Ciência Política e Teoria Geral do Estado
Por: Carolina234 • 12/7/2018 • 2.168 Palavras (9 Páginas) • 477 Visualizações
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Já o poder potencial é a capacidade de determinar o comportamento dos outros. Enquanto o Poder atual é uma relação entre comportamentos, o potencial é uma relação entre atitudes para agir. O autor afirma que uma vez que exercer o Poder implica necessariamente ter a possibilidade de exercê-lo, o Poder social, em seu sentido mais amplo, é a capacidade de determinação intencional ou interessada no comportamento dos outros. Então surge um questionamento: Quando podemos dizer, de verdade, que tal capacidade existe? Antes de tudo, é necessário que A tenha à sua disposição recursos que podem ser empregados para exercer o Poder. A capacidade de A depende também da habilidade pessoal de converter em Poder os recursos à sua disposição. E no caso de A ser um grupo, deve ser utilizada a coesão e a coordenação do próprio grupo.
Por outro lado, o fato de A ser dotado de recursos e de habilidades máximas não é suficiente para fazer que A tenha Poder sobre B. A pode ser riquíssimo e, entretanto, não ter poder sobre o pobre B, em relação a certos comportamentos, se o segundo não estiver disposto a ter tais comportamentos a troco de uma compensação. A probabilidade de B realizar o comportamento pretendido por A, depende da escala de valores de B.
Com base nos conceitos desenvolvidos na análise do Poder potencial, podemos individualizar as relações de Poder estabilizado, particularmente importantes na vida social e política. O Poder diz-se estabilizado quando a uma alta probabilidade de que B realize com continuidade os comportamentos desejados por A, corresponde uma alta probabilidade de que A execute ações contínuas com o fim de exercer Poder sobre B. O Poder estabilizado se traduz muitas vezes numa relação de comando e obediência. E pode ser ou não acompanhado de uma organização administrativa com a finalidade de executar as ordens dos donos do Poder. O autor destaca que o Poder estabilizado pode fundar-se tanto em características pessoais do dono do Poder (competência, fascínio, carisma) como na função do dono do Poder. Quando a relação de Poder estabilizado se une numa diversidade de funções claramente definidas e estavelmente organizadas entre si, fala-se normalmente de Poder institucionalizado.
Bobbio fala ainda das percepções e as expectativas que dizem respeito ao Poder. As percepções ou imagens sociais do Poder exercem uma influência sobre fenômenos do Poder real. A imagem que um indivíduo ou um grupo faz da distribuição do Poder, no âmbito social a que pertence, contribui para determinar o seu comportamento, em relação ao Poder.
Bobbio explica ainda que os modos de exercício do Poder, são múltiplos: da persuasão à manipulação, da ameaça de uma punição à promessa de uma recompensa e que o problema da conflitualidade do Poder está ligado, ao menos parcialmente, com os modos específicos através dos quais se determina o comportamento alheio. A conflitualidade ou não conflitualidade depende do modo de exercer o Poder. Para o autor, O caráter antagônico das relações de Poder pode derivar, porém, mais do que do conflito de vontade, acima referido, de outros aspectos do Poder. O ressentimento derivado da desigualdade de recursos é, por isso, juntamente com o antagonismo das vontades, a segunda matriz que se evidencia na conflitualidade do Poder. Ela pode ser encontrada também nas relações de manipulação e aliciamento moderado e, de um modo geral, em todas as relações de Poder, particularmente se estabilizadas, uma vez que toda a forma de Poder é habitualmente a expressão de uma desigualdade de recursos.
Em relação aos fenômenos reais, temos também necessidade de comparar entre si diversas relações de Poder e de saber se uma relação de Poder é, ao menos grosso modo, maior ou menor do que outra. Coloca-se assim o problema da mensuração do Poder. Uma primeira dimensão do Poder é dada pela probabilidade que o comportamento desejado se verifique. Uma segunda dimensão é constituída pelo número dos homens submetidos ao Poder. Existe uma terceira dimensão que é a esfera do Poder. Com base na escala de valores prevalecentes numa determinada cultura, pode-se dizer que um Poder que diz respeito a uma certa esfera tem um peso maior ou menor do que outro que se refere a uma esfera diversa. Uma quarta dimensão do Poder é dada pelo grau de modificação do comportamento de B (ou de B, C, D) que A pode provocar dentro de uma certa esfera de atividades. Pode constituir-se ainda uma quinta dimensão a partir do grau em que o Poder de A restringe as alternativas de comportamento que restam abertas para B.
Bobbio afirma que o campo em que o Poder ganha seu papel mais crucial é o da política, e é analisado pelas ciências sociais contemporâneas, a partir da análise hoje tornada clássica que do Poder fez Max Weber. Weber especificou três tipos puros: o Poder legal, o Poder tradicional e o Poder carismático. O Poder legal, que é especificamente característico da sociedade moderna, funda-se sobre a crença na legitimidade de ordenamentos jurídicos que definem expressamente a função do detentor do Poder. A fonte do Poder é, portanto a lei, à qual ficam sujeitos não apenas aqueles que prestam obediência, como são os cidadãos e consócios, mas também aquele que manda. O aparelho administrativo do Poder é o da burocracia, com sua estrutura hierárquica de superiores e de subordinados, na qual as ordens são dadas por funcionários dotados de competência específica.
O Poder tradicional funda-se sobre a crença no caráter sacro do Poder existente "desde sempre". A fonte do Poder é, portanto, a tradição que impõe vínculos ao próprio conteúdo das ordens que o senhor comunica aos súditos. No modelo mais puro do Poder tradicional, o aparelho administrativo é de tipo patriarcal e composto de servidores ligados pessoalmente ao patrão. O Poder carismático, enfim, está fundado na dedicação afetiva à pessoa do chefe e ao caráter sacro, à força heroica, ao valor exemplar ou ao Poder de espírito e da palavra que o distinguem de modo especial. A fonte do Poder se conecta com o que é novo, com o que não existiu nunca, e por isso o Poder tende a não suportar vínculos predeterminados. Quem comanda é verdadeiramente o líder e aqueles que prestam obediência são os discípulos. O aparelho administrativo é escolhido com base no carisma e na dedicação pessoal e não constitui, por isso, nem uma burocracia, nem um corpo de servidores.
Atualmente, o Poder é considerado como uma das variáveis fundamentais, em todos os setores de estudo da política. Verifica-se também a importância do Poder no estudo das relações internacionais, onde o conceito de Poder fornece, de uma maneira, um critério
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