voláteis podendo a qualquer momento fazer com que o príncipe perca sua posição. Estados criados rapidamente, por príncipes de sorte ou corruptos, cairão na mesma velocidade que se ergueram, pois na primeira turbulência não irão aguentar os problemas, a não ser que a pessoa que está no poder tenha tanta competência quanto sorte, para que consiga ter sucesso sobre seus domínios.
Quando um soberano sobe ao poder sem capacidade para governar um povo, ele posteriormente pode até criar a capacidade, mas será mais dificultoso e trabalhoso para ele, pois esse terá que aprender na prática sem ter quaisquer conhecimentos sobre o que se passa. O príncipe que deseja manter seu território deve ter em mente que algumas coisas são necessárias, entre elas a certeza que em um ataque dos inimigos ele conseguiria se garantir; deve fazer amizade com todos que lhe forem possíveis, pois quanto mais aliados, melhor; seu povo deve ama-lo, mas também o temer; seus soldados devem segui-lo e o reverenciar; não destruir antigos costumes e sim inova-los, etc. Maquiavel ainda cita muitos outros métodos do príncipe manter seu território sob domínio. Mas frisa que os ofendidos nunca esquecem das ofensas, nem mesmo com novos privilégios.
Há outros dois modos para se tornar príncipe: quando por qualquer meio criminoso e abominável se ascende ao principado, ou quando um cidadão privado se torna príncipe pelo favor de seus cidadãos.
Ações que resultam não do favor de alguém, mas de sua ascensão na milícia que foi obtida com aborrecimentos e perigos. Não se pode classificar como virtuoso aquele mata seus cidadãos, trai os amigos, não possui fé, nem piedade, nem religião e mesmo assim, poderá conquistar o poder, porém não a glória.
O conquistador de um Estado deve exercer todas aquelas ofensas que forem necessárias, visando ofender menos, fazendo-as todas de uma só vez para que não seja necessário renovar e assim dar segurança ao povo e conquistar com benefícios, estes devem ser feitos aos poucos para que sejam melhor apreciados.
Um príncipe deve viver com seus súditos de forma que nenhum acidente, bom ou mal, aconteça, pois, surgindo a necessidade, não terás tempo de fazer o mal, e o bem que fizeres não será útil.
Governo civil vem a ser aquele em que o cidadão se torna soberano por favor de seus concidadãos. Neste caso não será dependente apenas da competência ou da sorte, mas da astúcia afortunada. Este tipo de governo ocorre através do povo ou da aristocracia, sendo que aqueles que são ajudados pelos ricos têm maior dificuldade, uma vez que estes ficam ao lado de quem oferecer maiores vantagens, não sendo de todo fiéis.
Aquele que chega ao principado com a ajuda dos grandes se mantém no poder com maiores dificuldades pois tem muitos ao seu redor e por isso não poderá governar como quiser. Já aquele que conquistar o principado com o favor do povo não terá ninguém ao seu redor e a maioria dos cidadãos encontram-se prontos a obedecer.
Considera-se que príncipes podem se manter no poder por si mesmos ou se só podem se manter no poder com auxílio alheio. Um principado poderoso possui riquezas e súditos para resistir a qualquer invasor. Um principado considerando como fraco é aquele que não tem força para lutar em uma batalha em campo aberto e para se proteger precisa se refugiar detrás de seus muros. O soberano desta nunca será odiado pelo seu povo, logo, o soberano que é senhor de uma cidade poderosa e não se faz odiar não poderá ser atacado.
Os principados eclesiásticos, segundo Maquiavel, são alcançados por meio de sofrimento ou sorte do indivíduo, porém permanecem devido à rotina da religião. Somente estes Estados são seguros e felizes.
Os principais fundamentos que os Estados, tanto os novos quanto os velhos e os mistos, possuem são as boas leis e as boas armas, e como não pode haver boas leis onde não existem boas armas e onde existem boas armas é preciso que existam boas leis, deixa-se de falar em leis para falar apenas em armas. A base principal de todos os Estados devem ser as boas leis e os bons exércitos. Uma república com exército próprio se submeterá mais facilmente ao domínio dos seus cidadãos do que uma república com forças estrangeiras.
As forças auxiliares, pedidas a um vizinho em caráter de assistência ao Estado são tão inúteis quanto
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